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AgroBIT Brasil Evolution

Dia 1

Edição XXV | 06 - Nov . 2021
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br
   Um espaço para abordar e discutir inovação no agronegócio. É assim que o evento AgroBIT Brasil Evolution, acontecendo nos dias 9 e 10 de novembro, foi pensado, reunindo diversos atores da cadeia de produção agrícola brasileira em um único espaço para pensar nas transformações tecnológicas que chegam em ritmo cada vez mais acelerado.

   Na abertura, Carlos Piazza, da Piazza Disruptive Ways, antes do evento entrar diretamente nos assuntos quentes acerca de inovação no agro, instigou os participantes a pensarem no contexto geral social que o mundo está inserido hoje. Numa evolução rápida demais, em que a humanidade é incapaz de totalmente “domesticar” as novas tecnologias que surgem a cada minuto, Piazza reforçou a realidade da 5ª Revolução Industrial, mudança da relação homem-máquina, novas aberturas em Inteligência Artificial (IA).

carlos piazza trouxe uma contextualização sobre as novas realidades sociais causadas pela inovação acelerada SITE.jpg 196.08 KB


   Estas novas ferramentas estão transformando contextos sociais e de produção, num ciclo que é normal na sociedade a cada período específico. Para o agro, pensando no futuro em que será preciso produzir mais, em menos tempo, com menos área e carregando a sustentabilidade, as novidades trazidas por esse novo boom tecnológico serão parte essencial dos sistemas produtivos mundo afora.

Evolução da Edição Genética em Diferentes Culturas e Produtos

   Dentro dessas novas práticas trazidas pelo desenvolvimento tecnológico, a edição genética tem garantido espaço especial dentro dos debates do agro global. Para falar sobre o AgroBIT Brasil Evolution convidou Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja.

   Em relação a edição gênica, Nepomuceno abordou, principalmente, as novas possibilidades através das técnicas CRISPR e RNA interferente (RNAi). Nisso, segundo ele, o grande ponto positivo, além de um custo muito menos elevado do que OGM, está na legislação, onde muitos países (entre eles o Brasil), garantiram uma regulamentação que é muito mais ágil, já que existe uma diferenciação entre produtos de edição gênica e organismos geneticamente modificados.

Alexandre Nepomuceno falou sobre as novidades em edição gênica no AgroBIT Brasil Evolution SITE.jpg 101.27 KB


   Através da tesoura CRISPR, possibilitando desligar genes específicos e melhorar produtos com uma facilidade bem maior do que antes vista, diversos produtos já receberam liberação e estão sendo consumidos no Brasil e diversos países. Na Embrapa Soja, Nepomuceno comentou sobre os trabalhos em curso para alcançar tolerância à seca por edição gênica, devendo logo chegar até a mesa da CTNBio para o processo de liberação.

   “Existem muitos gargalos nessa tecnologia, mas o potencial para resolver problemas na agricultura é tremendo, substituir fungicida, inseticida. Por isso tem que ter mais investimento pensando no médio-longo prazo. E essa regulamentação mais assertiva permite mais empresas, mais players no mercado”, comentou Alexandre.

Tecnologia como auxílio para a sucessão familiar no agronegócio

   Durante esta temática, os convidados compartilharam suas experiências e conhecimentos sobre os processos de sucessão familiar dentro do agronegócio. 

   Com a moderação de Mariely Biff, consultora em sucessão familiar para produtores, e com as participações de Hugo Monteiro (Consultor de Empresas Familiares no Agro), Francieli Cristina Grings (Produtora Rural/Sistema Faep/Senar PR) e Silvio Sugeta (Semegrão) o painel reforçou a importância da sucessão e de buscar ativamente processos saudáveis para que as futuras gerações da família assumam o negócio de uma forma muito mais coesa e homogênea.

Painel sobre sucessão familiar no AgroBIT SITE.jpg 114.45 KB


   Dentro do debate, destaque para a história da Semegrão, contada por Silvio Sugeta, sócio e diretor da empresa. Sugeta compartilhou sobre como foi realizada a sucessão e de como ela contribuiu para o futuro saudável da empresa. Com o seu case de sucesso, a mensagem final trazida por Silvio foi de incentivo, reiterando, para aqueles que ainda não buscaram auxílio, que o façam e iniciem os processos para que as próximas lideranças assumam da forma mais natural possível.

Safra de carbono e compensação como prática rentável para o agronegócio: Agricultura descarbonizada

   Também um assunto que vem recebendo bastante atenção dentro do setor agrícola, os mercados de carbono. Para abordar esse tema, Keiichi Harasaki, da TCS Tata Consultancy Services, foi o convidado.

   Entre as explicações que Harasaki trouxe, o palestrante falou sobre como funcionariam as compensações de crédito para os produtores na plataforma da TCS. Primeiro, seria feita uma avaliação do carbono, desde se o produtor seguiu todos os protocolos (rotação de cultura, planta de cobertura entre as safras, entre outros) e utilizar técnicas que permitem verificar se a área foi cultivada, qual o vigor da planta e qual o tamanho da biomassa (quanto maior a biomassa mais capacidade de sequestro de carbono). Nessas verificações, tecnologias de georreferenciamento, IA etc. podem ser extremamente úteis para agilizar os processos do mercado de carbono.

Keiichi Harasaki compartilhou sobre plataformas de sequestro e o mercado de carbono SITE.jpg 80.38 KB


   Seguindo neste tema do carbono, Cleber Oliveira Soares, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), mostrou as ações que estão sendo tomadas no Brasil para promover uma agricultura descarbonizada, prezando por práticas sustentáveis.

   Reforçado na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 (COP-26), o plano ABC+ do MAPA para redução das emissões de gases efeito estufa na agropecuária já espera alcançar 72 milhões de hectares de área com práticas ABC até 2030. As posições do Governo Federal se mostram essenciais para um futuro de sustentabilidade e reiteram uma busca pela conservação e uma agricultura livre de carbono.

   Os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) são, também, parte essencial dessa busca pela descarbonização, mostrando bons resultados e cada vez mais adeptos dentro do agronegócio. Com incentivos aos produtores, a expectativa para os próximos anos é de crescer ainda mais.

Cléber Oliveira Soares (MAPA) abordou a agricultura descarbonizante SITE.jpg 216.78 KB


Tecnologias ajudando na gestão

   Tendências das tecnologias chave para o agro: selos, certificações, biotecnologia, bioinformática, big data, convergência tecnológica. Com tantos dados, infinitas possibilidades aparecem. Tudo caminha para a digitalização da economia e deve ver um grande retorno.

   Na parte de gestão no agronegócio, essas tecnologias chave apresentam novas possibilidades em manejo, proteção de cultivos, entre outros, aumentando o potencial produtivo das lavouras.

Foodtech – transformação tecnológica do setor alimentício

   No que diz respeito a foodtech, agregação de valor aos alimentos e transformação tecnológica do setor alimentício, Daniel Trento, do MAPA, Paulo Silveira, CEO do Foodtech Hub, e Gary Brenner, da Aleph Farms trouxeram seus cases para exposição aos participantes do agronegócio, fortemente ancorado na presença cada vez mais forte de startups no meio.

   Falando diretamente de Israel, Brenner começou contando um pouco dos trabalhos realizados na Aleph Farms, que se encontra dentro de uma nova leva de startups num setor que ele chama de “agricultura celular”, criando carne em laboratório a partir de células de animais, conseguindo até recriar diferentes texturas de carne.

Gary Brenner (esq), Daniel Trento (c) e Paulo Silveira (dir) no painel sobre foodtech SITE.jpg 171.41 KB


   Logo após, Paulo Silveira contou um pouco sobre a criação do Foodtech Hub, o qual ele comanda. Segundo o CEO, o projeto nasceu dentro da noção que, no futuro, as empresas vão competir em ecossistemas, numa integração entre os stakeholders da cadeia. A ideia é pensar de antemão nessa transformação dos sistemas alimentares, buscando inovação aberta e colaboração, trabalhando com a Indústria, com o Ministério da Agricultura, investidores, entre outros.

Lavoura Hightech – cases de sucesso

   No principal painel da tarde do primeiro dia do AgroBIT, Odílio Balbinotti Filho (Grupo ATTO), Franke Leonardo Dykstra (Sólida Agroconsultoria) e Pedro Tomazelli (Agro-Sol Sementes) compartilharam seus exemplos de sucesso em inovação e utilização de alta tecnologia. A moderação ficou por conta de Elizeu Santos, da Nutrien Soluções Agrícolas.

   Iniciando as apresentações, Tomazelli trouxe um pouco mais sobre a Agro-Sol Sementes e seus serviços de Tratamento de Sementes Industrial (TSI), posicionamento de cultivares, ajuste fino de plantio e entrega de sementes, todos possíveis de serem realizados via aplicativo. 

   Em 2014, 2015, enquanto as startups ainda começavam a dar os primeiros passos no agro, a Agro-Sol encontrou um parceiro e desenvolveu o aplicativo Agro-Sol, atualmente direcionado aos seus clientes, querendo trazer o que eles chamam de “rastreabilidade expandida”, possibilitando acompanhamento de todos os talhões com as sementes de soja, fornecendo informações aos agricultores, características de lotes atualizadas, calculadora de semeadura e auxílio na tomada de decisão dos produtores. “A ideia era popularizar as informações com quem contratava os serviços da Agro-Sol”, colocou Tomazelli.

Painel lavoura hightech - Franke Dykstra (esq baixo), Odílio Balbinotti Filho (esq alto), Pedro Tomazelli (dir alto) e Elizeu Santos (dir baixo) SITE.jpg 138.96 KB


   Na sequência, Odílio Balbinotti Filho compartilhou as ações do Grupo ATTO. Além da parte de produção de sementes, as soluções digitais da empresa vêm ganhando destaque no meio do setor agrícola. Se utilizando da própria fazendo do Grupo como laboratório de testes, soluções de conectividade, agricultura de precisão, auxílio na gestão, programa PlantUP, entre outras, a fazenda do grupo ATTO é totalmente automatizada e inteligente.

   “São muitos dados produzidos na agricultura. Sem as soluções digitais não conseguíamos aproveitar todas as informações que recebíamos de diversas frentes para fazer uma gestão mais sofisticada”, apontou Balbinotti Filho.

   Por fim, Franke Dykstra mostrou seu case, tanto agindo como consultor quanto como produtor. Se utilizando de georreferenciamento e outros dados, é feito o mapeamento de manejo e fertilidade do solo. Isso é o primeiro passo da gestão da safra, que se propõe a fazer todo o planejamento, desde a escolha da cultivar, plantio, monitoramento de pragas até a colheita através de vários programas da Sólida Agroconsultoria. 

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