O Sistema de Produção de Sementes é um dos fatores mais importantes dentro da cadeia do agronegócio brasileiro. Ele envolve setores que abrangem desde a indústria de fornecimento de embalagens para sementes, até uma gama de profissionais focados na produção, controle de qualidade, comercialização e distribuição, entre outros. É um mercado que movimentou R$ 10 bilhões em 2017, e hoje, 2020-2021, movimenta mais de R$ 25 bilhões em sementes de soja.
As dificuldades encontradas pelo setor sementeiro causam sérios problemas por ser a semente ser vivo e perecível; e isso se dá em função da produção estar concentrada em regiões específicas dentro dos estados e do país, que apresentam características próprias a produção de sementes de alta qualidade.
Uma das formas de resolver esse problema é a adoção do conceito do Centro de Distribuição de Sementes (CDS). Essa estrutura é construída visando o armazenamento das sementes em condições controladas e destinada a receber as sementes próximas ao consumidor final, o produtor rural.
PRINCIPAIS PROBLEMAS A SEREM CONTORNADOS O primeiro ocorre dentro dos armazéns das empresas que produzem as sementes, pois nem sempre a disposição dos lotes dentro dos armazéns corresponde à ordem de saída desses lotes, havendo a necessidade da movimentação dos lotes dentro do armazém para possibilitar acesso àqueles que serão primeiramente carregados.
O segundo é a disponibilidade de veículos, para o transporte de um grande volume de bags, pois, com a concentração do período de entrega, a demanda por esses veículos aumenta e, por consequência, também ocorre o aumento do custo do frete.
O terceiro problema a ser destacado é a distância entre a unidade de produção e a propriedade rural.
E o quarto é a dificuldade de aferição da capacidade de germinação e qualidade dos lotes de sementes recebidos na propriedade rural por restrição de tempo; isso prejudica a realização dos cálculos de plantabilidade e estande inicial de plantas, sendo este um dos principais fatores de redução da produtividade.
E, por fim, um problema resultante dos quatro citados anteriormente, que é o atraso no processo de semeadura; esse fato acarreta atraso na colheita da soja e perda da janela de plantio para as culturas de milho, algodão ou outra que esteja programada. VANTAGENS DOS CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO DE SEMENTES Após a colheita, tem início o processo de secagem, beneficiamento e armazenamento das sementes. É nesse momento que o CDS entra em ação porque, ao invés de armazenar todos os lotes nos armazéns localizados junto ao local de produção, esses podem ser deslocados para o CDS imediatamente após o beneficiamento.
Assim, esse transporte pode ser realizado com melhor qualidade, de forma escalonada, num período com menor possibilidade de chuvas e temperaturas mais amenas.
E, se houver uma intercorrência com o caminhão haverá tempo hábil para que esse lote seja substituído por outro, sem comprometer a entrega. Outro fator importante é a redução da distância entre os CDSs e a fazenda. Como os CDSs são distribuídos de forma estratégica, em geral a entrega pode ser feita num intervalo de 24 horas entre a saída do CDS e a chegada das sementes na propriedade rural.
Essa redução na distância proporciona uma diminuição dos custos ligados ao frete e também evita que as sementes passem longos períodos em movimentação, impedindo a exposição a variações de temperatura e umidade relativa.
Por fim, os CDSs possibilitam o escalonamento do recebimento das sementes pelo agricultor, evitando deixá-las expostas a condições não controladas por longos períodos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS A adoção dos CDSs traz inúmeras vantagens ao processo de produção, armazenamento e distribuição, além de permitir melhor controle de qualidade em todos as etapas da produção, principalmente no tocante à logística de distribuição.
Prof. Dr. Rogério Coimbra Docente da UFMT Campus de Sinop
