Práticas agrícolas mais sutentáveis

Edição XXV | 06 - Nov . 2021
Marcelo Benevenga Sarmento-marcelobs05@hotmail.com
    Na edição anterior tratamos do balanço do carbono e do papel do agro. Nesta irei comentar os benefícios das práticas agrícolas, muitas das quais milenares, na sustentabilidade agrícola. Em uma busca simples na literatura, não é difícil encontrar centenas de estudos que relacionam um número considerável de práticas agrícolas à redução dos impactos ambientais decorrentes das atividades agrícolas nos mais diversos sistemas produtivos. 

    Há muito são conhecidos, por exemplo, os benefícios da rotação e da sucessão de culturas. Os policultivos são práticas de conservação e melhoria do solo conhecidas há milhares de anos. Há relatos que os chineses há 2000 anos já utilizavam leguminosas para recuperar as terras esgotadas pelo cultivo. Já os romanos foram os primeiros em aprimorar e deixar registros importantes sobre o uso destas práticas. Embora sejam há muito conhecidas, relatos de pesquisas mostram que estas tecnologias ainda são pouco utilizadas no manejo das lavouras e pastagens. Mais recentemente, devido a razões econômicas e tecnológicas, estes manejos têm sido adotados mais frequentemente nas principais regiões produtoras do Brasil. A novidade é que atualmente já se conhece mais detalhadamente as diferentes condições de manejo em que são conduzidas e os benefícios particulares para esta ou aquela cultura, sistema produtivo e condição tecnológica. 

    Diversos trabalhos nacionais e internacionais relacionam práticas agrícolas com a redução dos impactos ambientais. No estudo de Nicoloso & Rice, (2021), os autores demonstraram que tecnologias fortemente defendidas pela EMBRAPA, Universidades e diversas outras instituições como a semeadura direta na palha; rotação e sucessão de culturas; uso de leguminosas em cobertura; manejo conservacionista do solo; adubação equilibrada e manejo de pastagens por altura, contribuem para sistemas agrícolas mais sustentáveis.

    O grupo do prof. Paulo Carvalho da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por sua vez, realizou um experimento de longa duração que comparou diversos parâmetros de um sistema de soja integrado com pecuária de corte no inverno, com sistema de soja e pastagens, porém sem o pastejo animal. A pesquisa mostrou diferenças significativas na ciclagem de nutrientes e na maior resiliência do sistema integrado, destacando a importância da presença animal na pastagem com benefícios reais para a fase soja (2020). 

    Em uma revisão de literatura, (Chahal & Singh, 2020) destacam que a adoção de práticas de semeadura direta, incorporação e manejo de resíduos culturais e de fertilização equilibradas auxiliam na redução da perda de carbono do solo e aumento da matéria orgânica no sistema produtivo.

    Estas pesquisas, dentre muitas outras, têm obtido sucesso em relacionar uma gama de práticas agrícolas com a redução dos impactos ambientais. A tecnologia per se não é a chave da questão, mas sim como ela deve ser aplicada. Considerar sempre a customização da aplicação tecnológica, ponderando o sistema produtivo da propriedade, nível tecnológico, assistência técnica, meio ambiente, monoculturas ou integração. São aspectos decisivos que fazem a diferença tanto no bolso do produtor como na redução dos impactos ambientais. O agro brasileiro é gigante, mas precisa se adequar na adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis.
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