Workshop da Fundação Pró-Sementes aborda tópicos importantes do setor de sementes

Edição XXV | 03 - Mai . 2021
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br
   A Fundação Pró-Sementes (FPS) concluiu mais um Workshop visando a difusão de conhecimento no meio de sementes. Realizado todo de forma on-line, em transmissão realizada no canal do YouTube da FPS, o evento juntou entre 350 e 400 espectadores e contou com três palestrantes abordando temáticas diferentes. Virgínia Carpi, Coordenadora-Geral de Sementes e Mudas e Auditora Fiscal Federal Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Ricardo Bagatelli, Engenheiro Agrônomo e Dr. em Sementes, e Francisco Krzyzanowski, Ph.D. e pesquisador da Embrapa Soja, foram os convidados. Jonas Pinto, Gerente de Certificação da FPS, ficou responsável pela mediação.

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Legislação de Sementes é um dos focos do Workshop da Fundação Pró-Sementes

   A parte de Legislação foi o foco da primeira palestra do Workshop da Fundação Pró-Sementes (FPS). Virgínia Carpi comandou bate-papo abordando todos atores e processos em torno da parte legislativa de sementes e mudas.

   O Sistema Nacional de Sementes e Mudas (SNSM), definido pela Lei nº 10.711 de 2003, tem diversos órgãos regulatórios que compõe todo seu espectro. Virgínia iniciou sua palestra dando um panorama geral de tudo, entrando em alguns assuntos de destaque, passando por outras leis com grande relevância ao SNSM - Lei de Proteção de Cultivares, Lei de Biossegurança e Lei de Propriedade Industrial – chegando ao Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM), o Registro Nacional de Cultivares (RNC), entre outros.

   O novo decreto de sementes e mudas nº 10.586 recebeu atenção especial, sendo o principal foco da apresentação. Em vigor desde 21 de março de 2021, a nova regulamentação foi proposta para simplificar processos, alcançar maior desburocratização, coibir a comercialização de produtos ilegais e auxiliar na busca pela garantia de qualidade e identidade das sementes e mudas produzidas no Brasil.

   Entre as principais mudanças gerais comentadas por Virgínia, destaque para quatro: 1 - diferenciação entre usuário e produtor ilegal de sementes e mudas, estabelecendo infrações distintas; 2 – o detalhamento sobre a identificação de sementes e mudas passa a ser tratado em normas complementares, permitindo exigências específicas de cada espécie; 3 – a validade do registro no RENASEM foi ampliada de 3 para 5 anos e procedimentos para inscrição e credenciamento serão tratados em normativas específicas; 4 – O RNC passa a ter um prazo de validade de 15 anos, sendo prorrogável enquanto a cultivar estiver em uso.

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   Carpi ainda reforçou que duas instruções normativas estão em processo de revisão. Tanto a IN nº 9 de 2005 (normas gerais para produção, comercialização e utilização de sementes) quanto a IN nº 15 de 2005 (normas gerais para produção, comercialização e utilização de mudas) devem receber atualizações importantes num futuro próximo. Além disso, Instruções Normativas específicas para o RENASEM e o RNC estão em elaboração. Tudo visando clarificar pontos importantes e tornar os processos mais simples e práticos.

Cuidados necessários e características buscadas na implementação e no manejo de campos de sementes

   Ricardo Bagatelli foi o segundo palestrante do Workshop da Fundação Pró-Sementes, trazendo perspectivas na Estratégia para Implantação e Manejo de Campos de Sementes, principalmente de soja, com apontamentos importantes sobre quais características devem ser buscadas e alcançadas pelos produtores de sementes para uma boa produção.

   Antes de tudo, Bagatelli reforçou as diferenças entre grãos e sementes, focando em grande parte nas características específicas necessárias para sementes. Além de qualidades físicas, fisiológicas, sanitárias e genéticas, é imprescindível que a semente carregue um embrião viável, um equilíbrio entre proteínas e enzimas, entre tantas outras coisas fundamentais para o bom desenvolvimento de uma planta.

   Entrando na instalação da lavoura para produção de sementes, a visão está em alcançar isolamento por variedade e categoria, uma época específica que propicie melhor qualidade e escalonamento (diminuição de riscos climáticos, manejo fitossanitário) e semeadura com genótipos novos e demandados pelo mercado. No manejo, Bagatelli listou que o produtor de sementes deve sempre buscar garantia de características nutricionais e segurança fitossanitária, potencializando, ao final, produtividade e qualidade.

   A colheita de sementes envolve diversos cuidados e processos primordiais para garantir a qualidade final do material produzido. Ponto de Maturidade Fisiológica e Ponto de Colheita devem ser sempre levados em conta, para que seja possível diminuir danos e perdas por deterioração e umidade. A dessecação pré-colheita e a regulagem das máquinas também são instituídas como maneiras de diminuir danos causados por impurezas, danos mecânicos e para uniformizar a massa, sendo este um processo que exige extrema atenção. Após, seguindo para a parte de beneficiamento, Bagatelli reforçou a especificidade que cada variedade e cada semente com característica única passa para finalmente chegar à fazenda do produtor.

   A semente de qualidade é o início de toda a produção de sucesso, fazendo com que os processos de controle de qualidade ganhem ainda mais importância. Além disso, Ricardo adentrou temas acerca de estratégias de ambiente de produção, manejo de campo e gestão de variabilidade em campos de sementes. Por fim, encerrou com a ideia de que “toda prática agronômica que é favorável a produção de sementes tem seus efeitos potencializados na produção de grãos”.

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Controle de qualidade na pós-colheita encerra Workshop da Fundação Pró-Sementes

   Encerrando o Workshop, Francisco Krzyzanowski trouxe para debate a temática de controle de qualidade em pós-colheita, desde a recepção, secagem, beneficiamento, armazenamento e transporte de sementes de soja.

   Iniciando seu tempo de apresentação, Krzyzanowski apontou necessidades em termos de controle de qualidade na amostragem. A importância de a amostra ser representativa do lote ou da carga recebida foi bastante estressada, visto que todos os testes serão feitos a partir desta e qualquer erro no processo causa a invalidação das caracterizações das sementes encontradas na testagem. Possíveis impurezas, umidade, ocorrência de sementes verde, determinação de pureza varietal, germinação e vigor, entre outras, todas partem do lote separado para amostragem.

   Na parte de controle de qualidade na recepção foram reforçados cuidados na mistura varietal, mantendo pureza física e varietal, cuidados com dano mecânico, principalmente nas moegas e elevadores, e, também, no controle da qualidade física, a partir dos testes de hipoclorito e bandinha. Na sequência, durante o processo de secagem, Francisco destacou pontos principais para serem monitorados: temperatura do ar e da semente; grau de umidade das sementes; UR do ar de secagem; fluxo do ar de secagem; e tempo de duração do processo.

   Chegando ao beneficiamento, o uso de máquinas adequadas e a correta regulagem delas, além de observar com muito cuidado a mistura varietal, a diminuição de dano mecânico, e as corretas maneiras de classificação das sementes (tamanho, densidade) foram as colocações reforçadas pelo palestrante. Francisco também lembrou dos testes de tetrazólio e hipoclorito, que são fortes aliados no controle de qualidade no beneficiamento.

   No armazenamento, o monitoramento contínuo, a temperatura, umidade relativa do ar e grau de umidade do armazém são cruciais para a perpetuação da qualidade da semente. Testes de germinação, tetrazólio, emergência em areia ou no solo, envelhecimento acelerado e sanidade são quase que obrigação para se fazer o correto acompanhamento. Por fim, na parte de transporte, Krzyzanowski reforçou o básico, onde caminhões frigorificados contribuem para evitar deterioração por umidade e quedas em valores de germinação e vigor das sementes.

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