O estado do Rio Grande do Sul (RS) cultiva mais de 70% do arroz irrigado do país, com 850 mil hectares na safra de 2024/25 e uma produtividade média de 8,4 t/ha.
Os avanços no cultivo do arroz irrigado foram vários nos últimos anos, como manejo da água, controle de invasoras, pragas e doenças, semeadura, plantio direto, rotação de culturas, colheita, secagem e, principalmente, criação e desenvolvimento de novas cultivares. Merece registro um projeto do IRGA que contempla sustentabilidade econômica, social e ambiental.
Em relação a criação de cultivares, o RS conta praticamente com sete programas de melhoramento entre públicos e privados que colocam materiais convencionais e híbridos no mercado.
Os avanços decorrentes da criação de cultivares são levados aos orizicultores por meio, principalmente, dos produtores de sementes, que no estado são cerca de 50. Estes produtores licenciam as cultivares de arroz dos programas de melhoramento mediante o pagamento de royalty no valor aproximado de 10% do valor da semente.
A taxa de utilização de sementes (TUS) está crescendo no RS, alcançado 65%, ou seja, do total da área cultivada, 550 mil ha usam sementes comerciais, sendo que mais de 90% com sementes originadas do sistema de certificação, que não tolera a presença de sementes de arroz vermelho. Assim, pode-se estimar que o negócio de sementes no RS seja cerca de 50 mil t, isto considerando uma densidade de semeadura de 80 a 100 kg/ha para variedades e de 30-40 kg/ha para material híbrido.
Merece registro o projeto do IRGA que contempla a sustentabilidade econômica do cultivo do arroz em que o uso de sementes de alta qualidade é essencial para o estabelecimento do cultivo o mais rápido possível com a entrada rápida água de irrigação. Neste sentido, a análise do vigor das sementes é importante.
O evento da Abertura da Colheita do Arroz irrigado 2024
A 35a Abertura da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas foi realizada na estação da Embrapa Clima Temperado no município de Capão do Leão (RS) de 18 a 20 de fevereiro último. O tema do evento foi “Produção de Alimentos no Pampa Gaúcho- Uma Visão de Futuro”.
Os avanços no cultivo do arroz foram vários, tendo propiciado um aumento na produtividade da cultura, superior a 100% nos últimos 50 anos. Pode-se considerar como os quatro maiores avanços a adoção de variedades de baixa estatura em substituição às “americanas”, o uso de sementes de alta qualidade com tolerância para contaminação com arroz vermelho, o manejo da água, a sistematização do solo e incorporação genética de tolerância a herbicida nas cultivares.
Também podemos considerar como avanço a rotação de cultura do arroz irrigado com a da soja, que já alcança mais de 400 mil hectares. Isto é evidenciado pela participação em grande número dos produtores de sementes de soja no evento. Vários produtores de sementes de soja montaram “Estandes” com suas principais cultivares e tecnologia.
Assim, eventos como a abertura da colheita do arroz são excelentes para promoção de práticas agronômicas, produtos, máquinas, equipamentos e novas cultivares criadas e desenvolvidas pelos programas de melhoramento. Há consenso que os avanços, mostrados ou demonstrados durante o evento, possuem alta probabilidade de adoção, levando o orizicultor a ser mais eficiente na condução de sua lavoura. Quem não participa demora mais em adotar os avanços.
Novas cultivares
A ênfase nas novas cultivares está focada na produtividade como em “sementes” por panícula, peso de mil sementes e perfilhos (panículas) por planta; entretanto, outros aspectos também são considerados, como ciclo da cultura, qualidade de grão, resistência a doenças e pragas. Neste sentido, os programas de melhoramento aproveitam eventos como a abertura da colheita, para mostrarem suas noivas cultivares, sendo a cultivar IRGA 424 RI ainda a ser superada.
O IRGA está lançando a cultivar IRGA 432 com forte apelo de produtividade, precocidade e qualidade de grão. Neste sentido, enfatiza-se que uma cultivar requer praticamente dez anos para que suas sementes sejam disponibilizadas aos orizicultores, assim errar na avaliação de uma nova cultivar é dispendioso.
Controle de invasoras
O cultivo do arroz irrigado apresenta várias invasoras, que, felizmente, já são controladas por herbicidas de diferentes princípios ativos. Entretanto, mesmo assim, constatou-se que, após alguns anos de uso do herbicida, já começaram a aparecer biotipos das invasoras tolerantes a determinado herbicida, requerendo práticas agronômicas mais avançadas. O exemplo mais marcante de tolerância a herbicida é o arroz vermelho, que plantas que não eram afetadas pelo herbicida. Felizmente já esta no mercado novo herbicida com diferente princípio ativo para controle de controle de invasora.
A sistematização do solo, semeadura e colheita são procedimentos que requerem equipamentos especiais que podem ser observados em eventos como a Abertura da Colheita. Felizmente, o país possui várias empresas que disputam o mercado bastante exigente.
Em relação a semeadura, o principal avanço está no aumento do uso de semeadoras a vácuo, que conseguem melhor controlar a deposição das sementes de arroz no solo. Uma boa distribuição, tanto horizontal como vertical, é essencial para obtenção de um estande adequado de plantas.
A colheita é outra operação que avançou nos últimos anos, apresentando colhedoras que conseguem colher o arroz com alta umidade (20-26% de umidade), sem embuchar ou perder sementes. Isto é importante, tanto para sementes como para grão, pois o arroz apresenta fissuras caso seja deixado muito tempo campo para colher.
Comentário Final
O evento da abertura da colheita do arroz de 2025, mostrou a pujança do cultivo do arroz potencializada pela rotação com a cultura da soja, trazendo em seu bojo vários negócios de domínio conexo como criação de novas e melhores cultivares, produtores de sementes, agroquímicos entre outros.
A evolução nos “negócios” é enorme, entretanto os efeitos do contato pessoal são inigualáveis pela percepção de confiança que propicia.
