Abertura da colheita do arroz 2023

Inovações tecnológicas continuam a surpreender

Edição XXVII | 02 - Mar . 2023
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br
   O cultivo do arroz irrigado no país abrange próximo a um milhão de hectares no Rio Grande do Sul, 150 mil em Santa Catarina e mais de 100 mil em outros estados. A produção desta área praticamente abastece as necessidades do país, de 40 kg/habitante/ano; entretanto, como a comercialização envolve uma crescente exportação, o país importa arroz do Uruguai e do Paraguai, principalmente.

   A evolução no cultivo do arroz foi grande desde os anos de 1960, passando pelo sistema de colheita, semeadura, sistematização do solo, manejo da água, cultivares com atributos genéticos superiores e controle de doenças, pragas e plantas daninhas, entre outros aspectos.

   Neste sentido, merecem destaque as últimas tecnologias adotadas pelos orizicultores, como cultivares resistentes a herbicida específico, alto potencial produtivo, vigor híbrido e qualidade de semente, quer seja fisiológica e/ou livre de arroz vermelho (invasora de difícil controle e alto potencial danoso).

   Analisando a média da área cultivada com arroz irrigado e a respectiva produtividade no RS (+ de 70% da área cultivada no país), entre os dois últimos triênios de 2016/17 a 2018/19, com 2019/20 a 2021/22 (isto para minimizar os efeitos do clima na produção), observa-se que a área cultivada entre os dois triênios diminuiu em praticamente 100 mil há. Entretanto, a produtividade aumentou de 7,72 t/ha para 8,35 t/ha, significando um aumento de 8,2%, ou seja, mais de 2,7% por ano.

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   Este dado evidencia que os orizicultores estão utilizando as inovações tecnológicas advindas da pesquisa (ver tabela do texto), enquanto esta se ressarce dos investimentos realizados para obtenção de materiais superiores.

   Considera-se que o aumento de produtividade devido ao germoplasma esteja entre 1,0 a 1,5%/ano, enquanto o uso da soja em terra de arroz, o plantio direto e outras práticas agronômicas tenham contribuído no mínimo com 1,0%. Enfatiza-se que o aumento de produtividade devido ao germoplasma é quantitativo, pois os atributos são piramidados nas cultivares e/ou híbridos, enquanto as práticas agronômicas são qualitativas (uma só vez).   

O ambiente sementeiro

   
O abastecimento de sementes de arroz de alta qualidade das variedades melhoradas é suprido por oito programas de melhoramento vegetal (entre públicos e privados), em que duas empresas colocam no mercado materiais híbridos e há mais de cem produtores de sementes. Anualmente, várias cultivares são colocadas no mercado com distintos atributos agronômicos, em que se sobressai a produtividade.

   A taxa de uso de sementes (TUS) é estimada em 55%, ou seja, de 1,4 milhão de hectares cultivadas, 770 mil são implantados com semente comprada. Isto significa que, considerando uma densidade de semeadura de 70 kg/ha, a demanda total é de 53,9 mil toneladas ou 1,45 milhão de sacos de 40 kg. 

   Esta semente deve ser produzida, colhida, seca, beneficiada, grande parte tratada, testada (vigor, germinação e pureza) e comercializada. Este processo envolve responsabilidade técnica que no conjunto alcança centenas de profissionais com curso superior.

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A abertura da colheita

   O evento da 33a Abertura da Colheita do Arroz foi realizado nas dependências da Embrapa Clima Temperado, no município de Capão do Leão (RS), em fevereiro último. Vários foram os destaques, sobressaindo as inovações tecnológicas referentes a cultivares e híbridos de arroz com potencial produtivo superior a 12 t/ha, que seguramente contribuirão para o aumento médio da produtividade do arroz.

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   Merece destaque a ênfase que está sendo dada à produtividade, em que manejos agronômicos mais avançados, insumos mais adequados e matéria prima (semente) de primeira linha estão sendo recomendados para adoção. Há consenso de que a obtenção da alta produtividade é o melhor resultado para o orizicultor. Esta alta produtividade não é fácil de obter, pois também envolve a cultura do orizicultor em adotar as inovações tecnológica que são geralmente apresentadas em dias de campo, pela extensão rural e em eventos da abertura da colheita. Quem participa está aberto às inovações tecnológicas, e isto é bom para todos.

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   O cultivo do arroz irrigado está acompanhando a evolução nacional, em que o solo é utilizado também para outras espécies, cuja prática é benéfica para o solo em si, como rotação de cultura e estrutura física, também como fonte de renda. Neste sentido, o cultivo de soja, milho e trigo em terra de arroz já alcança mais de 500 mil ha no RS, auxiliando o fluxo de caixa do agricultor.

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   Em relação a palestras, destacamos a sobre as boas práticas de semeadura, em que o palestrante mostrou dados sobre o alto percentual de sementes não cobertas devidamente pelo solo no processo de semeadura. Algumas sementes permaneciam na superfície do solo, enquanto outras estavam a 10 cm de profundidade do solo. As sementes requerem um bom contato com o solo para desencadearem o processo de germinação; por outro lado, quando muito profundas no solo, terão dificuldades em emergir. O arroz possui a capacidade de perfilhar, entretanto, há um limite, e o perfilho tende a produzir menos, afetando assim, a produtividade da lavoura

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   Enfatiza-se que uma variedade de arroz em que 38 sementes pesam uma grama tem-se em uma densidade de semeadura de 70kg/ha, com 80% de germinação, 213 sementes viáveis por m². Considerando que o arroz apresente perfilhos, esta densidade de semeadura deveria ser suficiente para a obtenção de uma alta produtividade. O processo de semeadura com sementes de alta qualidade das variedades melhoradas é essencial para obtenção de bons resultados.

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*CRÉDITO FOTO DRONE:  Jonathan Garcia e Edinaldo Camargo

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