A evolução da produção de grãos no Brasil

Edição XXVI | 01 - Jan . 2022
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br
    A agroindústria no Brasil está entre os setores mais proeminentes e promissores do país, sendo que sua crescente importância histórica é refletida nos números atuais. 
O setor é responsável por cerca de 42% de todas as exportações do país, emprega cerca de 20% da força de trabalho e contribui com 21% no Produto Interno Bruto (PIB), que em 2020 foi da ordem de US$ 1,445 trilhão. Esse PIB representa 1,28% da economia mundial. 

    Isso se deve ao fato do país possuir recursos humanos e naturais que colocam a agroindústria nesses patamares e com estimativa de crescimento cada vez mais consistente, muito alicerçada na adoção de tecnologias, no reconhecimento de propriedade intelectual, na geração de híbridos e variedades cada vez mais adaptados às condições brasileiras, no ambiente regulatório consolidado e reconhecido internacionalmente, no interesse do produtor brasileiro na tecnificação da sua lavoura buscando maior produtividade e melhorando a qualidade daquilo que é produzido, dentre outros fatores. 

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    Nos últimos 20 anos foram estabelecidas a Lei de Propriedade Industrial (Patentes), a Lei de Proteção de Cultivares, a Lei de Biossegurança e a Lei de Sementes. Esse ambiente regulatório permitiu que, além da biotecnologia, se investisse em melhoramento genético em diversas culturas, permitindo o desenvolvimento de milhares de novas cultivares adaptadas às diferentes regiões produtivas no país. Com isso, milhares de híbridos de milho, dentre outras culturas, foram registrados no Registro Nacional de Cultivares (RNC) do MAPA, sendo que as culturas que receberam maiores investimentos do setor privado foram aquelas com mecanismos de remuneração do investimento e oportunidade de negócios.

    Estes marcos regulatórios formam hoje um arcabouço de legislação mínimo, permitindo que o investidor privado tenha maior segurança jurídica e interesse em aportar recursos e investimentos vultuosos de capital físico e humano para o desenvolvimento de novas tecnologias na agropecuária brasileira.

    O país investe em pesquisa, desenvolvimento e inovação através de entidades público e privadas como Embrapa, IAC, IAPAR, Universidades, Empresas de Melhoramento Genético, Produtores de Sementes e Empresas de Biotecnologia, além das inúmeras Startups no ramo agrícola que vêm impulsionando o desenvolvimento de tecnologias de última geração e uma verdadeira transformação digital no campo, no que se desenha como um caminho sem volta.

    A combinação de investimentos em fitotecnia, equipamentos, melhoramento genético e biotecnologia, buscando inovação, possibilitou que o Brasil se tornasse o país mais eficiente em produção agropecuária em ambiente tropical do mundo. Um dos destaques desta evolução em agropecuária tem sido a contribuição da Embrapa para as diversas culturas e regiões de produção agropecuária no país.

   A Embrapa é um exemplo único de pesquisa, fomento e desenvolvimento de novas tecnologias, sistemas de cultivo e cultivares adaptadas para as diferentes regiões do país, sendo uma referência na ciência agropecuária para o mundo.

    Hoje, mais do que nunca, a pesquisa e o desenvolvimento no agro têm nos agricultores e produtores de sementes parceiros importantes e essenciais para o desenvolvimento de novas tecnologias que ampliem a produtividade, façam melhor uso da terra e outros recursos naturais e promovam a sustentabilidade no campo. Produtos derivados da biotecnologia têm sido lançados no mercado com participação importante dos agricultores e pesquisadores brasileiros na geração de dados e seleção dos melhores materiais. 
Aos agricultores envolvidos nesses programas têm sido dada a oportunidade de conhecer as tecnologias antes mesmo que estas sejam disponibilizadas no mercado, o que faz com que o seu papel seja determinante no momento do lançamento. Essa parceria só se consolida a cada nova tecnologia disponível. Além disso, o país conta com recursos humanos capacitados, água em abundância, climas favoráveis com condições únicas para até três safras, disponibilidade de terra cultivável sem a necessidade de abertura de novas áreas, biocombustíveis, adoção de práticas sustentáveis como o Plantio Direto na Palha e custos competitivos. 

    Na região do Cerrado, as culturas mais importantes são a soja e a segunda safra de milho em agricultores de larga e mega escala altamente tecnificados, os quais possuem como principais clientes as distribuidoras. No Sudeste e Nordeste, predominam as culturas perenes e principalmente o milho de verão em pequenos e médios agricultores, mas ainda com as distribuidoras como principais clientes. E no Sul, predomínio da soja e do milho de verão em pequenos produtores que têm como clientes as cooperativas e as distribuidoras.

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    Nas últimas quatro décadas, o Brasil passou de país importador para um dos principais exportadores de alimentos no mundo, com presença indiscutivelmente crescente nos rankings de maior exportador mundial de diversos produtos agropecuários. 

    Um estudo recentemente elaborado e divulgado pela Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas (SIRE) da Embrapa mostra que o Brasil, em 2020, respondeu por metade do mercado mundial de soja e foi o segundo maior exportador de milho, além de figurar como o país detentor do maior rebanho bovino do mundo, sendo o maior exportador desta carne. 

     Ainda, em 2020, o país apareceu como maior produtor de café e açúcar. A síntese do período de 2000 a 2020, mostra que o Brasil, especialmente nessas últimas duas décadas, ganhou posições importantes no mercado internacional agropecuário, tanto como país produtor quanto exportador.

    O Brasil é apontado como o quarto maior produtor de grãos do mundo, responsável por 7,8% da produção mundial, e o segundo maior exportador, com 19% do mercado internacional. A exportação atingiu mais de 1,1 bilhão de toneladas nessas duas décadas, representando 12,6% do total exportado no mundo. Esses dados obtidos da plataforma FAOSTAT, da FAO, mostram que à frente do país na produção estão apenas China, Estados Unidos e Índia.


   "O Brasil é apontado como o quarto maior produtor de grãos do mundo, responsável por 7,8% da produção mundial, e o segundo maior exportador, com 19% do mercado internacional"


    Em 2020, pela estimativa da FAOSTAT, o Brasil produziu 239 milhões e exportou 123 milhões de toneladas de grãos. Os dados do último levantamento da CONAB para 2020/2021, com os números da última safra fechados, no entanto, mostram que o Brasil atingiu a impressionante marca de mais de 252 milhões de toneladas de grãos e segue com uma estimativa de crescimento para a safra atual iniciada em outubro/2021.

    Os indicadores Agrostat - MAPA mostram que, em 2021, os principais destinos das exportações brasileiras do agronegócio foram a China (36,33%), a União Europeia (14,74%) e os Estados Unidos (7,00%), sendo os principais estados exportadores, por ordem: Mato Grosso (18,15%), São Paulo (15,51%), Rio Grande do Sul (12,63%), Paraná (12,48%) e Minas Gerais (8,46%). O complexo soja respondeu por 42,70% das exportações brasileiras no setor, seguido de carnes (16,50%) e flores (11,04%). 

    Os dados da CONAB no 12º Levantamento da Safra 2020/2021, realizado em setembro/2021 mostram, como já mencionado, um volume de produção de grãos no país em torno de 252,3 milhões de toneladas, resultado este 1,8% menor no comparativo com a safra 2019/2020, com redução de 1,7 milhões de toneladas em relação ao levantamento realizado no mês anterior.

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    Essa redução é reflexo das perdas nas safrinhas, principalmente de milho e feijão, por conta da seca prolongada nas principais regiões produtoras, aliada aos eventos climáticos de frio e geadas na Região Centro-Sul. Já para a safra 2021/2022, a CONAB estima, no 2º Levantamento realizado em novembro/2021, que sejam plantados 71,8 milhões de hectares, um crescimento de 4,1% em relação à safra anterior. 

    Esta estimativa inclui a primeira safra (plantio entre agosto e dezembro/2021), a segunda safra (plantio entre janeiro e abril/2022) e a terceira safra (plantio entre meados de abril a junho/2022). Esse mesmo levantamento indica uma produção de aproximadamente 290 milhões de toneladas, o que corresponde a um incremento de 14,7% ou 37 milhões de toneladas no comparativo com a safra anterior. A CONAB ressalta, principalmente, que a safra 2021/2022 deve resultar em aumentos na produção de soja, com área 3,5% maior, e na segunda safra de milho.


Comentário final
A produção brasileira de grãos é um exemplo a ser seguido pelo empreendedorismo do agricultor, pela geração e adoção das inovações tecnológicas, pelas instituições e empresas de pesquisa, pelos produtores de sementes, entre outros fatores, que dentro de uma plataforma legal, permitiu investimentos apropriados para a geração de riqueza.  
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