A revolução digital na produção de sementes

V Prosa Sementeira da ABRATES

Edição XXV | 04 - Jul . 2021
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br
   No início do mês de agosto, a “V Prosa Sementeira” promovida pela Associação Brasileira de Tecnologias de Sementes (ABRATES) de forma virtual, abordou o tema “Revolução digital na produção de sementes”.

   Segundo as pesquisas recentes da Embrapa, do Sebrae e do Inpe, 84% dos agricultores brasileiros já utilizam pelo menos uma tecnologia digital como ferramenta de apoio na produção agrícola. E como não poderia deixar de ser, a produção de sementes não pode ficar de fora desta forte tendência.  

   A quinta edição da Prosa Sementeira contou com a participação da professora de tecnologia e controle de qualidade de sementes da UFLA, Raquel Maria de Oliveira Pires, e o líder de agricultura digital para produção de sementes da Corteva Agriscience, Miguel Gustavo Herbes.

Análise de imagens no laboratório

   De acordo com a classificação de Mcdonald de 1975, os testes de vigor em 4 tipos, sendo fisiológicos, resistência a estresses, bioquímicos e físicos. Dentre os testes físicos, que avaliam aspectos morfológicos ou características físicas das sementes, existem 3 tipos de métodos radiográficos, sendo divididos em radiografia direta (raios x), a radiografia de contraste que se utiliza com o clorofórmio e, a radiografia tridimensional micro. Segundo Raquel Maria de Oliveira Pires, a principal característica desses métodos radiográficos é que eles são considerados como uma metodologia não destrutiva, uma vez que viabilizam a semente para avaliações de qualidade posteriores e são métodos rápidos e precisos.

   Desde 2004 o uso do teste de raio x passou a ser recomendado pela ISTA para várias culturas do mundo e, no Brasil, essa técnica está descrita desde 2009 nas nossas regras para análise de sementes (RAS) dentro do capítulo 16 com 3 páginas exclusivamente dedicadas com o objetivo determinar a proporção de sementes cheias, vazias, danificadas por insetos e danificadas mecanicamente. 

   Após anos de estudos, a validação da solução proposta com a ferramenta aconteceu em dezembro de 2020 através da aprovação pelo MAPA, o qual autorizou o uso do teste de raio x para exames de sementes infestadas de milho nos laboratórios credenciados como uma análise de rotina, assim como para a emissão dos boletins de análises de sementes (BAS).

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Ferramentas digitais na produção de sementes

   De acordo com Miguel Gustavo Herbes, este assunto é significativamente amplo, não existindo nada pronto, pois tudo é uma questão de construção de informações com diversas camadas e níveis de aplicação para possibilitar que o produtor de semente tenha mais sucesso na sua atividade.

   Segundo Miguel ainda, “um dos passos mais importantes do processo está na tarefa básica de escolher talhões para o estabelecimento de produção de sementes de cada cultivar específica. Com isto, um índice de vigor vegetativo adquirido através de imagens de satélite dos talhões ao longo de várias safras e anos é uma ferramenta muito interessante que pode ser útil no planejamento inicial em campo”.

   Hoje, existem alguns algoritmos aliados à inteligência artificial que avaliam a variabilidade do índice de vigor vegetativo e classificam os talhões em prioridades para serem inspecionados, cujo técnico responsável irá dar mais atenção.

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   Essas ferramentas integradas trazem diversas camadas de informação à disposição, as quais levam a um avanço e um auxílio muito forte para o processo de produção de sementes. O drone, por exemplo, na maioria dos casos, é apenas um veículo capaz de fornecer valiosas imagens que desafiam o agricultor a analisar da melhor forma para a correta tomada de decisões durante a safra. Como podemos utilizar este dado que o drone nos traz em uma informação útil para a tomada de decisão do dia a dia?

   A própria Embrapa já trabalhou com isso e lançou essas ferramentas no mercado a partir de uma inteligência artificial integrada a um drone. Através da ferramenta desenvolvida, podemos ir a um campo de produção e fazer a contagem de população de plantas e conhecer como ficou o estande de plantas na lavoura após a semeadura e emergência das plântulas. 

   “Com essa informação de forma separada, temos a condição de sobrepor um índice de vigor vegetativo a um mapa para conseguir fazer as interpretações de uma informação útil para a gestão dos campos dentro do dia a dia”, afirma Miguel.

   Outra ferramenta bem interessante que já está a mais tempo no mercado são os mapas de produtividade que as nossas colhedoras têm à disposição em monitores de rendimento que nos auxiliam no planejamento da próxima safra aliados aos demais dados e informações adquiridos da área rural.

   Tecnologias digitais estão cada vez mais presentes em diversas etapas do processo de produção, como por exemplo coleta de dados de umidade dos grãos e sementes com pequenos “gadgets” e “smartphones” de forma rápida no campo, monitoramento de dados climáticos e rastreamento de produtos desde colheita até entrega final.

   Em termos de sistemas de gestão, existem boas empresas oferecendo softwares e hardwares no mercado que vão desde o planejamento até o ensaque final do lote e comercialização. Esses sistemas de gestão integram uma interface de planejamento e atividades de campo coletando informações para interface de planejamento de colheita disponíveis para o profissional presente no recebimento da unidade de produção para que tenha a possibilidade de segregar os lotes embasado pelo plano de qualidade em alinhamento com o laboratório e, ainda, já gera a remuneração devida ao cooperante. 

   Tal agilidade no controle de informações e tomadas de decisões é crucial nos momentos mais importantes da curta janela de colheita disponível na maioria das unidades de produção no Brasil afora.
   “Para que toda esta grande quantidade de dados possa ser processada de forma eficiente são necessárias tecnologias digitais, com capacidade para extrair informações úteis aos produtores de sementes”, complementa a organizadora do evento e vice-presidente da ABRATES, Laene Carvalho. 


* A quinta edição da prosa sementeira pode ser assistida na íntegra acessando o canal da ABRATES no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=oX9DJBsDL1Q

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