O Ensaio de Cultivares em Rede (ECR) é uma iniciativa da Fundação Pró-Sementes e da Farsul, buscando reunir dados e informações sobre os desempenhos de diferentes cultivares em diferentes regiões do Rio Grande do Sul. Na safra 2020/21 foram analisados dados de 39 cultivares em 11 municípios espalhados nas 3 regiões sojícola do estado (101, 102 e 103), com o objetivo de mostrar aos agricultores as adaptabilidades distintas que cada cultivar pode obter em cada região. Os dados completos podem ser encontrados em www.farsul.org.br.
A escolha correta da cultivar é quiçá o passo mais importante da produção. Com os resultados do ensaio foi possível notar, em média, que a cultivar correta pode representar uma diferença de 25 a 30 scs/ha, números que podem chegar a até R$ 4 mil entrando ou saindo da conta do agricultor. A semente de qualidade e adaptada à região específica, assim como a época de semeadura correta e a população de plantas adequada formam os fatores definidores mais importantes para o potencial de rendimento, pontos explicitados no estudo do ECR.
Em questão de valores, o estande de Pelotas, da Microrregião 101, obteve o melhor rendimento com a cultivar 95R90IPRO, de ciclo precoce, alcançando 122 scs/ha. Importante destacar que as cultivares em 2ª época de semeadura, tanto de ciclo precoce como de médio/longo, apresentaram produtividade superior na região quando comparadas com cultivares de 1ª época de semeadura, muito em função de questões climáticas desfavoráveis.
Empatando em termos de produtividade com Pelotas, a cultivar NEO 610 IPRO, em Santo Augusto, liderou os números encontrados na Microrregião 102. Dessa vez, os materiais de ciclo precoce da 1ª época de semeadura superaram os de 2ª época precoces e os ciclo médio/longo em 1ª e 2ª época. Estandes de Passo Fundo, São Luiz Gonzaga e Santo Augusto obtiveram mais de 100 sc/ha em todo os seus respectivos top 5 de cultivares precoces em 1ª época, reforçando a boa adaptabilidade dos materiais líderes naquelas cidades e na microrregião como um todo.
Por fim, na Microrregião 103, representada por um único estande na cidade de Vacaria (região de maior altitude do estudo), os resultados se mostraram bem menores em números de produtividade totais. Liderando o ranking, três cultivares produziram 85 sc/ha – BRS 5804 RR, DM 5958 RSF IPRO e DM 57152 RSF IPRO – com destaque para materiais de ciclo precoce e de 1ª época de semeadura. Problemas climáticos no estágio de maturação e durante o enchimento dos grãos foram colocados como os principais fatores para os valores mais baixos.
Analisando de forma geral, Kassiana Kehl, Gerente de Pesquisa & Desenvolvimento da Fundação Pró-Sementes, apontou para o crescimento produtivo experienciado em todo o Rio Grande do Sul ao longo dos últimos anos. Pela primeira vez o estado supera os 3.400 kg/ha de média de produtividade de soja, muito em função do ganho genético através de novas e melhores cultivares adaptadas as diferentes regiões gaúchas. Além disso, com a média do RS em 57,2 sc/ha, se colocada contra o potencial produtivo do ECR de 122 sc/ha, fica clara a grande evolução que ainda pode vir a acontecer em solo sul-rio-grandense se o agricultor continuar escolhendo sementes superiores a cada safra.
“O custo da semente é um dos mais baixos para o produtor, dentre os vários envolvidos na produção. Se ele quer economizar, que não seja na semente, já que ela tem impacto muito grande nos rendimentos produtivos”, comenta Kassiana. “O desafio para alcançar o potencial produtivo está muito além da cultivar, embora seja muito importante. Entra uma série de fatores, de cada talhão, das práticas adotadas, questões de solo, hídricas, densidade de plantas, controle de doenças e pragas, entre outras”, encerra.