Milho transgênico colhido no Brasil

Edição II | 01 - Jan . 1998
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br

    Foi realizada em 29 de novembro a primeira colheita de milho transgênico no Brasil. O ensaio, que utilizou sementes de plantas resistentes a insetos, foi produzido pela Novartis Seeds, no seu Centro de Pesquisas Biogenéticas em Uberlândia, MG. Esta colheita integra o programa em que pela primeira vez a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança permitiu a liberação de um organismo geneticamente modificado no meio ambiente. 
    Ainda que tardio, esse trabalho representa a entrada do Brasil na corrida da biotecnologia aplicada à agricultura. Glóverson Moro, gerente do programa de biotecnologia da empresa, explica que o plantio foi realizado observando- se normas estritas de isolamento. Assim, todos os cuidados foram tomados para evitar a disseminação indesejada do material transgênico. Para reafirmar a segurança da produção, por duas vezes a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) visitou o local. 
    Os principais objetivos desse plantio foram a multiplicação das sementes transgênicas, a transferência do novo gene para linhagens brasileiras e a produção de sementes híbridas para plantio de novos testes que serão conduzidos no decorrer da próxima safra. Paralelamente, faz-se a avaliação das linhagens geneticamente modificadas, comparando-os com suas versões não transgênicas. Observações de campo mostram que para todas as características avaliadas, o comportamento das plantas foi muito similar aquele do material não transformado. Avaliações preliminares e testes em
 laboratório indicam potencial de controle para broca da cana e lagarta elasmo. Novos experimentos, incluindo defesa contra a lagarta do cartucho, já estão sendo realizados. 
    Glóverson conta que o trabalho da Novartis para o desenvolvimento de milho transgênico no Brasil continua em ritmo acelerado. As sementes produzidas nesse primeiro ensaio já foram plantadas, visando a continuação do trabalho de transferência e avaliação deste evento transgênico nas condições brasileiras. Novos genes/eventos para tolerância à insetos e à herbicidas já estão sendo testados no campo. Outros materiais ainda num estágio menos avançado de desenvolvimento já estão sendo considerados para introdução e teste. 
    Novo Laboratório - Entre os novos investimentos na área da biotecnologia, a Novartis está anunciando instalação de um laboratório de marcadores moleculares de grande capacidade no seu Centro de Pesquisas Biogenéticas, em Uberlândia. 
 Glóverson Moro, que desenvolveu o projeto, afirmou queele será o primeiro da categoria no país. O cronograma de trabalho prevê o início das obras em janeiro de 98 e o início das operações em julho. O laboratório deverá atender às operações da empresa em toda a América do Sul. 
    Uma vez implantado o projeto, haverá capacidade para desenvolver análises por marcadores de DNA (SSR, AFLP RFLP e RAPD) e proteínas (isoenzimas). Seu diferencial é a capacidade de avaliar um grande volume de amostras. Exceto pela coleta, todos os demais passos do processo, como extração, amplificação, separação eletroforética e análise de resultados, serão automatizados para permitir a análise em larga escala. Essa concepção “industrial” dos processo, visando alcançar máxima eficiência, vai requerer equipamentos de alto desempenho. Para isso, planeja investir perto de um milhão de dólares no projeto. 
    A Novartis possui laboratórios de genética molecular nos Estados Unidos (milho e hortaliças), na França (milho e girassol), na Holanda (hortaliças) e na Suécia (beterraba). Por isso, Glóverson opina que o estabelecimento de um laboratório semelhante no Brasil representa um importante avanço tecnológico e o reconhecimento da maturidade do mercado brasileiro. Ao mesmo tempo, demonstra o compromisso da empresa em prover seus clientes no Brasil com produtos de alta qualidade, no mesmo nível tecnológico oferecido em outros países. 
    Os principais objetivos do novo laboratório serão: O estabelecimento de pureza genética por marcadores moleculares (isoenzimas e ICR); dar suporte ao desenvolvimento de genótipos transgênicos  no Brasil e Argentina, bem como aos programas de melhoramento assistido por marcadores; e estabelecer o perfil do material genético da empresa para processos de registro. 
    França - O milho transgênico colhido no Brasil é o mesmo que a França,afinal, liberou para comercialização, no que já se acredita tenha sido a última barreira contra a entrada de produtos transgênicos na Europa. O milho contém um gene extremamente tóxico a insetos. 
    Os franceses vinham resistindo há mais de dois anos em conceder autorização para entrada de grãos transgênicos, tendo efetuado os mais diversos tipos de testes possíveis, temerosos de danos ao ambiente. As autoridades francesas usaram, segundo as agências noticiosas, todo tipo de artifícios e de má vontade para retardar a autorização, concedida finalmente em novembro passado. 

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