Ainda que tardio, esse trabalho representa
a entrada do Brasil na corrida da biotecnologia aplicada à agricultura. Glóverson
Moro, gerente do programa de biotecnologia da empresa, explica que o plantio foi
realizado observando- se normas estritas de isolamento. Assim, todos os
cuidados foram tomados para evitar a disseminação indesejada do material
transgênico. Para reafirmar a segurança da produção, por duas vezes a Comissão
Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) visitou o local.
Os principais objetivos desse plantio foram
a multiplicação das sementes transgênicas, a transferência do novo gene para
linhagens brasileiras e a produção de sementes híbridas para plantio de novos
testes que serão conduzidos no decorrer da próxima safra. Paralelamente, faz-se
a avaliação das linhagens geneticamente modificadas, comparando-os com suas
versões não transgênicas. Observações de campo mostram que para todas as
características avaliadas, o comportamento das plantas foi muito similar aquele
do material não transformado. Avaliações preliminares e testes em
laboratório indicam potencial de
controle para broca da cana e lagarta elasmo. Novos experimentos, incluindo defesa
contra a lagarta do cartucho, já estão sendo realizados.
Glóverson conta que o trabalho da Novartis
para o desenvolvimento de milho transgênico no Brasil continua em ritmo
acelerado. As sementes produzidas nesse primeiro ensaio já foram plantadas,
visando a continuação do trabalho de transferência e avaliação deste evento
transgênico nas condições brasileiras. Novos genes/eventos para tolerância à
insetos e à herbicidas já estão sendo testados no campo. Outros materiais ainda
num estágio menos avançado de desenvolvimento já estão sendo considerados para
introdução e teste.
Novo Laboratório - Entre os novos investimentos
na área da biotecnologia, a Novartis está anunciando instalação de um
laboratório de marcadores moleculares de grande capacidade no seu Centro de
Pesquisas Biogenéticas, em Uberlândia.
Glóverson Moro, que desenvolveu o projeto,
afirmou queele será o primeiro da categoria no país. O cronograma de trabalho
prevê o início das obras em janeiro de 98 e o início das operações em julho. O
laboratório deverá atender às operações da empresa em toda a América do Sul.
Uma vez implantado o projeto, haverá capacidade para
desenvolver análises por marcadores de DNA (SSR, AFLP RFLP e RAPD) e proteínas (isoenzimas).
Seu diferencial é a capacidade de avaliar um grande volume de amostras. Exceto
pela coleta, todos os demais passos do processo, como extração, amplificação,
separação eletroforética e análise de resultados, serão automatizados para
permitir a análise em larga escala. Essa concepção “industrial” dos processo,
visando alcançar máxima eficiência, vai requerer equipamentos de alto
desempenho. Para isso, planeja investir perto de um milhão de dólares no projeto.
A Novartis possui laboratórios de
genética molecular nos Estados Unidos (milho e hortaliças), na França (milho e
girassol), na Holanda (hortaliças) e na Suécia (beterraba). Por isso, Glóverson
opina que o estabelecimento de um laboratório semelhante no Brasil representa um
importante avanço tecnológico e o reconhecimento da maturidade do
mercado brasileiro. Ao mesmo tempo, demonstra o compromisso da empresa em prover
seus clientes no Brasil com produtos de alta qualidade, no
mesmo nível tecnológico oferecido em outros países.
Os principais objetivos do novo
laboratório serão: O estabelecimento de pureza genética por marcadores moleculares
(isoenzimas e ICR); dar suporte ao desenvolvimento de genótipos transgênicos no
Brasil e Argentina, bem como aos programas de melhoramento assistido por
marcadores; e estabelecer o perfil do material genético da empresa para
processos de registro.
França - O milho transgênico colhido no
Brasil é o mesmo que a França,afinal, liberou para comercialização, no que já
se acredita tenha sido a última barreira contra a entrada de produtos transgênicos
na Europa. O milho contém um gene extremamente tóxico a insetos.
Os franceses vinham resistindo há mais de
dois anos em conceder autorização para entrada de grãos transgênicos, tendo
efetuado os mais diversos tipos de testes possíveis, temerosos de danos ao
ambiente. As autoridades francesas usaram, segundo as agências noticiosas, todo
tipo de artifícios e de má vontade para retardar a autorização, concedida
finalmente em novembro passado.