Controle de qualidade

Edição II | 01 - Jan . 1998
Antonio Eduardo Loureiro da Silva-diretoria@apassul.com.br

    Para fins didáticos, semente de qualidade (fiscalizada ou certificada), é aquela que satisfaz, ao mesmo tempo, aspectos genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários. Por conseguinte, semente fiscalizada ou certificada, pode ser definida sem considerar controle de gerações como a de uma cultivar com boas características agronômicas, com nenhuma (ou baixíssima) presença de sementes cultivadas, de outras cultivares, silvestres e nocivas, com adequados níveis de germinação e vigor, e com baixo índice de patógenos e de outros micro organismos capazes de interferir em sua emergência no laboratório, a campo e transmissão de doenças. Todavia, na prática, a realidade é outra. A qualidade genética da semente (cultivar) pode ser questionada pelo consumidor e também pelo produtor, mas a responsabilidade porela é da instituição que a criou, introduziu e recomendou, e da Entidade Certificadora e Fiscalizadora (ECF) que a elegeu para produção de sementes. 
    Quanto à qualidade fisiológica, há uma definição para germinação nas Regras para Análise de Sementes. Sobre vigor, entretanto, oficialmente ainda não há conceito e nem teste recomendado na legislação. Apesar de os laboratórios realizarem diversos testes de vigor, seus resultados são utilizados somente como referência pelo produtor, pois não há parâmetros normativos. A Abrates, por seu Comitê de Vigor, está procurando sistematizar testes para uso em rotina nos laboratórios. Sobre qualidade física, nossos padrões estabelecem a pureza (%) e os limites para sementes de outras cultivares, para outras sementes (cultivadas e silvestres) e para sementes nocivas (proibida se toleradas), em número por peso, de acordo com portarias, decreto se leis pertinentes. 
    Quanto à qualidade sanitária também ainda não temos padrões estabelecidos. Há estudos da Abrates (Comitê de Patologia de Sementes) e de outras instituições, visando estabelecer padrões sanitários para algumas culturas, mas oficialmente ainda não foram publicados. Todavia, há laboratórios credenciados que realizam tais testes. Assim, com raras exceções (feijão, batata e alho, no RS), a qualidade das sementes é estabelecida por padrões que consideram exclusivamente parâmetros de germinação e da pureza. E para o produtor de sementes, importante mesmo é a germinação e a pureza, nessa mesma ordem. Porém, o fundamental é a germinação, que é vida. A pureza, diferentemente daquela, pode ser manipulada. Afinal, para isso, há herbicidas, técnicas de lavoura e máquinas (na Unidade de Beneficiamento de Sementes), capazes de produzir verdadeiros milagres. Já para o consumidor de sementes, o principal é a qualidade genética. 
    O que ele deseja e compra, é semente de uma cultivar que ele considera adequada para implantar sua lavoura, e sem mistura. E que mesmo em condições adversas estabeleça um estande adequado a campo. O consumidor não compra germinação, vigor, pureza e sanidade. Poucos são os que se preocupam, na hora de adquirir sementes, com documentação, peso líquido, embalagem ou publicações com informações sobre a cultura e a cultivar, uniformidade, aparência, peso hectolitro e serviços prestados pelo produtor ou distribuidor. 
    Um conceito importante sobre qualidade, é que não há relação entre preço e qualidade. De fato, o preço das sementes não é estabelecido por sua germinação, pureza ou pela quantidade necessária para implantar uma determinada área; pelo seu valor cultural (VC%); pela sua sanidade. Normalmente compra-se aquele lote que está na posição de entrega na pilha. Quem tiver mais sorte leva os melhores. 
 Com estas considerações evidencia- se que há ainda um longo caminho a percorrer. Os Programas de Sementes. A pesquisa, produtores, assistência técnica, ensino, extensão e consumidores. Porém, é importante desenvolver urgentemente os seguintes aspectos: 
   1- De forma prática, evidenciar ao produtor e seu responsável técnico, através de cursos, palestras e seminários, de que maneira podem ser utilizados os testes de vigor e de sanidade de sementes, como ferramentas para aprimorar a qualidade, evitar a comercialização de lotes deficientes em qualidade e alavancar as vendas;
   2- Propiciar aos consumidores informações de como escolher as cultivares de semente certificada ou fiscalizada e os melhores lotes. 
    Hoje, os Laboratórios de Análise de Sementes (LAS), são utilizados pelos produtores como uma obrigação normativa e da legislação, e não como deveriam, pois são por excelência centros para avaliação e controle de qualidade. Mesmo não havendo padrões oficiais para vigor e sanidade, os laboratórios podem orientar e dar suporte à implantação de programas de controle de qualidade pelos produtores, através da utilização destes testes e de outras informações das análises das sementes. Assim, o produtor que quiser pode hoje realizar uma avaliação completa sobre a qualidade física, fisiológica e sanitária dos lotes de sementes. Os laboratórios devem ser considerados como parceiros, assim como muitos já o fazem. Comoa qualidade genética é fundamental, vão progredir e conquistar mercados aqueles produtores de sementes e lançamento de novas cultivares, com os laboratórios de análise de sementes e de patologia de sementes, e com a assistência técnica e firmas produtoras e distribuidoras de insumos. Além de tudo isso, é preciso ser pioneiro, ter coragem, inovar. Implantar novas tecnologias. E ter como escopo fundamental o cliente. Depois disso, terá sucesso quem prestar melhores serviços e encantar seus clientes. 

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