Sua empresa tem novos objetivos

Edição XXVII | 05 - Set . 2023
   O mercado nunca perdoou a leniência ou a falta de clareza de propósitos. Isso não é novidade, mas muitos empresários aprendem isso do modo mais difícil: tendo que cortar na própria carne.

   O agronegócio, visto como um grande sistema, não é diferente. E, como de resto em todos os setores, a régua das exigências do mercado aumentou rapidamente, tornando a relação entre os players muito mais dinâmica, acelerada, e exigindo dos gestores mais atenção, decisões mais rápidas e uma visão mais abrangente do que antes.

   Ocorre que o acesso e a aceleração da circulação da informação imprimiram uma dinâmica mais fluída e célere das necessidades, desejos e oportunidades tanto dos consumidores como das empresas.

   Isso redesenhou já há algum tempo o objetivo principal das empresas. Claro que lucro sustentável continua sendo importante, mas tornou-se consequência. Há outro aspecto relevante.

   As empresas não existem para dar lucro
   Os resultados financeiros não são a razão em si da existência das empresas. Elas existem para prestar serviços e oferecer produtos que facilitam ou tornam a vida das pessoas melhores, mas, obviamente, devem fazer isso com lucratividade.

   Por isso, na era da experiência do cliente, fica cada vez mais claro que o objetivo central e, por isso, mais, amplo do que apenas dar lucro é o de atrair e reter clientes. Se formos mais a fundo e sermos um pouco mais exigentes, poderíamos dizer que é atrair e reter os melhores clientes. Isso, sim, deve nortear a sua empresa.

   Pensando por partes, atrair clientes é um objetivo importante, pois significa que a empresa oferece algo que interessa e pretensamente seja útil para a sociedade dentro dos padrões de qualidade esperados pelo seu público-alvo.

   Se a sua empresa faz isso de modo recorrente, conseguindo manter parcela significativa dos clientes, é sinal de que as estratégias que desenvolve estão apropriadas ao cenário e ao ambiente de negócios em que atua.

   Alguém vai dizer: mas se não tiver lucro não adianta atrair e manter os clientes. Claro; porém, percebem que o lucro está embutido de modo subliminar nesse processo? É implícito, dado que se você não tiver lucro na sua operação, obviamente a qualidade de seus produtos ou serviços se deteriorarão e não conseguirá manter as expectativas dos seus clientes. E, aí, os perde.
 
   Na melhor das hipóteses, precisará um esforço adicional para atrair novos clientes. Porém, essa energia gasta não é a custo zero. Provavelmente serão necessários custos adicionais, o que se tornará um círculo vicioso, o que redundará na falência evidente.

   Dito de outro modo, se nossa empresa conseguir manter a capacidade de atrair e reter seus clientes, significa que está fazendo isso obtendo margem suficiente para ter algum nível de lucratividade. É exatamente isso o que determina a sustentabilidade no longo prazo, extinguindo as ações intempestivas e temerárias decorrentes do imediatismo.
Logo, se eu conseguir atrair e manter os clientes que desejo de modo recorrente, amplio a capacidade de atuação e melhoro a própria gestão, abrindo como um segundo ponto espaço para estratificar, adotando estratégias customizadas para cada perfil de cliente. Não apenas em função das características próprias de cada estrato, mas também daqueles que podem se tornar preferenciais em função da melhor relação resultado/esforço. Daí o objetivo avançar para atrair e reter os melhores clientes.

   Nova razão de existência da sua empresa
   Contudo, a sociedade evolui, e os objetivos empresariais, por consequência, ampliando a visão e permitindo novas abordagens. Os consumidores estão cada vez mais interessados em apoiar empresas que se preocupem com outras questões, como as sociais e ambientais, por exemplo, e isso tem levado as organizações a repensarem seus objetivos.

   O principal deles está na relação das empresas com a sociedade, e isso parece criar uma nova razão de existência: a geração de impacto positivo no mundo. Essa espécie de novo contrato social que as empresas firmam está apoiada, principalmente, na busca de soluções para os temas sociais e ambientais que o mundo enfrenta. O agronegócio é peça-chave nesse contexto.

   Se, de um lado, requer a implementação de novas estratégias para alcançá-la, também revela novas oportunidades de negócios. Ou seja, mais do que apenas olhar para o seu desempenho financeiro através de seus produtos e serviços, as empresas devem estar atentas ao impacto e ao legado que deixam para o mundo.

   Nesse sentido, a sociedade precisa desejar ansiosamente fazer negócios com sua empresa. Ela precisa ser atrativa e bem-vista não apenas em função dos seus produtos ou serviços, mas, principalmente, em função dos impactos positivos que gera. Por isso, um dos grandes papéis dos líderes é emprestar essa visão para toda a empresa.

   Gosto de desafiar meus gestores e demais colaboradores a pensarem não apenas em como vender mais, mas principalmente em como nós podemos gerar mais impacto positivo sobre o ambiente em que atuamos.

   Um grande ecossistema
   Empresas com essa visão têm adotado políticas éticas e mais transparentes em suas operações, garantindo, por exemplo, que suas cadeias de suprimentos sejam livres de trabalho infantil, exploração e formas de discriminação.

   As vantagens são muitas. Além dos benefícios diretos de atrair mais clientes e de mantê-los com menor esforço, essas empresas também tendem a atrair talentos mais engajados, que valorizam um propósito maior em seu trabalho, o que, por si só, já seriam boas vantagens, além de favorecer a sinergia e melhores resultados para todos.

   Assim, as empresas com essa nova visão sobre seus objetivos estão se tornando agentes de mudança e construindo um futuro mais sustentável e inclusivo para todos. O melhor desempenho financeiro é consequência, como já era esperado.

   Até a próxima.

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