O arroz irrigado é um tradicional cultivo do sul do Brasil, em que os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina cultivam 1,1 milhão de hectares por ano, sendo responsáveis por praticamente 80% da produção nacional. O país é autossuficiente no arroz com 12 milhões de toneladas produzidas anualmente. Parte desta produção é exportada e há importação de arroz do Uruguai e do Paraguai para suprir a demanda.
Merece destaque o aumento de produtividade da cultura nos últimos 5 anos, apresentando um aumento anual superior a 2pp, alcançando a média nacional de 8,3t. Este aumento pode ser atribuído às inovações tecnológicas adotadas pelos orizicultores, principalmente através de novas e melhores cultivares, acompanhadas por sementes de alta qualidade (livres de arroz vermelho e alto vigor).
Em relação a criação e desenvolvimento de novas cultivares, o Brasil possui fortes programas de melhoramento, participando entidades estatais e privadas, em que juntas, com participação no mercado, somam oito. Estes programas acessam o orizicultor através de produtores de sementes, que no país, ultrapassam a 100.
A taxa de utilização de sementes (TUS) comerciais de arroz em solo brasileiro é de 50%, ou seja, dos 1,4 milhão de hectares cultivados anualmente, 700 mil são com sementes que o orizicultor compra. Assim, com uma densidade de semeadura de 70kg/ha, tem-se uma demanda de praticamente 50 mil toneladas de sementes por ano. Isto significa um negócio superior a 150 milhões de reais/ano a ser distribuído entre os produtores de sementes e os obtentores de novas cultivares.
As sementes de arroz são o veículo das inovações tecnológicas inerentes as tradicionais novas cultivares, assim como as relacionadas com tolerância a herbicida e aos efeitos do vigor híbrido. Desta maneira, várias são as alternativas de sementes aos orizicultores, como ciclo das cultivares, tolerância a herbicida e materiais híbridos, em que cada opção possui mais de uma cultivar.
Em termos de qualidade de sementes, estima-se que mais de 50% dos orizicultores solicitam teste de vigor em suas sementes, além do tradicional teste de germinação, e para isso o Brasil possui laboratórios de sementes a disposição. Outro aspecto que evidencia a conscientização do orizicultor quanto a qualidade das sementes é que mais de 60% são utilizadas com um tratamento industrial, envolvendo fungicidas, inseticidas, biológicos e polímeros.
Abertura da colheita do Arroz Tradicionalmente, o estado do RS realiza um evento em que são discutidas as políticas sobre o arroz e apresentadas as inovações tecnológicas pelas empresas. Nos últimos anos o evento tem sido realizado nas instalações da Embrapa Terras Baixas, em Capão do Leão.
Sistema Provisia - Duas décadas após o lançamento do sistema Clearfield, a BASF lançou oficialmente o sistema Provisia para controle pós-emergência de uma ampla variedade de ervas daninhas, incluindo as plantas resistentes à acetolactato sintase (ALS) e o arroz vermelho no Brasil.
Sendo previsto para comercialização a partir da safra 2022/23, o seu modo de ação se baseia na inibição de ACCase e será oferecido inicialmente através da marca de sementes de arroz híbrido LIDERO.
Através dos híbridos já lançados com a tecnologia Clearfield e novos híbridos que incluem o sistema Provisia, o agricultor terá ainda mais capacidade de complementar seu sistema de produção com mais eficiência no controle de plantas daninhas e, por fim, produtividade.
Novas cultivares – Os programas de melhoramento vegetal aproveitaram a oportunidade para mostrar aos orizicultores seus últimos lançamentos de cultivares, posicionando cada uma com sua maior fortaleza. Assim, a maioria dos programas enfatizam o potencial produtivo, sem esquecer de atributos agronômicos como ciclo, resistência a doenças e qualidade do grão, entre outros, que também são demonstrados.
O Instituto Rio-Grandense do Arroz (IRGA), por exemplo, lançou suas cultivares, posicionando-as como fortaleza a produtividade. Por outro lado, a Embrapa posicionou sua nova cultivar em relação ao ciclo precoce. Enquanto isso, a Agronorte enfatiza o potencial produtivo, e a BASF está lançando no mercado cultivares resistentes a herbicida específico, tanto para materiais de autopolinização como para híbridos. A RiceTec, por fim, lança no mercado híbridos mais produtivos e de menor ciclo. Resistência a herbicida - A BASF lançou o Sistema Provisia™, com sementes já disponíveis para 2022/23 através da marca de sementes Lidero™. O sistema envolve sementes e o herbicida Provisia® 50 EC (mais detalhes em matéria específica nesta edição).
Nos últimos anos, tem aumento muito o aparecimento de plantas de arroz vermelho, assim como de capim arroz resistentes a reconhecida tecnologia Clearfield. Assim, o sistema ProvisiaTM vem em boa hora. A BASF, no seu sistema de comercialização de sementes, licencia seus materiais somente através de produtores de sementes que acessam ao mercado com semente certificada, cuja tolerância para arroz vermelho é ZERO.
Tratamento Industrial de sementes (TIS)– As vantagens do TIS foram exaltadas por diversas empresas, destacando-se a dosagem, cobertura, fluidez, liberação de pó e a segurança de quem opera o processo.
Em termos de novos produtos para o tratamento de sementes, a BASF lança o Votivo para arroz e soja. O material é um produto biológico, posicionado para o controle de nematoides e estresses bióticos e abióticos.
Soja para Terras Baixas – Estima-se em mais de 0,4 milhão de hectare a área cultivada com soja em terras tradicionalmente utilizadas paro o cultivo do arroz. Assim, vários obtentores buscam, entre seus materiais, aqueles que apresentam maior tolerância ao encharcamento do solo.
A oferta é grande de materiais promissores através de empresas e instituições públicas de pesquisa como Bayer, BASF, Syngenta, Corteva, Embrapa, IRGA, TMG e FT. Há materiais que toleram até cinco dias de solo encharcado.
O cultivo da soja após o arroz traz grandes benefícios para o solo em termos de fertilidade e de combate a invasoras, além de possibilitar ao agricultor um uso mais eficiente de sua terra.
Comentário Final
O evento anual da Abertura da Colheita do Arroz é utilizado para promoção das inovações tecnológicas criadas e desenvolvidas por empresas públicas e privadas. Neste ano de 2022, em relação ao setor sementeiro, várias novas cultivares e híbridos de arroz foram lançadas, cujo atributo principal foi o alto potencial produtivo. Também foram apresentados materiais resistentes a herbicida e produtos para tratamento de sementes.