Transformações na produção de grãos ferramentas digitais

Informe Publicitário

Edição XXIV | 02 - Mar . 2020
    Por Lars Edwin Schobinger, Engenheiro Agônomo, CEO e Sócio Fundador da Blink – Consultoria de inteligência e estratégia para o agronegócio, e Consultor da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja - ABRASS.

   
Falar sobre a importância da soja, planta de origem chinesa que hoje cobre quase quarenta milhões de hectares de solo brasileiro, é lugar comum. As mais de 120 milhões de toneladas produzidas na última safra geraram um Valor Bruto acima de 132 bilhões de Reais de faturamento, em milhares de propriedades rurais que se dedicam à sojicultura em mais de três mil e quinhentos municípios de norte a sul do país. Correspondendo a um terço das exportações agropecuárias do país, seu papel na balança comercial nacional é crítico para nossa condição superavitária atual. Diversos especialistas se dedicam a prever sua evolução em área e produção devido à sua relevância.
   Mas, como será essa evolução dentro da porteira? Qual o cenário e como se desenvolverá a atividade do ponto de vista da realidade do produtor? O sojicultor enfrentará diversos desafios e passará por profundas mudanças na forma como toca seu negócio nos próximos dez anos. A agricultura 4.0, que engloba tecnologias para automação, troca de dados e utiliza conceitos como a internet das coisas, computação em nuvem e inteligência artificial, está apenas se iniciando. A própria Agricultura 3.0, forjada pela revolução com o uso de aparelhos e dispositivos eletrônicos, ainda não está plenamente implementada na nossa agricultura em função dos grandes desafios de infraestrutura e investimento em um país continental como o nosso. O fato é que teremos que pular etapas e nos adaptar.
   O produtor rural cada vez mais olha para a linha da margem no balanço. A lógica financeira vem se propagando nas propriedades, conscientizando-o do peso da terra como imobilizado e da necessidade de se produzir melhor. Toda a pressão sobre a preservação ambiental se soma a esse quadro. Nunca nos preocupamos tanto em produzir mais com menos. Ao invés de mais área, aplica-se mais tecnologia. Esse será o lema do produtor bem-sucedido. E as ferramentas digitais mandarão nesse jogo. Tais ferramentas já estão até bastante difundidas, com adoção beirando 40 a 50% das áreas de soja do país, mas ainda mal-empregadas, trazendo algum ganho para, no máximo, 5% dessas mesmas áreas.
   As plataformas digitais ainda enfrentam um dilema. Seu potencial de otimização de recursos e simplificação de processos é inquestionável. Quem já venceu a barreira da adoção se gaba de ganhos em otimização de insumos que não raramente ultrapassam economias de 30% em custo. Existe de fato ainda um mau uso de diesel, fertilizantes e defensivos pelas dificuldades operacionais. E essas são algumas das frentes atacadas pelo digital.
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   A baixa taxa de sucesso no emprego das soluções digitais não ocorre por acaso. Há um longo caminho a ser trilhado na implementação dessas plataformas. Os primeiros desafios são a conectividade e a integração. A falta de internet por um lado e a incompatibilidade entre sistemas por outro, impossibilitam o uso pleno dessas ferramentas. Outra barreira, até maior, é a falta de pessoas capacitadas em operar essas plataformas. Se antes o produtor vacilava em decidir por falta de informação, hoje a dificuldade é o excesso. Transformar dados em informação e informação em inteligência, que apoie efetivamente a tomada de decisão, exige presença de profissionais especializados e bem treinados. A figura do analista de dados praticamente inexiste no campo. A maioria das empresas de tecnologia, com a ânsia de rápido crescimento da base de clientes, tem investido em um modelo de entrada gratuito ou subsidiado. Mas a conta da assistência e do serviço atrelado fica em aberto. A “última milha” da pós-entrega, que depende de um profissional habilitado, não funciona no modelo gratuito. O resultado é um ciclo vicioso. Baixo preço, baixo serviço, baixo valor percebido e baixa recompra.
    Mesmo com tantos desafios e percalços iniciais, a tecnologia veio definitivamente para ficar. Os ganhos são significativos e os casos de sucesso servirão de motivação ao setor. O que se abrirá, com a escassez de mão de obra e a mudança de mentalidade da nova geração de produtores rurais, será o espaço para a oferta de serviços e soluções mais amplas. Toda cadeia produtiva, quando amadurece, abre espaço para uma maior oferta de serviços. Esse processo ainda engatinha no agronegócio brasileiro. Mas se acentuará daqui para a frente. Obviamente essa é uma tremenda oportunidade de negócios que será disputada por toda cadeia, como a indústria de insumos, a distribuição, tanto revendas como cooperativas, e por que não, as empresas de sementes.
    Bem-vindo a Agricultura 4.0.


    SOBRE A ABRASS
    A Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja foi fundada em 2012 com o objetivo de congregar em uma Entidade de classe os multiplicadores de sementes de soja de todo o Brasil, criando um ambiente institucional e multidisciplinar que fortalece a produção, valoriza a atividade e seu produto final, revertendo benefícios para toda a cadeia produtiva da soja.
    A ABRASS tem sede em Brasília/DF e atua em prol das boas práticas na produção de sementes, regulamentação jurídica, marcos legais, difusão de produtos que levem competitividade ao agricultor, aperfeiçoamento de instrumentos de políticas públicas e outras frentes de desenvolvimento da cadeia produtiva.
O maior patrimônio da ABRASS reside em seu corpo de associados, distribuídos por 11 estados e no Distrito Federal, representando mais de 50% da produção de sementes de soja do país.


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