Inovações na análise e certificação

Edição V | 02 - Mar . 2001
James Delouche-JCDelouche@aol.com
    A análise e a certificação de sementes foram, e continuam a ser, de grande importância no desenvolvimento da indústria de sementes. Elas têm passado por modificações significativas para servir à indústria de sementes globalizada e de alta tecnologia, iniciada nos anos 90. Contudo, as funções essenciais da análise e da certificação de sementes não sofreram mudanças apreciáveis, uma vez que as modificações foram mais no âmbito da organização dos serviços, nas técnicas e tecnologias utilizadas, e na interpretação e uso da informação obtida. A enormidade das mudanças que ocorreram e que estão ocorrendo, na análise e certificação de sementes, ficou evidente para mim nos encontros da área de sementes dos quais participei durante o último ano. Como, desde minha aposentadoria, não havia comparecido a essas reuniões, achei as mudanças enormes!
    Entre as novidades, aprendi que os analistas são atualmente classificados em tradicionais e genéticos, enfrentando diferentes desafios em seu trabalho diário, e que o credenciamento pode ser definido como “o reconhecimento oficial de organizações não governamentais para fins de regulamentação”, como por exemplo, a certificação sob o sistema OECD. Foram exibidos nesses encontros os equipamentos e materiais tradicionais para análise de germinação e de pureza, mas estes foram suplantados pelos equipamentos, reagentes e “kits de teste” para caracteres específicos, como por exemplo, testes para material transgênico, condutivímetros e uma grande quantidade de softwares para registrar, tabular e comunicar resultados.
    Fiquei impressionado com as mudanças em análise de sementes e com os avanços em informação e tecnologia, começando então, como uma forma de lidar com inovações muito desafiadoras, a estabelecer se estas são realmente algo totalmente novo, tal como engenharia genética, ou simplesmente dispositivos, tais como a maioria dos “.com”s. 
    A análise de sementes foi desenvolvida para determinar e estabelecer o valor das sementes para semeadura. O primeiro laboratório de análise de sementes foi fundado na Alemanha, em 1869, enquanto procedimentos para analisar as sementes foram publicados nos EUA em 1897. Logo, apesar da análise de sementes ter começado a se organizar e ser aplicada há mais de 100 anos, seus propósitos e funções, contudo, não se modificaram.

A análise e certificação de sementes não mudaram 
realmente, mas sim avançaram, incorporando 
novidades como a engenharia genética.


    A análise de sementes já adotou e ajustou-se a muitas mudanças bastante significativas desde seu início, tais como o uso da estatística para as regras de análise, mecanização de procedimentos analíticos, introdução dos testes de sanidade, de vigor e de identificação da pureza varietal, procedimentos para testes em sementes revestidas ou tratadas com pesticidas, testes para caracteres especiais (testes para OGMs); desenvolvimento de laboratórios privados e comerciais; credenciamento de laboratórios e de analistas. 
    O conceito de certificação de sementes originou-se na Suécia nos anos 80, sendo inicialmente confundido com seleção e melhoramento de plantas. Em seu estágio inicial, o trabalho da “certificação” era selecionar e manter variedades melhoradas por meio de multiplicação e produção de sementes. Porém, no início do século XX, a certificação assumiu a sua principal função, isto é, a manutenção de uma identidade genética  de variedades de plantas durante os diversos passos na multiplicação e produção de sementes. A certificação estabeleceu-se como um sistema de controle de gerações, a partir do lançamento de uma variedade através da produção de sementes para plantios comerciais, padrões e inspeções de campo e de sementes, registros detalhados, terminologia e procedimentos uniformes e padronizados, e assim por diante. A padronização e harmonização da terminologia, padrões e procedimentos para certificação foi conduzida primeiramente em nível nacional, sendo mais recentemente, em nível internacional - sistema OECD para certificação de sementes. 
    De certa forma, as mudanças na certificação foram mais fundamentais, como a certificação de grãos não destinados à semeadura e dos chamados produtos com identidade preservada para produtos OGMs e não-OGMs. A Agência de Certificação do Mississippi, por exemplo, está envolvida na certificação de soja comestível, variedades transgênicas, produtos com identidade preservada e árvores propagadas vegetativamente. Não deixa de ser chocante o conceito e início da prática de “auto-certificação” sob protocolos de credenciamento apropriados! 
    Assim, revendo o desenvolvimento da análise e certificação de sementes, percebi que o que pareciam ser mudanças reais, eram essencialmente uma série de avanços e inovações, um progresso contínuo desde sua criação até o presente. As funções de análise e certificação de sementes não mudaram em nenhum aspecto fundamental. Em lugar disso, elas se expandiram e ajustaram-se para utilizar algumas coisas indiscutivelmente novas, tais como a engenharia genética. O único aspecto perturbador dos últimos avanços é que eles estão ocorrendo a uma velocidade incrível, ou pelo menos assim parece para muitas pessoas da minha geração.
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