A cada curso que ministramos a clientes sobre o tema Segurança em Unidades Armazenadoras –no ano de 2000 atingimos uma quantidade superior a mil operadores – despertamos nos participantes a necessidade de relatarem exemplos de acidentes ocorridos e presenciados, decorrentes do desconhecimento dos perigos e da falta de treinamento dos operadores, gerentes de unidades e produtores.
Os aspectos abordados demonstram fatos ocorridos, como explosões de pó; morte por asfixia por gases provenientes da decomposição dos grãos em poços e túneis e do processo respiratório dos grãos, que ficam depositados por longos períodos em moegas de recepção; falta de proteção nos acionamentos por polias; redes elétricas com fios sem capas; e inúmeros exemplos provenientes de situações do ambiente de uma instalação agroindustrial, caso não tenhamos procedimentos de prevenção e de cultura no combate de acidentes.
Com esta quantidade de fatos ocorridos, chegamos à conclusão pessoal de que não poderíamos omitir-nos de incluir no conteúdo algumas instruções de segurança relacionadas com o segmento de trabalho de armazenagem, as quais mencionaremos a seguir:
Equipamentos
· Manter sempre as portas de inspeção fechadas e as proteções de acionamento, este último sempre ausente, após uma manutenção dos equipamentos, devido a negligência da equipe que executa o serviço.
· Nos equipamentos como Roscas Transportadoras e Transportadores de Corrente, manter as tampas fechadas com seus fechos rápidos (coberturas), evitando a emissão de pó no ambiente, que constitui um dos maiores agentes de contaminação dos grãos nas unidades, e o acesso dos operadores no interior dos mesmos, quando em funcionamento.
· Não entrar no interior dos secadores quando estes estiverem em funcionamento com a fornalha.
· Lembrar de, antes de realizar qualquer manutenção, retirar do quadro de comando os fusíveis referentes ao equipamento, colocando uma placa informando que este encontra-se bloqueado para utilização.
Dentro do processo da unidade, salientamos outros cuidados:
Formação de gases tóxicos:
· Evitar a entrada em poços e túneis com gases sem antes verificar as condições. Nestas situações, recomendamos instalar um sistema de aspiração de ar, onde o ponto de captação deverá ser no fundo do poço, junto ao pé do elevador.
· Para eliminar qualquer dúvida quanto a existência de gases, o procedimento correto é realizar uma limpeza periódica no pé do elevador e no piso dos túneis onde ficam depositados os grãos. No caso dos túneis, localizados abaixo de graneleiros ou baterias de silos, prever duas entradas de ar, para que haja uma circulação do ar residente, provocando uma contínua renovação.
Dependendo do produto que se armazena ou se transporta ou até em função das reações físico-químicas que se processam no interior de tanques, poderá conter ou ter contido teor deficiente de oxigênio, gases combustíveis, instáveis e gases tóxicos. Por isso, antes de entrarmos no interior de um tanque ou de outro tipo de espaço confinado, devemos realizar os monitoramentos adequados, de forma a garantir um ambiente inócuo e seguro.
Materiais em decomposição, da mesma forma, geram os agentes ambientais agressivos acima listados, por força das bactérias, pois consomem 02, e geram aprodução de metano, CO e mó (gases combustíveis) e produção de gases tóxicos.
Treinamento de pessoal
Sugere-se que todo o pessoal envolvido neste trabalho deva ser especialmente treinado, de forma que estes profissionais entrem e exerçam suas atividades nestes ambientes com segurança. Para isso, recomenda-se um programa minucioso de treinamento para profissionais, tais como encarregados de unidade de beneficiamento e armazenamento, soldadores, encanadores, revestidores, secadoristas, instrumentistas, eletricistas, etc.
Programa mínimo exigido
1. Reconhecimento dos riscos: o reconhecimento dos riscos de seu ambiente de trabalho através da visão, do olfato e pelo tato, na teoria e na prática;
2. Comunicação: perfeita integração dos executores do trabalho, entre estes e o vigia e entre o vigia e a equipe de resgate. Entre estes, o sistema de comunicação deve ser minucioso e detalhado;
3. EPI: todos devem conhecer, conservar e manter os seus EPIs, inclusive saber das suas limitações, cabendo à chefia a verificação;
4. Abandono de local: os trabalhadores devem sair do espaço confinado ao receberem ordem de evacuar;
5. Quando o alarme for ativado;
6. Quando percebem perigo;
7.Quando ocorrer circunstâncias como as descritas na permissão.
Programa para “permissão para entrada em espaço confinado”
Visa basicamente dar uma visão de conhecimentos destes ambientes, a fim de controlar os riscos e permitir a execução destes trabalhos com segurança. Este programa, basicamente, obedece a alguns itens:
1. Identificação dos riscos: identificar e avaliar cada risco do espaço confinado onde será realizado o trabalho;
2. Controle dos riscos: estabelecer por escrito e implementar os recursos pessoais e materiais, os procedimentos e as práticas para a entrada segura em espaços confinados;
3. Sistema de permissão: estabelece por escrito o sistema de permissão, onde deverão constar a preparação e a implementação da permissão de entrada;
4. Informações: restringe somente às pessoas autorizadas a entrada em ambientes confinados;
5. Prevenção complementar: através de treinamento prévio à entrada dos envolvidos direta ou indiretamente. É realizado pela chefia dos executantes;