Sementes Estrela: uma referência no agronegócio

Edição XXII | 03 - Mai . 2018
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br

    Ao contemplar a marca “Sementes Estrela” estampada nas sacarias de sementes que chegam às lavouras de diversos estados brasileiros e, mais importante, ao constatar seus elevados índices de produtividade, é impossível não lembrar do trabalho pioneiro de Guidálio Fischmann, iniciado há 43 anos no município de Jacutinga, estado do Rio Grande do Sul. Com espírito visionário e foco na qualidade, a produção da, então, Sementes GF logo alcançaria os estados do Paraná e São Paulo.

    Após mais de 20 anos como produtora de sementes, a GF deu lugar à Sementes Estrela, numa iniciativa liderada pelo filho e sucessor, Efraim Fischmann, cuja visão e arrojado espírito empresarial o guindaria a postos de liderança junto ao setor sementeiro nacional, em trajetória oportunamente evidenciada na matéria a seguir, a partir de entrevista concedida à SEEDnews. O esforço do jovem Efraim veio dinamizar o atendimento às necessidades do mercado: buscar novas tecnologias e melhorar a estrutura produtiva, apostando sempre na diversificação de cultivares.


    “Era o ano de 1997, contávamos com uma lei sobre Proteção de Cultivares e percebi que o mercado estava mudando e que precisávamos nos transformar numa empresa de sementes, com cooperantes e uma estrutura bem formatada. Aí criei a Sementes Estrela, passando a operar somente com esta marca. Meu pai havia se retirado do negócio”, recorda Efraim Fischmann, que depois de haver integrado os quadros da Apassul, como membro, presidiu a entidade em duas gestões (2000/2001 e 2013/2016). Ele também participa ativamente das discussões que envolvem os interesses do mundo sementeiro e as evoluções tecnológicas do setor, através das ações conduzidas pela ABRASEM, ABRATES e ABRASS.

    Movida pelo lema “O sucesso do produtor é o nosso futuro”, a Sementes Estrela tem em seu lastro uma trajetória de mais de 43 anos, período no qual vem produzindo, multiplicando e comercializando o que há de melhor em tecnologia de sementes de trigo e soja, obtidas das principais empresas obtentoras que pontuam as pesquisas em fitomelhoramento. Atualmente, são seus parceiros ícones mundiais como Brasmax, Don Mario, Monsoy, Nidera, TMG e Bayer, que viabilizam um portfólio de cerca de 40 variedades de soja, colocadas à disposição dos agricultores. Em trigo, a empresa mantém parceria com a Biotrigo, líder no setor.

    Dedicada à busca de soluções cada vez mais eficientes para garantir a sustentabilidade no campo (vide box no texto), a Sementes Estrela, com matriz em Erechim-RS, tornou-se referência no setor, oferecendo sementes certificadas de alta tecnologia e assistência técnica especializada. O objetivo da empresa é fazer o agricultor produzir mais e, com esse objetivo, auxiliá-lo com informações de mercado que possam ajudar na tomada da decisão certa para a comercialização de grãos, e com isso chegar ao melhor resultado financeiro possível.

    Sua capacidade técnica, criatividade, inovação, investimento em pesquisa, habilidade comercial e excelência em gestão, bem como a preservação de seus valores e objetivos, a colocaram entre as maiores empresas de sementes do Brasil com participação significativa na vida financeira das regiões em que atua, especialmente como geradora de empregos e de renda ao produtor rural.

    As atividades de produção da empresa estão concentradas em duas regiões produtoras, Erechim e Tupanciretã, ambas no RS. Nos últimos anos, grandes investimentos foram feitos, com a instalação de dois Centros de Tratamento de Sementes. O primeiro, inaugurado em 2014, em Erechim, ganhou o selo de Excelência em Tratamento de Sementes Industrial (TSI) da Syngenta, fazendo da Sementes Estrela a primeira sementeira a conquistar essa distinção no estado do Rio Grande do Sul. No ano de 2017, foi inaugurado o Centro de Tratamento de Sementes da Unidade de Tupanciretã/RS, com capacidade para processamento de 20 toneladas por hora, dobrando, assim, a capacidade do TSI da Semente Estrela. Além disso, novos investimentos já estão sendo feitos nesta unidade, principalmente na capacidade de armazenagem e ampliação da produção de sementes. Entre soja e trigo, o volume comercializado chega a 750 mil sacos de 40kg.



    Foco na qualidade

    “A preocupação com a qualidade é a principal herança que trago de meu pai, pois, assim como ele, entendo que constitui o principal atributo de uma semente. Daí nossa preocupação em introduzir tecnologias de ponta, multiplicando novas cultivares com características individuais que se adaptem e se desenvolvam com sucesso em todas as regiões que compreendem nossa atuação comercial. Fazemos da excelência em qualidade um alvo constante, sendo nosso grande diferencial”, enfatiza Fischmann. 

    Segundo o diretor-presidente da empresa, a semente é, para a agricultura, hoje, o principal insumo de transformação, inclusive com o advento da biotecnologia. É a via mais rápida de aumento da produtividade, reduzindo custos e diminuindo o impacto ambiental. Sua matéria-prima é obtida com criteriosa escolha de campos destinados à produção. “Tudo inicia com a boa semente, certificada, que transporta com garantia e segurança a carga genética indispensável para o sucesso da atividade agrícola. Como o objetivo do uso de sementes de qualidade é buscar maior produtividade, podemos afirmar, com segurança, que estamos ajudando a mudar o nível de produtividade de toda a região e do país.”

    O sucesso da Sementes Estrela pode também ser explicado pela parceria estabelecida com cooperantes, que multiplicam as sementes, e o teste de novas cultivares que realiza na fazenda da empresa. “Somente as sementes que atingirem alto padrão de qualidade são oferecidas aos agricultores da região e às revendas do Brasil, distribuídas nos estados do RS, SC, PR, SP, MG, GO e MS. A propósito, uma curiosidade: atualmente, mais de 80% das sementes de trigo e soja comercializadas pelas Sementes Estrela vão para fora do estado do RS.



    Aposta no Vigor

    Nos últimos quatro anos, a Sementes Estrela passou a usar o vigor como padrão de classificação de sementes e não mais somente a germinação. “Nós balizamos nosso controle de qualidade por vigor”, destaca Efraim Fischmann, observando que o padrão adotado é no mínimo de 80%, utilizando o teste de envelhecimento acelerado a 41oC por 48 horas. 


    Tratamento de Sementes Industrial (TSI)

    Hoje, 75% das sementes são embaladas nos chamados “big bags”, embalagens com cinco milhões de sementes (soja). Trata-se de uma tecnologia que não apenas facilita o processo de movimentação de sementes, mas sua aplicação está diretamente ligada às práticas do TSI. Ainda mais agora, com a chegada dos inoculantes líquidos de longa vida. Com isso, a empresa caminha para 100% no emprego dessas embalagens. 

    “Na Sementes Estrela, o TSI é utilizado há três anos, tratando atualmente 35% , mas o projeto é ir logo para 50-70%. Isso, no entanto, não quer dizer que a semente vendida não seja 100% tratada. O que acontece é que vendemos por canais em todo o Brasil e muitos desses canais têm suas próprias máquinas”, acentua Fischmann. Ele acredita que o TSI deva aumentar, em nível de Brasil, em curto espaço de tempo, como já ocorre nos Estados Unidos. Por questões legais e de qualidade.

    Nos processos de TSI, a empresa adota também o selo de qualidade da Syngenta, que equivale a uma ISO-9000, através do qual 100% das amostras devem ficar dentro do padrão previamente definido (recobrimento, dosagem, liberação de pó). “Então, além do TSI, o selo de qualidade traz a garantia de que realmente o produto está na dose exata. Porque se ficar a menos é um problema, e ficar a mais é um problema também”, observa o empresário. 

    Na realização do TSI, a Sementes Estrela emprega inseticida, nematicida, fungicida e film coating. A partir da safra 2018, passará a empregar inoculante líquido.


    Rastreabilidade 

    Numa época em que pessoas e empresas são desafiadas a primar pela ética e pela honestidade, iniciativas que evidenciem atitudes corretas e transparentes merecem ser enaltecidas. E transparência é o ponto alto do sistema de Rastreabilidade implantado pela Sementes Estrela em seu processo de produção. A iniciativa veio somar-se aos mecanismos de controle de qualidade da empresa. Contando com dois laboratórios e os registros de produção e as tecnologias de pós colheita, a empresa tem na Rastreabilidade das sementes uma forma de disponibilizar aos agricultores um histórico de seus produtos.

    O sistema funciona um ano e meio antes de o agricultor plantar a semente. Podem ser rastreados todos os passos do processo de produção: os campos por ocasião da colheita, bem como o processamento da semente e os controles de qualidade, que vão até o embarque para o agricultor.


    “Com o sistema de rastreabilidade, nós conseguimos deixar todas as informações à disposição do agricultor e da revenda, direto na sacaria. Ou seja, não é preciso olhar na nota. E o processo é facilitado pela introdução de um aplicativo (APP), através do qual são disponibilizadas as análises e procedimentos de campo, UBS e laboratório com fotos ilustrativas”, anuncia Fischmann.

    Através da rastreabilidade, será possível calcular quanto de semente o agricultor terá de plantar daquele lote – um mecanismo profissional e personalizado. Isto significa transparência e segurança através da ligação direta entre as fontes de produção e utilização. 

“Temos que mudar o Brasil pelos exemplos. Ser transparente, ser justo, ser honesto, ser verdadeiro, é o melhor. Esta é a diferença em relação à semente pirata, que não tem garantia, não tem rastreabilidade”, comemora o empresário. Ele enfatiza que um processo tecnológico para produção de sementes é totalmente diferente, não dá pra comparar com semente salva. Há toda uma tecnologia envolvida. “A rastreabilidade tem esse enfoque: o legal tem a diferença, é um produto oficial, que gera impostos e empregos, e tem garantia”, acrescenta.

    A Sementes Estrela na busca de processos para certificação de sementes de alta qualidade, credenciou-se ao programa Semente de Verdade, do Grupo Fertiláqua. “Assim, quando começamos a elaborar o pacote de tecnologia de produção de sementes com alto vigor, nos qualificamos a entrar no programa de Rastreabilidade, tendo a indicação da empresa O Agro por seu “start up” específico para sementes. O software é maravilhoso. Acreditamos no produto, acreditamos nas pessoas e já está implantado. Nossa semente de trigo, que for comprada, toda ela agora já é rastreada, já disponibiliza um código com o seu histórico”, informa Fischmann. A próxima será soja.

    Não basta produzir e comercializar sementes com alta qualidade (alta germinação e vigor), é necessário disponibilizar de forma acessível esta informações a todos os agricultores, para que estes possam realizar o planejamento da plantabilidade com base em informações reais do lote de sementes. A construção de alto rendimento de grãos inicia necessariamente com um excelente estabelecimento da lavoura, com plantas de alto rendimento, livre de falhas e plantas dominadas.


    Sistema de sementes

    Instado a oferecer alguma sugestão para melhorar o sistema brasileiro de sementes, em termos de Plataforma Legal, o empresário pondera que a Lei de Proteção de Cultivares foi feita para um Brasil de uma época diferente. Em sua opinião, a agricultura de hoje é profissional, independente e superavitária. “Não tem mais sentido achar que é preciso proteger o agricultor, para ele não precisar pagar royalties, para fazer semente salva, e que com isso vamos estar melhorando a agricultura, ajudando o agricultor. Muito pelo contrário, se continuar esse quadro – como por exemplo no RS, onde mais de 50% corresponde a semente salva –, o investimento em tecnologia, em variedades, será perdido. O agricultor vai acabar perdendo e a produtividade declinando”, opina. 

    Fischmann crê que este é um setor que se autodelimita pelas normas internacionais: “Quem cria tem direito; a concorrência tem direito, e logo vamos ter mais opções. Todos têm que pagar, isto é justo!” 



    Outros comentários

    Ao fazer uma avaliação final sobre o estágio atual do negócio de sementes no país, o empresário disse acreditar que, depois do que chamou de momento 1.0 da semente ( soja RR) e de momento 2.0 (soja Intacta), estejamos no “momento 3.0 da semente”. O 3.0 não é só tecnologia, mas a possibilidade de ter duas empresas com duas ou mais tecnologias. 

    “Nunca havíamos tido isso. A semente, junto com todo o processo tecnológico, está sendo o grande banalizador para essas mudanças de paradigma de produção. Ficamos estagnados nos 50sc/ha (como média nacional) durante muito tempo. Hoje, nossos campos de produção, há três anos, apresentam média superior a 75sc/ha. Já conseguimos uma estabilidade com tecnologia fantástica, enquanto o Brasil ainda está com 52-53. Então, o grande passo é empurrarmos essa média para 70 sacos/ha. Daí haverá menor pressão para abrir novas áreas e mesmo assim vamos produzir cada vez mais”.

    Outro aspecto abordado diz respeito ao financiamento das operações. Embora o custo financeiro para fazer essa roda girar seja sempre um elemento de preocupação, Fischmann destaca que os atuais parâmetros das taxas de crédito para o setor estão ajudando no processo de implantação mais rápida das novas tecnologias. “A juros mais baixos, o processo de financiamento ao agricultor para acesso às novas tecnologias se viabiliza, ao contrário da época em que as taxas eram absurdas e o crédito muito mais difícil. Hoje, o crédito ficou mais fácil, mais rápido e mais barato”, avalia.

    Finalizando, pode-se afirmar que as maiores fortalezas da Sementes Estrela, em relação aos elos da cadeia de sementes, são o controle da qualidade das sementes e o amplo portfólio de cultivar para atender adequadamente o agricultor.  Soma-se a isto incontestavelmente, a tradição. Afinal, 43 anos de estrada não podem ser desprezados. 

    Deixamos que Efraim Fischmann apontasse os pontos fracos, aquelas mazelas internas que ainda acometem a produção de sementes. Ele citou, em primeiro lugar, a legislação que protege as sementes salvas. E lamentou que ainda não se tenha conseguido fazer com que a linguagem da qualidade da semente seja realmente uma linguagem familiar ao agricultor, embora, segundo ele, esta realidade esteja melhorando a cada dia. A academia vem publicando artigos científicos sobre os benefícios do uso de sementes de alta qualidade há muito tempo.


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