A Fundação Pró-Sementes (FPS), criada em 1999 com o
objetivo principal de licenciar cultivares criadas pela Embrapa, realizou, em
agosto último, um simpósio para comemorar o seu 200 aniversário. A
programação constou, além de homenagens aos fundadores e colaboradores da entidade,
também de quatro palestras sobre aspectos que contemplavam as inovações
tecnológicas e suas relações humanas e comerciais.
Até 2004, a FPS dedicava-se quase que exclusivamente ao licenciamento de cultivares de soja, trigo, aveia e triticale criadas pela Embrapa, para seus instituidores, que inicialmente eram em número de 51 e atualmente são 45. Entre as espécies, destaca-se a soja, pela grandeza do negócio, e em segundo plano o trigo. Neste sentido, registra-se que o início da FPS foi praticamente junto com a soja RR1, que inicialmente estava para ser adotada, e, entretanto, não foi liberada para comercialização. Isto fez com que o comércio da soja RR1 fosse ilegal, colocando os produtores de sementes das cultivares criadas pela Embrapa numa situação difícil, pois ficaram sem material para competir com as RR1 vindas do exterior de forma ilegal. Assim, a FPS teve que se reinventar em 2005, pois não tinha material para licenciar.
Felizmente, em 2005, a FPS começou a
oferecer serviço de certificação de sementes em nível nacional para todas as
empresas de sementes que assim desejassem, sendo a primeira no país a oferecer
tal serviço. Atualmente, com a estratégia dos obtentores em bonificar os
produtores de sementes licenciados, que comercializam lotes de sementes com
mais de 90% de germinação, o controle externo de qualidade oferecido pela FPS é
uma ótima ferramenta. O controle externo de qualidade propicia uma maior
transparência nas relações comerciais.
Outra atividade forte da FPS é o
treinamento de pessoal, que realiza em convênio com universidades, como foi o
do mestrado profissional com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), ou sob
demanda específica, como para amostradores, gerentes de UBS, responsáveis
técnicos, produção de sementes (soja, milho, arroz e trigo), entre outros.
Palestras
A organização do simpósio contemplou quatro
palestras: 1- Políticas no negócio de sementes (palestrante Silmar Teichert
Peske); 2- Gestão de pessoas na era digital (palestrante André Souza); 3- Do Arado
à Agricultura 4.0 (palestrante João Oliveira Jr); e 4- Ferramentas da
Biotecnologia na Agricultura: passado, presente e futuro (palestrante Liliane
Mertz Henning).
As palestras podem ser divididas sob dois
aspectos, um de cunho tecnológico comercial e outro de relações humanas e informatização.
Sobre aspectos tecnológicos comerciais, os
palestrantes abordaram as inovações mais recentes, destacando-se o uso do vigor
e da rastreabilidade das sementes como ferramenta comercial e dos novos métodos
de melhoramento que simplificam acentuadamente o tempo necessário para obtenção
de uma nova cultivar. Ênfase também foi dada à coleta de royalties e da taxa
tecnológica como estímulo para quem cria e desenvolve materiais superiores, e,
neste sentido, o Brasil é uma referência internacional de um sistema que
funciona.
A grande mensagem deixada pelos
palestrantes sobre relações humanas e informatização é de que as inovações são
fruto da criatividade e persistência de pessoas, apesar de todas as facilidades
propiciadas pela inteligência artificial. Atualmente, o agricultor pode ser
considerado um gestor, e como tal deve ser entendido, pois é cada vez mais
comum o agricultor possuir instrução de nível médio ou superior. Os avanços tecnológicos
foram grandes e rápidos nos últimos 10 anos, os quais alguns não conseguiram
acompanhar, enquanto outros muito se beneficiaram, como foi o caso dos
agricultores que podem comprar e vender sem sair de casa, entre outras
possibilidades.
Parabéns à Fundação Pró-Sementes pela profícua contribuição ao setor de
sementes nacional em seus 20 anos de existência.