A agricultura exige que produtores e demais agentes das cadeias produtivas tenham eficiência e competitividade, mas sem, no entanto, esquecer a sustentabilidade. Neste ponto reside a grande complexidade do Agronegócio frente a estes desafios. Ao mesmo tempo em que precisamos ser produtivos, para reduzir custos e maximizar margens, devemos atentar para a conservação dos recursos naturais, respeito às leis ambientais e trabalhistas e ao bem-estar animal. Essas demandas, embora tenham origem em mercados importadores exigentes como a União Europeia, têm obtido feedback também no mercado interno, não restando outro caminho ao agro brasileiro, apenas ser produtivo com sustentabilidade.
A expressão “Intensificação Sustentável”, conforme a Royal Society, significa “a produção de mais alimento em uma base sustentável com a mínima abertura de novas áreas agrícolas”. O termo “Intensificação Sustentável” traz um polêmico debate. Para alguns pesquisadores, não é possível a intensificação em larga escala da agricultura com sustentabilidade, pois isso implicaria em maior uso de insumos e abertura de novas áreas. Por outro lado, tecnologias como os sistemas integrados lavoura-pecuária-floresta e a pecuária em campo nativo, desde que bem conduzidos, podem trazer lucratividade com importantes benefícios ambientais. A questão é complexa, pois uma mesma tecnologia, dependendo de como for aplicada e manejada, pode ser sustentável ou extremamente danosa ao ambiente. Cada tecnologia possui distintas configurações conforme a situação da propriedade, condições edafoclimáticas e manejo adotado.
A pecuária com base em campo nativo, predominante na região do Pampa Gaúcho, se for bem conduzida e fundamentada em técnicas de melhoramento como ajuste de carga, diferimento e manipulação da estrutura do pasto, pode constituir-se em um case de intensificação sustentável. Temos como exemplo os trabalhos realizados na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Embrapa, cujas pesquisas mostram que o rendimento pode passar dos atuais 70 kg carne/ha/ano, média do RS, para 210 kg carne/ha/ano, sem gasto financeiro, apenas com a utilização do conhecimento do produtor. A partir deste ponto, ganhos adicionais podem ser obtidos, porém com custos financeiros que podem colocar o sistema produtivo em risco, mesmo que as margens sejam maiores.
Sistemas integrados lavoura-pecuária-floresta e a pecuária em campo nativo, desde que bem conduzidos, podem trazer lucratividade com importantes benefícios ambientais
Na agricultura, diversos estudos têm demonstrado que a escolha de uma semente de qualidade e com genética superior poderá resultar em um desempenho produtivo significativamente maior, comparado com sementes de origem desconhecida.
Uma densidade de semeadura recomendada para cada cultura em uma dada condição edafoclimática pode refletir em uma distribuição mais adequada das plantas na lavoura, propiciando uma melhor exploração dos recursos do meio (água, nutrientes e luminosidade), traduzindo-se por maior área foliar, melhor eficiência fotossintética e aumento na produção de grãos.
Na produção de forrageiras cultivadas, a simples escolha da formulação do adubo, uso ou não de calcário e época de aplicação podem determinar uma eficiência de utilização dos minerais, que pode variar de 20 a mais de 90%. São escolhas que nem sempre resultam em maior custo, mas que podem resultar em ganhos produtivos e ambientais importantes.
Dados de 2017 do MAPA e Embrapa mostram que o país possui 11 milhões e meio de hectares com sistemas integrados de produção. Deste total, 83% apenas com lavoura-pecuária, 14% com lavoura-pecuária-floresta e 3% com pecuária-floresta. A intenção do governo é superar os 20 milhões de hectares nos próximos anos.
O uso de tecnologias eficientes e sustentáveis como os sistemas integrados, a rotação de culturas, o sistema de plantio direto, o manejo sustentável de pastagens temperadas e tropicais, dentre outras, evita a destruição de áreas de vegetação nativa e recupera áreas ambientalmente degradadas como as existentes principalmente na Floresta Amazônica e no Cerrado. Desse modo, o crescimento significativo em produtividade no Brasil vem sendo obtido com mínimo de impacto nos seus Biomas, contribuindo ainda para a redução na emissão de gases estufa, fixação do homem no campo, melhoria na renda e geração de empregos. Dados recentemente divulgados pela Embrapa conjuntamente com a NASA comprovam estas afirmações.
Nas últimas duas décadas o Brasil tem passado por grande intensificação na produção agrícola e pecuária, refletindo-se na elevação do preço da terra na maioria das regiões produtivas e nas áreas até então consideradas marginais, como Norte e Nordeste. Este aumento na intensificação, porém, nem sempre se reflete em sustentabilidade. Ainda temos sérios problemas tanto produtivos como ambientais, que somente serão solucionados com capacitação, boa formação técnica e acadêmica e melhor treinamento para produtores, gestores e demais colaboradores atuantes nas cadeias produtivas do agro.
A tecnologia em si não é boa nem ruim, cabe ao agricultor compreendê-la para saber utilizá-la, adaptando-a à sua realidade produtiva. A necessidade do agro brasileiro em produzir, gerar renda, empregos e ao mesmo tempo ser sustentável é o nosso grande, porém possível desafio. Rumo à Intensificação Sustentável nas atividades produtivas.
Dados de 2017 do MAPA e Embrapa mostram que o país possui 11 milhões e meio de hectares com sistemas integrados de produção. Deste total, 83% apenas com lavoura-pecuária, 14% com lavoura-pecuária-floresta e 3% com pecuária-floresta. A intenção do governo é superar os 20 milhões de hectares nos próximos anos.
A rotação de arroz com soja em áreas de várzea auxilia no manejo de ervas indesejáveis (principalmente arroz vermelho), minimiza riscos, promove a melhoria crescente no potencial produtivo do solo, traduzindo-se em maior produtividade e sustentabilidade do sistema produtivo.