A comparação entre a produção das safras
95/96 e 96/97 mostra aumentos e diminuições, variando de estado para estado e, consequentemente,
de região para região. Concentrada no Centro- Sul, mas estendendo-se de sul ao
norte e de leste a oeste, a área de sementes forma um mapa irregular no
território brasileiro, no que se refere às áreas plantadas e às espécies
envolvidas. Dos plantios para semente, 50,78% foram realizados pelos estados da
região Sul; 39,48% no Centro- Oeste, 7,29% no Sudeste; 2,34% no Nordeste; e
0,11% na região Norte.
Na safra 96/97, as espécies referidas como
grandes culturas apresentaram o seguinte aumento na produção de sementes, em relação
à safra anterior: feijão, 67%; soja, 35%; arroz, 22%; e trigo, 16%. Porém, a
produção de algodão teve uma redução de 16%. O grande destaque no crescimento da
produção de sementes ficou com o feijão, que apresentou aumento de 75%, na
região Centro-Oeste; 65%, na região Sudeste; e 52%, na região Sul.
A produção de sementes de espécies forrageiras
cresceu 4%, enquanto ocorreram diminuições em ervilha (86%) e olerícolas (46%).
Em alho planta não houve alteração. O destaque do aumento de forrageiras ficou
com a região Sul (16%), ocorrendo reduções no Centro-Oeste (25%) e Sudeste
(6%). Em outras culturas, como aveia, cevada, linho, sorgo e triticale, o grande
destaque coube à cevada, cuja produção de sementes teve um crescimento
significativo na região Sul — 54%.
Em relação às demais, a produção de sementes
das chamadas grandes culturas é predominante, na realidade brasileira: 92% na
safra 95/96 e 93% na safra 96/97, o que ainda caracteriza o baixo nível de
oferta de sementes, quanto às espécies de menor significado na economia agrícola.
Entretanto, neste aspecto, a região Sul é a mais diversificada. Mesmo nas
grandes culturas, manteve- se um “fosso tecnológico” representado pelo plantio
de mais de oito milhões de hectares com grãos, ou seja, 33% da área total. O
ranking das áreas cultivadas com grãos - não com sementes compradas no ano ou
sementes próprias -, por espécie, é o seguinte: em feijão, 1.289.676 ha (88% do
total plantado na safra 96/97); arroz, 985.503 ha (59%); milho, 3.036.368 ha
(33%); suja, 2.940.599 ha (27%); e trigo, 95.694 ha (7%).
Segundo o relatório, há uma margem para
o crescimento do mercado de sementes melhoradas das grandes culturas, da ordem
de 477 mil toneladas, para substituir o plantio de grãos. Os “bolsões” com
possibilidade de crescimento estão em algodão (MT, MG e GO), arroz (RS), feijão
(PR e MG), soja (RS), e trigo (PR e RS) - com a perspectiva de absorção de
cerca de 240 mil toneladas.
O mercado de sementes poderia igualmente
crescer em vários estados, mas com ênfase na região Sul, com 39 mil toneladas.
Estas informações indicam claramente onde estão os mercados de sementes que
poderão expandir-se, quanto as espécies e os estados, no Centro- Sul
brasileiro.
A safra 96/97 pode estar inaugurando uma
boa fase de incrementos crescentes na produção brasileira de sementes, para uma
maior oferta da tecnologia É “cultivar”, que, certamente, é a forma mais barata
de beneficiar a produtividade, além de reduzir a enorme ociosidade do setor,
hoje estimada em cerca de 67%, objetivando também melhorar a viabilidade deste
tipo de negócio, tão importante para a agricultura nacional.
Por outro lado, os dados da safra 96/97
referentes a áreas aprovadas para a produção de sementes, pelos órgãos
estaduais competentes, provenientes de 21 Unidades da Federação, vêm comprovar
a continuidade do longo ciclo de oito anos de redução da produção brasileira de
sementes melhoradas, sob controle governamental.
Entretanto, alguns aspectos das
variações de áreas plantadas para a obtenção de sementes, segundo as espécies e
categorias, merecem observações:
a) A despeito da queda da área de
sementes básicas (-18%) para várias espécies, o crescimento Frinciuí cebola e
cenoura em soja e algodão parece indicar interesse maior na qualidade, enquanto
que o aumento em batata está incorporado no conceito de produção deste insumo.
b) Com exceção da área dedicada à
obtenção de semente registrada de arroz irrigado, houve uma drástica perda de
área (- 55%) e para outras espécies (batata, soja e trigo), nesta classe.
c) A ocorrência de grandes perdas de
área para a produção de semente certificada, na safra 96/ 97 — algodão, arroz
de sequeiro, batata, feijão, milho trigo — foi, de certa forma, compensada por ganhos
ocorridos em soja e arroz irrigado, nesta classe.
d) Na ponta da linha dos sistemas brasileiros
de produção de sementes, as áreas de sementes fiscalizadas cresceram para arroz
irrigado e feijão, porém diminuíram significativamente para algodão, forrageiras,
milho, soja e trigo.
e) Estas informações exemplificam a
diferenciação do mercado de sementes no País, ao mesmo tempo em que ele se
ajusta rapidamente às possíveis demandas, por segmento e categoria de semente.
f) Finalmente, as áreas aprovadas para a
produção de sementes básicas, na safra 96/97, representam, em boa parte, ações
governamentais; enquanto que a produção de sementes registradas, certificadas e
fiscalizadas correspondem à típica atividade econômica do setor privado, de grande
interesse para a produtividade das lavouras, através da disseminação de
cultivares públicas.