A série ISO International Standards
Organization, ou organização internacional de padrões- desenvolveu-se em 1987 como
uma forma de estabelecer uma unidade de padrão para as empresas de todo o
mundo. O movimento pró-qualidade tem suas raízes nas tentativas dos militares britânicos
de avaliarem a capacidade das companhias durante a II Guerra Mundial. Desde então
diversos sistemas de padrões desenvolveram-se separadamente no Reino Unido e
EUA. A série ISO 9000 é o primeiro conjunto de padrões que países de todo o
mundo aceitaram como parâmetro para a avaliação de sistemas de gerenciamento de
qualidade.
Para ser considerada Iso-certificada em
uma das quatro séries (9001,9002,9003 ou 9004), baseada na espécie de negócio,
uma organização deve passar por uma avaliação extensa dos procedimentos operacionais.
A avaliação, chamada de inspeção de qualidade, é feita por uma terceira organização,
autorizada a desempenhar tal função. Durante as visitas de inspeção,
identifica- se e se documenta cada procedimento de um processo de produção a
fim de assegurar-se que uma operação ou atividade possa ser completada
consistentemente, sem desvio, pelos funcionários. Quanto mais detalhada a
documentação, mais completa a avaliação de um certo processo. O objetivo é
determinar os procedimentos operacionais corretos e documentá-los para
referência futura.
A auditoria não é realizada apenas uma
vez. As empresas submetem-se a auditorias a cada seis meses, por uma fonte
externa, para ajudar a assegurar aos clientes que, mesmo com troca de
empregados, a qualidade permanece a mesma.
Apesar das muitas variações que podem
ocorrer na produção de sementes, por exemplo, os produtores e adquirentes do
produto concordam em que há critérios- padrão a seguir, de forma que uma
empresa possa ser considerada dentro desse exigente mercado. Um dos mais
importantes destes critérios, de acordo com as companhias, é a consistência. Parte
do desafio da consistência é dar aos clientes exatamente aquilo que eles
esperam. Por exemplo, quando alguém vai a um McDonald's sabe exatamente o que
lhe vai ser servido, o gosto e a aparência que terá. O mesmo deve acontecer com
o produtor de sementes. O cliente deve saber exatamente o que esperar em termos
de produto final. Se a informação do produtor consignar um determinado percentual
de germinação, o comprador não pode receber nada diferente. Ou não haverá consistência.
Embora a certificação seja um meio de
avaliar a qualidade do processo de um fornecedor, ainda não é necessariamente
uma garantia de qualidade. A certificação é uma forma de aumentar a qualidade,
mas este não é o objetivo final. Ela é o caminho para o sucesso futuro, pois os
clientes valorizarão o fato de que a empresa investiu para assegurar a melhor
qualidade possível para estes clientes.
"Esses programas garantem
qualidade idêntica em todas as fases de produção,
em processo padrão"
Aumento de renda
Antes mesmo de buscar o
Certificado ISO 9002 uma empresa precisa implantar um programa de qualidade
total. Esse é um processo extremamente importante que lhe dá melhores condições
de atendimento aos clientes, através de produtos ou serviços, reduzindo os
custos de produção e aumentando a rentabilidade, explica Marcelo Prado, do
grupo ALGAR.
Esse processo começa pelo convencimento,
pelo modo de pensar do líder da empresa, que deve acreditar nisso e motivar as pessoas
que com ele trabalham a desenvolver a qualidade total. Mas não se pode ficar no
topo e esquecer de transmitir a ideia à base, a todos os funcionários, mesmo os
de menor categoria. Quando todos acreditarem na qualidade como instrumento de melhoria
de resultados da empresa, do ambiente de trabalho, e de qualidade de vida,
quando isso acontece os resultados surgem de forma muito rápida. É quando se
observa a redução nos desperdícios, nos custos de produção, a empresa se torna
mais ágil, mais competitiva, as pessoas se sentem mais motivadas e aumentam a
participação.
Depois disso, de implantação desse
programa de qualidade total, então talvez seja o caso de se pensar no processo
de implantação da ISO 9002, que se constitui num processo de organização do
processo produtivo da empresa, passo a passo, através de mecanismos e manuais, onde
a empresa tem uma política das qualidade que ela persegue. Todo esse processo
gera um produto de melhor qualidade e maior confiabilidade para o cliente. Quando
se compra um produto com o certificado ISO 9002 adquire- se a segurança de que
houve observância de padrões internacionais de qualidade e comprova que a
empresa se compromete com a modernidade e processos evoluídos de produção.
Um bom argumento de vendas
As unidades de produção e sementes
básicas da Pioneer Sementes Ltda. situadas no Brasil, Argentina e Chile, desde
janeiro de 1997 possuem o Certificado de Qualidade ISO 9002 para seus processos
de produção.
Antes disso, é certo, já haviam desenvolvido
programas de qualidade. Como resultado, salientam os representantes da empresa,
quem usar as sementes Pioneer terá a certeza de que cada lote passou pelos
padrões de qualidade, isto é, cada saco de sementes que chegar às suas mãos
contém exatamente o que a empresa apregoa. Assim, por exemplo, se a empresa informar
que o lote apresenta 98% de germinação, o produtor pode ter a certeza de que é
exatamente isso o que terá.
Na avaliação de Claudio de Miranda
Peixoto, gerente de produtos da unidade de Santa Cruz do Sul, RS, a obtenção do
Certificado não chegou a alterar a rotina empresarial, posto que os programas
de qualidade anteriormente implantados já haviam produzido a mentalidade interna
necessária. De certa forma, apenas incrementaram-se algumas metodologias, como o
fato de que todos os funcionários, inclusive os temporários. recebem
treinamento antes de realizar qualquer atividade. Da mesma forma, não há
operações sem registro. Um exemplo é a calibragem de equipamentos, que antes da
ISO era ado mas sem “a complementação do que hoje é rotina.
De acordo com Claudio, o fato mais
relevante que surge é o controle total de todas as fases do processo. Além
disso, a ISO 9002 incentiva a empresa = buscar sempre uma melhoria contínua,
através de suas ferramentas como as auditorias internas, ações preventivas e
corretivas, além de treinamento e calibragem.
Mas o que é, afinal, o Certificado ISO
9002? Claudio explica: é o conjunto de normas para administração de um
sistema de qualidade. Um auditor qualificado certifica se o sistema de administração
da qualidade está documentado e se efetivamente mantido. Dentro da série ISO
9000 (que fornece orientação na seleção do modelo certo de usar conforme a
empresa), existem ainda a ISO 9001- usado em empresas que querem ter normas e
padrões desde o projeto, desenvolvimento, produção, instalações e assistência
técnica-, a ISO 9002 - usado nas empresas para ter normas e padrões na produção
e nas instalações-, a ISO 9003 (que trata de normas e padrões nas inspeções
finais do produto) e a ISO 9004 , que trata de como gerenciar a qualidade na empresa.
E um guia que fornece a explicação dos elementos usados nos três sistemas
anteriores.
À empresa considera a obtenção do
certificado um fator importante de ganhos. Destaca Claudio Peixoto, especialmente,
as especificações e padrões definidos do produto para todas as fases do
processo produtivo, e a elevação do nível técnico dos colaboradores. Todos passaram
a conhecer melhor as atividades e como elas devem ser desenvolvidas para que se
atinjam os padrões estabelecidos. Também houve um reestudo de todo o processo
produtivo, eliminando tarefas e registros desnecessários, bem como auxiliou na globalização
das unidades. Hoje a Pioneer mantém procedimentos semelhantes em todas as
unidades do mundo. Igualmente destacou a abertura de mercado externo e a
fixação, em padrão alto, da confiança entre os clientes e fornecedores.
A Pioneer escolheu como entidade certificadora
a BVQI, argentina, empresa de largo conceito em qualidade e líder no setor. O
processo iniciou em junho de 95, culminando em janeiro de 97. Começou pelo
treinamento de ISO 9000 para gerentes e supervisores da produção, semente
básica e laboratório, formando um time para difundir o sistema dentro da
empresa. Em julho de 95 treinaram- se os grupos de auditores internos e de
agosto a dezembro revisou-se o processo de produção. Nessa fase escreveram- se
os procedimentos administrativos e operacionais, as instruções de trabalho e
revisaram- se todos os registros e referências.
Em janeiro seguinte iniciou o
treinamento de todos os funcionários e implementou-se a parte administrativa do
sistema. No mês seguinte iniciou-se a implementação da parte operacional e em
maio ocorreu a primeira auditoria interna e a primeira reunião de revisão de gerenciamento.
Em setembro ocorreu a pré-avaliação da entidade certificadora, em outubro realizou-se
a auditoria e em novembro e dezembro adotaram- se as correções da auditoria de
certificação, para em janeiro obter-se a aprovação do certificado.