A qualidade da soja pode ser influenciada por diversos
fatores, que podem ocorrer no campo antes e durante a colheita e durante todas
as outras etapas da produção, como secagem, processamento, armazenamento,
transporte e semeadura. Enquanto isso, no campo, as sementes estão sujeitas a
vários fatores, que podem prejudicar seriamente a qualidade. Tais fatores
incluem extremos de temperatura durante a maturação, flutuações na umidade
ambiente, incluindo má nutrição de plantas, insetos presentes e adopção de
técnicas de colheita inadequadas. Vários patógenos de campo também podem afetar
a qualidade da soja. Phomopsis sp
", Colletotrichum truncatum, causando antracnose, Cercospora kikuchii, causando a mancha roxa e Fusarium spp. Eles
são alguns dos patógenos mais frequentes associados à soja.
1. Deterioração no
campo.
A deterioração no campo, também conhecida como deterioração pela
umidade, é o processo de deterioração que ocorre após o ponto fisiológico de
maturação e antes da colheita das sementes. É um dos fatores que mais afeta a
qualidade da soja, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais.
Sementes de soja geralmente têm a maior viabilidade na
maturidade fisiológica com vigor máximo. Enquanto isso, as sementes não podem
ser colhidas mecanicamente nesse ponto, pois possuem um alto grau de umidade. O
intervalo entre a maturação fisiológica e colheita, que pode variar de alguns
dias a diversas semanas, é caracterizado como um período de armazenagem e,
raramente, as condições climáticas no campo são favoráveis para manter a
qualidade das sementes, especialmente em regiões tropicais. A exposição da soja
a ciclos alternados de alta e baixa umidade antes da colheita, devido à
ocorrência de chuvas frequentes, ou às flutuações diárias da umidade relativa,
resulta em deterioração. Isso será ainda mais intenso se tais condições
estiverem associadas a altas temperaturas, comuns em regiões tropicais. A presença
de rugas nos cotilédones, na região oposta ao fio, é um sintoma típico de
deterioração pela umidade.
Além das consequências diretas sobre a qualidade das
sementes, a deterioração pode resultar
em uma maior taxa de danos mecânicos à cultura, já que as sementes deterioradas
são extremamente vulneráveis a impactos mecânicos. A deterioração no campo
pode ser intensificada pela interação com alguns fungos, como Phomopsis spp. e Colletotrichum truncatum, que, ao infectar as sementes, pode
reduzir o vigor e a germinação. Várias práticas podem ser usadas para minimizar
as consequências da deterioração da semente no campo, que serão abordadas a
seguir:
b- Antecipação da colheita: a operação de colheita pode ser
antecipada, quando a umidade das sementes é em torno de 18 a 19%. Esta operação
pode ser adotada, caso o produtor de sementes tenha amplo conhecimento da
regulação do sistema de trilha, evitando a produção de danos mecânicos. Além disso, uma estrutura
adequada de secadores deve estar disponível para que o grau de umidade das
sementes seja reduzido a níveis adequados, sem reduzir a germinação e o vigor.
A antecipação da colheita, através do uso de dessecantes foliares, como o Paraquat,
não é recomendada, quando o objetivo é a produção de soja de melhor qualidade.
c- Regiões selecionadas mais propícias para a produção de
sementes: a seleção de áreas mais adequadas para a produção de soja de alta
qualidade requer estudos de investigação adequadas, especialmente em regiões
tropicais. A produção de sementes exige condições de tempo seco associados a
temperaturas amenas. Tais condições não são facilmente encontradas em regiões
tropicais, mas pode ser encontrado nas regiões acima de 700 m de altitude, ou
ajustando o período de semeadura para a produção de sementes. Para cada
elevação 160 m de altitude ocorre, em média, uma redução na temperatura de 1ºC.
Após cinco anos de avaliação da qualidade da soja, estudos na soja Embrapa
possibilitada Zoneamento Ecológico Paraná para a produção de sementes de alta
qualidade. Outros estudos similares possibilitou a identificação de regiões
propícias à produção de soja em várias regiões brasileiras. Como exemplo,
pode-se citar a região de Serra de Petrovina, perto de Rondonópolis no estado
de Mato Grosso, que permitiu que a produção de soja na região.
e-:Aplicação fungicidas foliares No Brasil, a aplicação de
fungicidas foliares é recomendado para algumas doenças que aparecem no final do
ciclo (mancha castanha provocada por Septoria
glycines, rugas, foliares provocadas por Cercospora Kikuchi) e o oídio, causada por Microsphaera diffusa. Além de permitir que o controle de tais
doenças, o uso de fungicidas de tratamento foliar, é recomendável, uma vez que
pode levar a melhores rendimentos e sementes de alta qualidade. Entretanto,
deve ser mencionado que um dos melhores métodos para o controle de agentes
patogénicos de origem da semente é o uso de variedades resistentes. A criação e
utilização de cultivares resistentes às principais doenças resultar em menor
necessidade de aplicação de fungicidas foliares, levando a reduzir a poluição e
economia ambiental para os produtores de soja.
2. Estresse causado
por temperatura alta durante o enchimento de grãos
A ocorrência de altas temperaturas associadas à baixa
disponibilidade de água durante a fase de enchimento de grãos pode resultar em
reduções na produtividade, bem como na germinação e no vigor das sementes. Soja
sujeita a alta temperatura e estresse seco resulta em semente pequena e menos
densa, imatura ou verde, enrugada ou deformada. A intensidade desses sintomas
depende do nível de ocorrência dessas condições, bem como da cultivar que está
sendo utilizada.
3. Nutrição de
plantas
3.1 Deficiência de potássio
3.2 Deficiência de fósforo
A deficiência de fósforo pode afetar a qualidade das
sementes de soja, mas com uma intensidade de resposta não tão drástica quanto a
observada com o potássio. É importante que a correção da acidez do solo
(alumínio tóxico) seja realizada adequadamente, pois a disponibilidade de
fósforo depende dessa correção. Experiências em solos ácidos em Campo Mourão,
PR mostrou que a produção de sementes de melhor qualidade estava relacionado
com o nível de fósforo no solo e também com a acidez, tomando como base o
método de saturação de bases para 70%.
4. Danos causados
por percevejos
Outro tipo de dano que está causando sérios danos à
indústria de sementes é o resultante da incidência de percevejos. As espécies
mais frequentemente encontradas no campo são
Nezara viridula, Piezodorus guildini e Euschistus heros. Quando os insetos atacam
as sementes de soja, inoculam a levedura Nematospora
coryli. A colonização dos tecidos das sementes por essa levedura provoca
necrose, resultando em perda de germinação e vigor. As sementes picadas podem
ter manchas típicas, que podem ser deformadas e enrugadas.
O controle de percevejos nos campos de produção de sementes
deve ser realizado com grande atenção com constante monitoramento, pois o dano
causado por esses insetos à soja é irreversível. Nos campos de produção de
sementes, o controle deve ser iniciado imediatamente, quando a presença dos
insetos é verificada.
5. Colheita
A colheita é a fase mais crítica de qualquer processo de
produção de soja. Todas as técnicas específicas de produção de sementes
aplicadas no campo podem ser perdidas e a qualidade delas arruinada, se os
cuidados especiais não forem tomados durante a operação de colheita. Quatro
parâmetros importantes devem ser considerados durante esta operação: época de
colheita, danos mecânicos, mistura varietal e perdas de colheita. Idealmente,
as sementes devem ser colhidas o mais rápido possível quando atingirem o ponto
de maturação da colheita. As consequências do atraso da colheita já foram
ilustradas.
A colheita pode ser uma fonte de mistura varietal, caso não
sejam realizados procedimentos especiais: isolamento entre os campos de
produção de sementes e a limpeza completa das colhedoras. Embora a mistura
mecânica durante a colheita possa causar uma redução na pureza varietal, pouca
atenção tem sido dada à identificação e solução dos pontos críticos na
estrutura das máquinas de colheita, onde as sementes podem ser alojados. Em
relação à troca de cultivares, é importante realizar uma limpeza completa da
colhedora, com ênfase especial nas estruturas de debulha e limpeza.
Recentemente, na Embrapa soja, uma metodologia prática e
simples foi desenvolvida para selecionar genótipos de soja de acordo com sua
suscetibilidade a danos mecânicos, conhecida como teste do pêndulo. Esse
procedimento permite a identificação de genótipos de soja mais resistentes a
esse tipo de dano. Danos mecânicos
resistência da soja está relacionado com o teor de lignina no tegumento:
genótipos de soja com mais de 5,5% de lignina no tegumento são resistentes a
danos mecânicos.
Os níveis de dano mecânico são reduzidos se a soja for
colhida o mais rápido possível, após atingir entre 15 e 13% de umidade. As
menores taxas de danos mecânicos e perdas na colheita são obtidas quando a
colheita é feita quando a umidade das sementes é em torno de 13.
Outras sugestões que podem ajudar o produtor de sementes a
reduzir os danos mecânicos durante a colheita são: a) ajustar a velocidade do
cilindro (400 rpm ou menos), adequadamente para a abertura completa das vagens,
com um nível mínimo de dano mecânico; b) a abertura do côncavo deve ser o mais
ampla possível, de modo a permitir debulha adequada; c) as sementes debulhadas
devem ser avaliadas através do teste do hipoclorito de sódio, pelo menos três
vezes ao dia, para fazer ajustes no sistema de trilha, se o nível de dano
mecânico estiver acima do aceitável; Uma alternativa para o teste de hipoclorito
é o uso do copo medidor de sementes quebradas; d) todas as partes do sistema de
trilha devem ser mantidas em boas condições de uso; e) velocidade adequada de
deslocamento; f) motor regulado; g) evitar a produção de cultivares com
sementes suscetíveis a danos mecânicos.