Petrovina Sementes estreia em crédito rural e reforça distribuição
Com médio produtor como público-alvo, grupo deve crescer quase 50% em 2022.
O gaúcho Carlos Augustin, dono do Grupo Petrovina, com sede em Pedra Preta (MT),desembarcou em São Paulo na semana passada para conversar com “faria limers”. Nos corredores de um evento em que transitavam executivos de fintechs, agtechs e outras techs, o produtor, que tem mais de 40 anos de experiência no mercado de Agronegócios
Com um perfil vanguardista, como o definem, Augustin comanda uma das maiores sementeiras que atuam em Mato Grosso - a fatia de mercado da empresa no Estado é de cerca de 20%. O grupo está em um momento de virada. A Petrovina, que faturou R$ 400 milhões em 2021, está ampliando sua capilaridade geográfica, investindo em inovação - com um aporte recente em laboratório e troca de maquinários -, e, principalmente, apostando no relacionamento com o agricultor.
Com as mudanças, o empresário espera que o faturamento cresça 47,5% neste ano, para R$ 590 milhões. Uma estratégia fundamental para que o negócio prospere, avalia Augustin, é manter a venda direta das sementes. Para ele, a forma de conduzir o relacionamento no campo é um dos pontos-chave para conquistar a preferência dos produtores de médio porte do Estado, público-alvo da empresa.
“O grande diferencial das revendas de insumos, e falamos de gigantes, é crédito”, afirma. A concessão de empréstimos, uma das novas tacadas do Petrovina em 2022, pautou conversas do empresário com fintechs durante o evento de que participou na capital paulista na última semana.
A ideia de Augustin é que, no momento da aquisição do insumo, o produtor possa obter um empréstimo de valor equivalente ao da compra. “Se o agricultor comprar, por exemplo, R$ 500 mil em sementes, daremos mais R$ 500 mil no ato em crédito para ele usar na fazenda”, explica. “É possível fazer o financiamento dentro de uma taxa de mercado”.
A Petrovina fará o empréstimo ao agricultor desde que o preço de venda da soja seja fixado “lá na frente”. A empresa já trabalha com vendas a prazo, na quais a inadimplência é zero, segundo Augustin.
Independentemente do apoio de eventuais interessados, como as fintechs, a companhia tem caixa para a iniciativa, afirma Celso Fugolin, ex-executivo da JBS e hoje conselheiro da Petrovina. A companhia criou seu conselho consultivo em março de 2021.
Também como parte de seu movimento de expansão, a empresa inaugurou na última sexta-feira um centro de distribuição em Lucas do Rio Verde. O município, um importante polo produtor de soja do Estado, tem muitas fazendas com mil a três mil hectares de área - extensão de médio porte para os padrões de Mato Grosso, onde há quem produza em até 500 mil hectares.
Antes da inauguração da nova estrutura, que é alugada, a companhia tinha estoques de sementes na sede, em Pedra Preta, com capacidade estática de 1,25 milhão de sacos de 40 quilos. O novo centro logístico tem capacidade para 270 mil sacos de 40quilos e vai facilitar a logística de entrega em um raio de 100 quilômetros de cultivos em uma rota da BR-163 que alcança outros município produtores importantes do Estado, caso de Sinop, Sorriso e Diamantino.
Segundo Augustin, essa é uma forma de atender mais com mais rapidez esses produtores e driblar os efeitos de atrasos causados por problemas como uma eventual greve de caminhoneiros, que possam prejudicar a qualidade da semente. Se ela chega “geladinha”, diz, consegue-se manter a taxa de germinação na faixa de 90% a 95%.