O Brasil acaba de alcançar uma importante atualização nas Regras para Análise de Sementes (RAS), um marco para o setor agrícola que não via uma revisão significativa desde 2009, há 16 anos.

   Essa atualização, liderada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), foi publicada em março de 2025, após um processo que começou em 2020 e envolveu uma ampla consulta ao setor produtivo e técnico. 

   O objetivo principal foi modernizar os métodos de análise, alinhar as normas brasileiras às práticas internacionais e atender às demandas de um setor em constante evolução, especialmente com o surgimento de novas espécies cultivadas e tecnologias.

   Entre as principais mudanças, destaca-se a inclusão de um capítulo específico para sementes florestais, uma reivindicação antiga do setor, que antes tinha informações dispersas no documento. Além disso, foram atualizados os nomes científicos de diversas espécies e incorporadas culturas que ganharam relevância econômica nos últimos anos, como quinoa e chia. Outro avanço importante foi a clarificação das regras para análise de misturas de sementes, oferecendo maior suporte técnico aos laboratórios credenciados. O processo de amostragem também foi revisado para garantir mais precisão e padronização nos resultados.

   A atualização foi elaborada com a participação de 12 auditores de laboratórios oficiais e considerou cerca de 700 sugestões apresentadas pelas Comissões de Sementes e Mudas (CSMs) durante o Congresso Brasileiro de Sementes de 2024. O MAPA buscou alinhar as RAS às normas da ISTA (Associação Internacional de Testes de Sementes) e da AOSA (Associação de Analistas Oficiais de Sementes), mas respeitando as particularidades da agricultura tropical brasileira. Após a publicação, os laboratórios têm 90 dias para se adaptar, período no qual o MAPA oferece treinamentos online gratuitos para esclarecer dúvidas e facilitar a transição.

   Essa revisão é vista como um passo crucial para aumentar a segurança técnica e a previsibilidade produtiva no setor agrícola, beneficiando tanto os produtores quanto os laboratórios ao garantir que os métodos reflitam os avanços científicos e as necessidades atuais do mercado.