A riqueza dos grãos pulses

Informe Publicitário

Edição XXVI | 04 - Jul . 2022
    As sementes secas são consideradas superalimentos e têm grande potencial de mercado. É preciso fomentar a produção no Brasil     

   Os grãos pulses são os primos ricos das leguminosas. Ricos em nutrientes e considerados superalimentos. Ricos também em potencial de mercado. Só o setor vegano brasileiro, que consome muitos alimentos à base de sementes secas, cresce 40% ao ano. O Brasil importa quase que a totalidade desses produtos. Porém, é preciso mover as peças desse tabuleiro comercial. Além do desenvolvimento de tecnologias de genética é necessário fomentar a produção.

    A Embrapa Hortaliças, em Brasília, outras instituições de pesquisa e produtores de sementes têm feito um grande esforço para mudar o cenário. 

    Pulses são leguminosas secas. No Brasil, os mais conhecidos são o feijão, a ervilha, a lentilha e o grão-de-bico A palavra pulse vem do latim “puls” que significa “sopa grossa”, porque produz um caldo espesso.

    Warley Marcos Nascimento é pesquisador da Embrapa Hortaliças.  Doutor em Ciências Hortícolas (Fisiologia de Sementes) pela Universidade da Florida (1998) e pós-doutorado pela mesma universidade (2007), ele destaca a importância do incentivo ao aumento da produção de pulses.

    O pesquisador participará de uma mesa redonda sobre o mercado de pulses no XXI Congresso Brasileiro de Sementes (CBSementes), que acontece de 12 as 15 de setembro, em Curitiba (PR).

    “Para fomentar a produção dessas leguminosas, a Embrapa tem desenvolvido variedades adaptadas às condições brasileiras. A nossa apresentação no Congresso de Sementes vai focar essa perspectiva”, afirma Nascimento. 

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    Ervilha e lentilha se adaptam melhor ao clima temperado do Centro-Sul do país e regiões de altitude, como Chapadas no Mato Grosso e Brasília. O grão-de-bico pode ser plantado em regiões amenas, excetuando Norte e Nordeste. A leguminosa se adapta ao Sul, como também no Cerrado e Centro-Oeste, exemplo do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”, explica Nascimento. 

    “Podem ser plantados em sistema de rotação entre a soja e o milho. No caso do grão-de-bico, é uma alternativa para segunda ou uma terceira safra”, orienta o pesquisador. 
Além disso, o custo de produção é menor, a produtividade também é melhor, mas, o aumento de área plantada ainda esbarra na falta de conhecimento dos produtores sobre manejo e rentabilidade. 

    “A gente tem que melhorar esse mercado. É uma commodity, que pode atender a demanda das indústrias por alimentos para um público que busca produtos de melhor qualidade, mais saudáveis, relacionados, principalmente com proteína vegetal. Estamos falando de um público, tanto vegano, como vegetariano e flex vegetariano. Isso representa 15% dos brasileiros, uma população estimada em 27 milhões de pessoas. Além disso, existe o público celíaco ou intolerante ao glúten e que busca alimentos feitos com esse tipo de farinha. 

    Nascimento diz ainda que é necessário aumentar o número de produtores de sementes credenciados para fazer crescer a produção. Com isso, seria possível atender ao mercado interno e, futuramente, ao externo. 

    O custo de produção do grão-de-bico, comparado ao do feijão, por exemplo, principalmente no cultivo irrigado, é em torno de 25% a 30% mais barato, obtendo uma rentabilidade também superior. 
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