A produção de sementes de soja no Estado de Mato Grosso, até o início da década de oitenta, foi considerada algo inviável, face às condições climáticas desfavoráveis na época de colheita, problemas para conservação das sementes, solo com baixa fertilidade, entre outras dificuldades. Com todos estes desafios, os produtores se organizaram e encontraram soluções para os problemas, sempre embalados no trabalho de pesquisa de diversas entidades brasileiras. Com a adoção de tais procedimentos, colocaram o Estado como um grande produtor de sementes de alta qualidade para o Cerrado.

    No Mato Grosso, a taxa de utilização de sementes de soja melhoradas é a maior do país, 95%, o que contribui para que os produtores estejam junto aos avanços tecnológicos que estão sendo transferidos através das sementes, tais como características de resistências a doenças, insetos e herbicidas, bem como maior produtividade das novas cultivares, entre outros ganhos.

    A introdução de novas tecnologias impulsionou os produtores a uma busca incessante de mecanismos de aferição da qualidade, que passou a ser rele-vante, para assegurar uma população adequada de plantas nas lavouras. Sabe-se, hoje, que as cultivares que estão sendo lançadas são responsivas, isto é, exigem densidade de plantio ideal, para que possam expressar o máximo do potencial genético, aumentando dessa forma, a importância da qualidade das sementes.

    Acreditando que todas as potencialidades das cultivares desenvolvidas para o Cerrado estão vinculadas à qualidade das sementes, os licenciados da Fundação Mato Grosso se engajaram, em 1998, em uma proposta pioneira no Brasil, reconhecida como Sistema de Qualidade em Sementes — SQS. Este programa tem como principais objetivos nivelar, agregar e assegurar a qualidade das sementes de soja, para permitir que o produtor de grãos obtenha produtividade e rentabilidade para se transformar num empresário agrícola cada vez mais competitivo, garantindo sua sustentabilidade na agricultura.

    No SQS verifica-se a uniformidade do padrão de qualidade, através de um critério único de avaliação, que é executa-do no laboratório de sementes da Aprosmat (Associação de Produtores de Sementes do Mato Grosso). Os 9.500 lotes, que representam 8 O % ( 3 milhões de sacos) das sementes produzidas no MT, são. coletados por profissionais da Fundação Mato Grosso e, para maior imparcialidade, os produtores são codificados. Os testes para determinação das características das sementes são: pureza física e varietal; germinação com classificação de vigor de plântulas (fortes e fracas); verificação do vigor e viabilidade através do teste de tetrazólio; emergência em areia, sempre que necessário, para verificação do desenvolvimento de estruturas essenciais às sementes de soja, ou quando da detecção de patógenos como Fusarium spp. e Phomopsis spp., entre os mais importantes, que causam diminuição de germinação em condições de laboratório.

    Após a conclusão das análises de laboratório, os valores obtidos através dos diferentes testes de qualidade são submetidos a análises estatísticas, onde são ponderadas as quantidades e as cultivares produzidas.

    A interpretação dos resultados dos testes, adicionadas as informações dos campos de produção, fornecem subsídios que são repassados aos responsáveis técnicos, auxiliando-os na decisão sobre descarte de lotes que não se enquadram nos padrões de qualidade exigidos pelo programa SQS.

    Através dos resultados, determina-se ainda o Índice de Qualidade em Sementes - IQS, que expõe as principais dificuldades encontradas para produzir as diferentes cultivares. Com os dados do IQS, vários caminhos são percorridos para avaliação e discussão de melhoria da qualidade. Entre estes, visitas individualizadas aos produtores, com a participação de pesquisadores de sementes; reuniões técnicas para adoção de procedimentos que possam ser coadjuvantes no controle de qualidade; apresentação de relatório, no qual constam gráficos de posicionamento de vigor e tipos de danos existentes nas se-mentes: cursos e treinamentos, os quais servem para repassar aos técnicos metodologias que auxiliam nos níveis de campo e de laboratório. O Índice de Qualidade em Sementes estabelece uma classificação no ranking de produção para os diferentes produtores.

    Devido ao êxito obtido pelo Programa SQS, em dois anos, a Fundação Mato Grosso (franqueadora), a Aprosmat (laboratório) e a Unisoja (empresa que congrega os sementeiros) adotaram, a partir do ano 2000, o "Certificado de Qualidade", para os lotes de sementes de soja que se enquadram dentro dos padrões estabelecidos no Sistema de Qualidade em Sementes.