O monitoramento da qualidade de ponta a ponta A tecnologia a favor da semente certificada

Edição XXIII | 03 - Mai . 2019
Maria de Fátima Zorato-fatima@mfzorato.com.br

    A tecnologia muda as formas de trabalho, as formas de comunicação, a nossa forma de ver o mundo, enfim, muda tudo, o tempo todo. É primordial adaptar-se a esse ambiente de frenética mutação. 

    Neste contexto, está inserida a agricultura. Tecnologias inovadoras criam portfólio para o agronegócio deixando-o cada vez mais competitivo nos mercados interno e mundial.

    Sabemos que agricultura competitiva exige elevada produtividade, e um dos pilares fundamentais na exploração do produto que a genética contemporânea está disponibilizando é a qualidade de sementes. Para isso, a indústria de sementes deve ser organizada e otimizar recursos em todas as suas fases, da produção à comercialização. 

    Ofertar sementes de elevada qualidade e em conformidade com rígidas exigências de um consumidor cada vez mais crítico faz com que o setor caminhe buscando alternativas que minimizem os efeitos nocivos decorrentes da interação genética versus clima e demais influências do entorno da produção. E, ainda dentre tantas preocupações, travar a luta de combater as sementes ilegais e sementes salvas, que vem abrangendo maiores volumes a cada safra. Grandes são os desafios, mas sempre há soluções.


    As tecnologias a favor da produção de sementes

    As tecnologias inovadoras possibilitam os incrementos de produtividade nas lavouras comerciais, através de cultivares que trazem características fundamentais para viabilizar os diferentes sistemas de produção nas diferentes regiões agricultáveis brasileiras. 

    Dentre algumas dessas evoluções tecnológicas adotadas pelo setor sementeiro, além do melhoramento genético que traz melhorias no desempenho agronômico de diversas culturas, estão as tecnologias pós-colheita, que corroboram para a longevidade do produto. Dentre essas, citam-se exemplos de algumas que são agregadoras, como os secadores, propiciando menor deterioração oriunda do campo; resfriamento dinâmico de sementes e climatização de armazéns, na proposta de preservação do potencial fisiológico; tratamento industrial de sementes, para assegurar o desempenho das sementes; embalagens, que facilitam a logística e conferem maior segurança às sementes, etc.

    Tudo isso exige muitos investimentos em infraestrutura e, principalmente, em pessoas, as quais são os diferenciais de um processo oneroso e de responsabilidade, por ser conduzido com organismo vivo – a semente, responsiva à todas as adversidades. 

    Cada vez mais, o mercado clama por sementes de alta qualidade, quer comercializar “vigor”, que no Brasil ainda não tem qualquer regulamentação e não precisa ser mencionado em Boletim de Análise de Sementes e/ou Termo de Conformidade e Certificados. Trata-se de opção de registro ou não. Com isso, as empresas sementeiras realizam diferentes testes, com princípios e objetivos distintos para as culturas produzidas. Este fato gera desconforto, em vista da existência de diversos entendimentos e poucas interpretações nos testes, como já mencionado em artigos anteriores. 

    Que decisão tomar? O produtor quer adquirir sementes que não frustrem sua expectativa, mesmo porque, nos dias atuais, os custos de implantação de lavouras estão bem mais caros e, cada qual ao seu modo, tenta se proteger para evitar transtornos junto ao cliente-consumidor. Mas, na grande maioria das empresas, os dados ficam internos, sem a necessidade de expô-los, apenas servindo-se da verificação dos indicativos fisiológicos, sanitários e do desempenho de plântulas. O vigor atua demonstrando atributos independentes, seja no crescimento de plântulas, velocidade de germinação, capacidade de germinar em temperaturas subótimas, entre tantos outros. Portanto, lança-se mão da realização de muitos testes na tentativa de conhecer todas as informações da amostra de sementes, uma vez que não se trabalha com semente individualizada, mas sim a média da população é obtida e precisa ser interpretada para não oferecer risco no momento de semeadura, após o armazenamento. 


    Rastreabilidade de sementes – escolha para diferenciar sementes legais de produtos ilegais

    Como o agricultor está ansiando por informações a respeito do produto que está adquirindo, existe aqui uma excelente oportunidade de discernir as informações através de uma ferramenta que disponibiliza dados e torna o processo transparente de ponta a ponta: a rastreabilidade. 


O descaso com a legalidade e a falta de entendimento entre as partes têm deixado brechas para o crescimento estatístico dos últimos anos na produção de sementes ilegais, fato que coloca em risco a pesquisa com todo o desenvolvimento e inovação e a indústria de sementes, as quais se traduzem em base estratégica do agronegócio, pois são geradoras e disseminadoras de novas tecnologias


    O mecanismo de monitoramento requer registros de todo o fluxo do processo de produção, para detectar problemas e pontos de melhorias. Sendo assim, é possível, com a utilização da rastreabilidade associada a informações da qualidade do lote ou lotes de sementes adquirido e informações técnicas orientadas para o produtor, tomar decisões de ajuste fino no momento da semeadura. É conhecido tudo que foi realizado nas diferentes fases de produção, além de todos os testes monitorando a qualidade das sementes, seja germinação, tetrazólio, envelhecimento acelerado, emergências em substrato de areia ou de solo, entre outros. Ou seja, rastreia-se os indicativos importantes e princípios fisiológicos distintos, entre eles o vigor e o desempenho de plântulas, analisados durante os períodos de campo à armazenagem, assim como, especificamente, demonstram-se os resultados do lote ou de lotes embarcados para o consumidor. A rastreabilidade não é tão simples e requer dos diversos profissionais que fazem parte das etapas do processo campo-indústria-laboratório a capacidade de concatenar e harmonizar todas as ações e metodologias.

    O conjunto de informações fica contido em um código único de rastreabilidade, disponível através de uma etiqueta com um código de barras 2D, fixado na embalagem ou enviado junto com a nota fiscal de compra. Com esta tecnologia de rastreabilidade, o produtor, ao adquirir as sementes, pode consultar as informações pelo celular, hoje uma realidade nas mãos de qualquer agricultor brasileiro. Trata-se de um acesso fácil aos dados inerentes à origem, qualidade e informações técnicas para a semeadura. Dessa maneira, a informação apresenta uma estreita relação com a transparência.

    O descaso com a legalidade e a falta de entendimento entre as partes têm deixado brechas para o crescimento estatístico dos últimos anos na produção de sementes ilegais, fato que coloca em risco a pesquisa com todo o desenvolvimento e inovação e a indústria de sementes, as quais se traduzem em base estratégica do agronegócio, pois são geradoras e disseminadoras de novas tecnologias que contribuem para avanços capazes de elevar o Brasil a patamares de máximas produtividades, fazendo uso de sementes legalizadas e de elevada qualidade de seus atributos. É pouco provável que os “ilegais” monitorem e disponibilizem seus processos. 

    A rastreabilidade é uma forma de fortalecer a produção e o mercado de sementes. É uma experiência digital para os clientes. Como enfatizamos no início, a tecnologia muda tudo e está mudando a forma de proteção às sementes legais!

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