Consultas

Edição XXII | 01 - Jan . 2018
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br

    Recentemente, obtive conhecimento da possibilidade de dormência em sementes de arroz. Isto seria um risco à produção de sementes? Quais ações podem ser tomadas para evitar os inconvenientes da dormência?

    As sementes de arroz, realmente, apresentam dormência de pós-colheita por um período de até 3 meses, dependendo da variedade e do local de produção. Assim, caso seja necessário seu uso antes deste período, deve-se utilizar variedades com pouca dormência ou superá-la artificialmente através de ar quente (50-600C) por 3-4 horas.



    Tenho ouvido muito a respeito de edição de genes e CRISPr-Cas. Seria possível resumir como esta tecnologia funciona?

    A edição do genoma é um grupo de tecnologias que permitem que o material genético seja adicionado, removido ou alterado em locais específicos do genoma. Um método recente é conhecido como o CRISPR-Cas9, que é a abreviação de repetições palindrômicas curtas agrupadas com interações regulares e proteína 9, associada a CRISPR. 

    O CRISPR-Cas9 foi adaptado de um sistema de edição de genoma natural em bactérias, as quais capturam fragmentos de DNA invadindo vírus e usam-nos para criar segmentos de DNA conhecidos como matrizes CRISPR. Estas permitem que as bactérias “se lembrem” dos vírus, os quais são atacados pelas bactérias que produzem segmentos de RNA das matrizes CRISPR para direcionar o DNA dos vírus. As bactérias, então, usam Cas9 ou uma enzima similar para cortar o DNA, o que desabilita o vírus.

    O sistema CRISPR-Cas9 gerou muita emoção na comunidade científica porque é mais rápido, mais barato, mais preciso e mais eficiente do que outros métodos de edição de genoma existentes.




    É de meu conhecimento que sementes recalcitrantes como de cacau, abacate ou araucária possuem baixa capacidade de armazenamento em relação às ortodoxas. O que poderia ser feito para aprimorar o armazenamento?
    Sementes recalcitrantes não suportam baixos graus de umidade; assim, para aumentar seu potencial de armazenamento, deve-se utilizar baixa temperatura, entre 5-100C. Muitas sementes silvícolas são recalcitrantes, entretanto sementes de cereais e oleaginosas, forrageiras e hortaliças são ortodoxas, ou seja, podem ser secadas a graus de umidade inferior a 10% .





    Sou um dos produtores de semente de soja que venho registrando mais de 20% de sobra de sementes que não estão sendo comercializadas. Pergunto: o que pode ser feito para guardar as sementes para o ano seguinte?
    São diversos fatores que contribuem para a perda de qualidade ao longo do tempo, principalmente de sementes oleaginosas, como peroxidação dos lipídeos e respiração. Esta última, pode ser amenizada através de apropriado planejamento da produção, contemplando colheita oportuna (assim que as sementes atingirem 18% de umidade), secagem e imediato esfriamento das sementes a 10-150C. 
    Neste caso, ainda não há tecnologia que garanta utilização para a safra seguinte, porém estas são as ações com o maior potencial de sucesso hoje!



    Por que sementes duras são contadas como “viáveis” no teste de germinação, mesmo sem garantia de gerar plântulas normais?
    O teste de germinação possui o único objetivo de estimar o potencial máximo de germinação de um lote, deixando a tarefa de estimar o desempenho em campo para outros testes de qualidade. Assim, não faz parte do objetivo do teste se expor a eventuais “subdesempenhos” devido a sementes duras. Além disto, há muitos meios conhecidos de contornar a situação possibilitando a absorção de água, como escarificação química ou mecânica (principalmente), os quais são mecanismos que podem ser utilizados previamente ao teste de germinação em culturas como soja, algodão e diversas espécies forrageiras.
Compartilhar