
Primeira soja transgênica resistente à ferrugem asiática é desenvolvida em Cuba
Cientistas cubanos desenvolveram a primeira soja transgênica resistente ao destrutivo fungo da ferrugem asiática. A abordagem é baseada na produção de defensinas, tipo de proteína natural de defesa das mesmas plantas. Os primeiros testes de campo mostraram bons resultados na resistência ao patógeno, oferecendo uma alternativa sustentável que reduziria o uso de fungicidas.
O estudo foi desenvolvido pelo Centro de Engenharia Genética e Biotecnolgia (CIGB) e pelo Instituto Nacional de Ciências Agrárias (INCA), e seus resultados foram divugados nos Anais da Academia Cubana de Ciências. Segundo os autores, não há na literatura científica descrição de soja transgênica resistente a fungo por meio da produção de defensinas.
Causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, a ferrugem asiática é uma das doenças mais destrutivas para as lavouras de soja. O desenvolvimento de plantas geneticamente modificadas é uma das alternativas para fugir do problema, visto que os fungicidas modernos não conseguem controlar efetivamente o patógeno, além de causar impacto ao meio ambiente.
As substâncias que foram capazes de impedir a contaminação pelo fungo são as defensinas, peptídeos antimicrobianos que têm papel no mecanismo de defesa natural das plantas. Elas podem inibir o desenvolvimento de micro-organismos fitopatogênicos, além de poderem estar envolvidas na adaptação a estresses abióticos. Segundo os pesquisadores, a inibição de crescimento dos fungos não estaria associada, por exemplo, à toxicidade em células de mamíferos ou outros vegetais.
O estudo também indica que vários genes codificadores das defensinas já foram isolados em plantas silvestres e transferidos com sucesso para culturas de importância econômica, como arroz, feijão e tomate, nas quais também produziram resistência a diversos patógenos: em espécies como o fumo e a batata, a substância proporcionou resistência ao fungo Phytophthora infestans, importante doença em tais lavouras.
É a defensina NmDef02 a protagonista do estudo, tendo demonstrado potencial antifúngico para obtenção das cultivares resistentes à ferrugem asiática. Para tanto, as plantas geneticamente modificadas foram avaliadas em condições naturais de infecção no campo. Os resultados obtidos apontam a ideia de que a expressão constitutiva da planta produziu uma redução de pústulas nos exemplares transgênicos, o que levou a menor biomassa do fungo, levando à resistência à doença.
No primeiro relatório publicado sobre a pesquisa, os pesquisadores apontam que o uso de transgênicos com a resistência à ferrugem asiática reduziria o número de aplicações de fungicidas químicos, que seriam substituídas por um manejo mais abrangente de patógenos, o que reduziria o impacto ambiental da cultura.
Outro ensaio realizado pelos cientistas cubanos foi o da eficácia da nodulação da bactéria Bradyrhizobium japonicum em plantas portadoras da defensina, pois a associação seria essencial para a fixação do nitrogênio atmosférico nas plantas.
*Com informações da ChileBIO.
Subject:Biotecnologia
Author:Equipe SEEDnews
Publication date:16/01/2023 13:02:31