O milho GM pede passagem

Parte 2 - Oportunidades com o Cultivo de Milho GM

Edição XI | 03 - Mai . 2007
Silmar Teichert Peske-silmar@seednews.inf.br
            O milho pode ser encontrado em 600 produtos alimentícios, entretanto, sua maior utilização é como ração animal, destacando-se as aves e os suínos como as atividades que mais dependem da produção desse cereal. O consumo nacional de milho atende a diversas finalidades, sendo que 40% do total utilizado destinam-se para a ração de aves e 25% para suínos. Isto devido a 65% da ração ser constituída pelo componente milho. Assim, exemplificando para aves de corte, tem-se que, dos 1,7kg de ração para um kg de carne é necessário mais de um kg de milho. O milho é um produto estratégico, especialmente para o Brasil, que tem no agronegócio uma de suas fortalezas.

  
               
                                                Dr. Silmar Peske / Dr. I vo Marcos Carraro 

            O milho pode ser encontrado em 600 produtos alimentícios, entretanto, sua maior utilização é como ração animal, destacando-se as aves e os suínos como as atividades que mais dependem da produção desse cereal. O consumo nacional de milho atende a diversas finalidades, sendo que 40% do total utilizado destinam-se para a ração de aves e 25% para suínos. Isto devido a 65% da ração ser constituída pelo componente milho. Assim, exemplificando para aves de corte, tem-se que, dos 1,7kg de ração para um kg de carne é necessário mais de um kg de milho. O milho é um produto estratégico, especialmente para o Brasil, que tem no agronegócio uma de suas fortalezas.
             A área de cultivo do milho no país situa-se ao redor de 12 milhões de hectares, sendo mais de nove milhões com híbridos (simples, duplo e triplo), com uma produção em torno de 45 milhões de toneladas, que atende praticamente sem sobras a demanda do cereal. A área para o cultivo do milho tende a diminuir ou no máximo permanecer igual, entretanto, a sua demanda tende a aumentar de forma acentuada, devido ao crescente consumo de carne (suínos e aves) e ovos e, inclusive, para produção de álcool, como nos Estados Unidos. Para aumentar a produção sem aumento de área, os agricultores devem aumentar a produtividade, de modo a atender a demanda e, para isso, se utilizam de algumas ferramentas como híbrido de maior heterose (híbridos simples) e práticas agronômicas. A utilização de híbridos para aumento da produtividade é prática conhecida há várias décadas. Entretanto, outras práticas também podem e devem ser utilizadas para uma maior eficiência no processo produtivo em uma agricultura sustentável. Neste contexto, aparece o controle de invasoras, doenças, insetos, disponibilidade hídrica e nutrição das plantas.
             O controle adequado de invasores por metodologia simples e fácil de aplicar, com certeza, irá ajudar ao agricultor a produzir mais em uma mesma área. A ciência nos proporcionou que essa tecnologia pudesse ser incorporada ao milho como em outras espécies, e assim contribuir para uma melhor qualidade de vida daqueles que produzem o milho, bem como daqueles que consomem os diversos produtos obtidos com esse cereal. Outra inovação é o milho resistente à lagarta do cartucho, que muito prejudica o cultivo por sua dificuldade de controle. Os prejuízos com os insetos pragas no Brasil na cultura do milho são de,  aproximadamente, dois bilhões de reais por ano. Entre as principais espécies de insetos que causam danos à cultura do milho, destacam-se, além da lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda), a lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus), a lagarta-da-espiga (Helicoverpa zea), a lagartarosca (Agrotis ipsilon) e a broca-da-cana-de-açúcar (Diatraea saccharalis). Para o manejo dessas principais espécies-pragas, têm sido utilizados o tratamento de sementes e as aplicações de inseticidas, via aérea, a um custo anual de cerca de 46 milhões de reais. O controle das pragas por meio da biotecnologia, com certeza traz muitos benefícios para o homem e o ambiente. Estamos comentando sobre o milho geneticamente modificado (GM).

             
                                                       Diferentes tipos de milho indígenas

            O milho geneticamente modificado já existe há vários anos, destacando-se os Estados Unidos, com um aumento acentuado de área, ano após ano, e que somente em 2006 registrou um aumento de 17% da área plantada com milho GM. A Argentina, outra pioneira no uso de culturas biotecnológicas, possui 70% de sua área, de três milhões de hectares, com milho GM. Em termos mundiais, são mais de 25 milhões de hectares cultivados com milho GM. Estima-se que os benefícios para os agricultores que cultivaram milho GM, de 1996 a 2005, tenha sido superior a 6,5 bilhões de reais, isso pelo aumento de produtividade e a redução dos custos de produção, fazendo com que o preço da carne de aves e de suínos, assim como de ovos, esteja bastante acessível.
             A pesquisa tem demonstrado que materiais que recebem manejo para potencializar o rendimento de grãos são mais tolerantes ao estresse hídrico do que aqueles que recebem menor investimento. As plantas têm maior crescimento, o que permite tolerar períodos de estresse com mais sucesso. O êxito dos produtores decorre da constatação de que há rentabilidade do milho quando a produtividade é alta, pois as margens de lucro só se viabilizam nesta situação.


               

             “O êxito dos produtores decorre da constatação de que há rentabilidade do milho quando a produtividade é alta, pois as margens de lucro só se viabilizam nesta situação.”
 
             Terminando, gostaríamos de enfatizar que a produção de sementes de milho híbrido já é dominada há mais 70 anos, e essa tecnologia, com certeza, pode ser também adotada para a produção de milho GM, caso seja necessário - somente no Brasil são cultivados mais de 100000 ha de milho para produção de sementes com polinização controlada, para evitar a contaminação e haver o sincronismo de maturação entre os gametas masculino e feminino da planta. Outro aspecto a ser enfatizado é que o milho é originário da América Central e mais de 30 000 acessos já foram coletados e estão muito bem armazenados para eventuais necessidades no banco de germoplasma do Centro Internacional de Melhoramento de Milho e Trigo ( CIMMYT), no México. Os avanços na biotecnologia vieram para ajudar ao homem com inúmeras alternativas e o Brasil, com seus pesquisadores em número e qualidade  significativos, não pode ser tolhido de também ter proveito deste avanço.

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