Consultas

Edição XXI | 05 - Set . 2017
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br

    Nesta seção procuramos atender aos questionamentos enviados pelos leitores. As eventuais dúvidas sobre temas veiculados pela SEEDnews ou mesmo outros pertinentes à atividade agrícola, podem ser encaminhadas para redacao@seednews.inf.br 


    Recentemente, estive em uma reunião na qual foi comentado a respeito do uso de duplo haploide no melhoramento de milho. Seria possível explicar seus benefícios?

    O melhoramento de plantas é um processo longo, que dura em média de 7 a 15 anos. Uma alternativa para reduzir este período é a utilização de plantas haploides (existentes naturalmente em bancos de germoplasmas) com apenas um conjunto de cromossomos, os quais podem ser duplicados (geralmente com aplicação de colchicina ou orizolina), obtendo-se uma linhagem homozigota em apenas uma geração, chamada de duplo haploide.



    Frequentemente, escuto a respeito das convenções da UPOV, havendo inclusive diferentes aplicações entre alguns países. Qual a atual situação do Brasil em relação aos demais países na América do Sul?

    As convenções da UPOV são sobre proteção de cultivares, havendo na prática duas convenções: a de 1978, cuja proteção vai somente até a semente, e a de 1991, que vai até o grão. Ambas contemplam a isenção do melhorista para suas pesquisas na obtenção de novas cultivares.  O Brasil está aderido à convenção de 1978, assim como a maioria dos países da América do Sul. 



    Em alguns congressos, vejo vários estudos sobre condicionamento de sementes. Esta prática é viável? Por que não existe maior divulgação desta tecnologia no dia a dia?

    O condicionamento fisiológico de sementes é uma prática que envolve alto grau de conhecimento científico, sendo capaz de aprimorar o desempenho e estabelecimento inicial das plântulas, o qual acarreta em estandes mais uniformes e vigorosos. Por envolver reservas de energia das sementes durante o processo, os lotes geralmente necessitam ser utilizados logo após o processo, não devendo ser armazenados por longos períodos. Além disto, há pouca praticidade para manejar e submeter sementes de grande volume físico às etapas do processo de condicionamento. Assim, é possível observar esta prática apenas em espécies de hortaliças ou ornamentais, geralmente em países desenvolvidos e com mercado de sementes com valor agregado. No Brasil, esta prática ainda tem muitas possibilidades para maior crescimento e desenvolvimento.




    Gostaria de saber mais sobre a primeira contagem de germinação; por acaso é considerada uma determinação de vigor? Por que não vejo ser utilizada muito nos laboratórios ao redor do país?

    Sendo obtido a partir do teste de germinação, o número de sementes com protrusão de radícula evidenciada após as primeiras horas de atividade metabólica é mensurado e, assim, levado em consideração para determinar o nível de vigor dos diferentes lotes. As demais sementes (menos vigorosas) irão desempenhar esta etapa em um maior período de tempo, sendo mensuradas na avaliação-padrão de germinação. Infelizmente, a mão de obra necessária para avaliar cada rolo de germinação torna esta prática onerosa em muitos laboratórios, pois exige a demanda dobrada de manejo das sementes.



    Percebo haver uma preocupação do dano por embebição em soja nos laboratórios de análise, mas por acaso chega a ser um problema para o agricultor no campo? 

    De fato, as sementes com baixo conteúdo de água (geralmente abaixo de 9%) sofrem danos ao serem submetidas à rápida hidratação, devido à transição imediata da fase gel para líquido-cristalino dos fosfolipídios da membrana. No campo, sementes secas e semeadas em solo muito úmido (geralmente arenosos), ou seguidas de intensas chuvas, podem absorver água rapidamente, não havendo tempo hábil para a reorganização das membranas e, assim, prejudicar o estabelecimento bem-sucedido da população de plantas.

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