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    Atuo no negócio de sementes de soja numa região tropical em que os agricultores, após comprarem minha semente, armazenam-na na fazenda por até dois meses em condições ambientais. Considerando que isto pode afetar a qualidade das sementes, estou pensando em distribuí-las aos agricultores em containers refrigerados. Poderiam comentar a respeito?

    Realmente, o armazenamento na fazenda do agricultor pode comprometer a qualidade das sementes. Por outro lado, distribuí-las em containers refrigerados aumentaria em muito o custo da semente. Uma alternativa é isolar termicamente o container para manter fria a semente em seu interior. 

    Gostei da matéria central da última edição sobre secagem de sementes, abordando principalmente os secadores intermitentes e sua alta capacidade de secagem. Na parte de planejamento, é recomendado que a capacidade de secagem seja pelo menos 60% da semente colhida. Estou certo?

    Atualmente, se sabe com até três dias de antecedência as possibilidades de chuvas, assim haverá ocasiões em que parte das sementes pode ser colhida seca. Por outro lado, caso uma percentagem maior de sementes deva ser secada, pode-se utilizar o sistema de aeração, em que as sementes são secas até 15-16% de umidade e mantidas aeradas até poderem voltar para o secador (isto num período de até uma semana). A secagem é essencial para se ter sementes de alta qualidade em quantidade. Assim, 60% de capacidade de secagem é um bom parâmetro.

    Alegrei-me em saber que a Embrapa possui um importante projeto para identificar e selecionar espécies para gramados que se adaptem às nossas condições. Parece que o país possui uma boa diversidade genética destas espécies. Neste sentido, pergunto se é possível protegê-las legalmente.

    A Embrapa possui, realmente, um importante projeto com espécies nativas para gramados. Algumas espécies com potencial de adoção já foram identificadas, necessitando o seu desenvolvimento com programas de produção de sementes. Em relação à proteção comercial, esta será de domínio público toda vez que não envolver hibridação entre dois materiais. 

    Comprei recentemente semente de milho cujo saco pesava 13,5 kg, entretanto possuía 60.000 unidades. Porém, ainda lembro que meu pai comprava sementes de milho com sacos de 20kg. Qual a razão desta mudança?

    As sementes de milho são comercializadas atualmente em unidades e não em peso, isto devido ao fato de a sua qualidade fisiológica praticamente não ser afetada pelo seu tamanho. Assim, para um mesmo peso, é melhor comprar semente pequena, pois esta cobrirá uma maior área de semeadura. Há produtores de sementes de milho no Brasil que estão colocando no mercado sacos com 60.000 unidades (França 50.000), cujo peso  varia de 13 a 24 kg.  

    O Brasil cultiva mais de 33 milhões de hectares com soja, sendo que mais de 60% desta área emprega apenas quatro cultivares, apesar da  disponibilidade de mais de 400 materiais oriundos de mais de 25 programas de melhoramento. Qual o significado deste percentual?

    Apesar da diversidade de materiais desenvolvidos, são poucas as cultivares que realmente se destacam e são utilizadas pelos agricultores. Entretanto, há variações de ano para ano, significando que há bons materiais novos sendo testados pelos agricultores continuamente. Outra justificativa é que muitos produtores de sementes colocam no mercado a mesma cultivar, havendo necessidade de oferecer algo superior para evitar ser uma commodity.