Esta seção é coordenada pela equipe de professores da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos leitores. Mande sua dúvida para redacao@seednews.inf.br 

    Trabalho numa empresa de sementes de arroz que seca 100% da produção, que é recebida com umidade entre 20 e 22%. Meus secadores são do tipo intermitente com capacidade estática de 15 toneladas. Ocorre que minha capacidade de secar está entre uma a duas cargas por dia e isto me parece pouco. O que posso fazer para aumentar esta capacidade?

    A capacidade de secagem é função do ar, que possui duas tarefas: uma a de propiciar a secagem das sementes através da baixa umidade relativa (conseguida aumentando a temperatura  do ar  ou diminuindo sua umidade absoluta), e a outra a de transportar para fora do ambiente do secador a umidade que sai das sementes. Em seu caso, provavelmente, o ar deve estar fraco (estrangulado ou com ventilador inadequado). Veja como está a rota do ar para o secador e como está a entrada de ar frio que é utilizado para misturar com o ar quente. O normal é secar até 13% de umidade  três a quatro cargas de secador por dia.

    Nos últimos tempos tenho assistido palestras falando sobre a importância do germoplasma no desempenho de uma variedade, assim como de eventos biotecnológicos. Para mim isto está confuso. Necessito de ajuda.

    O germoplasma refere-se ao conjunto de gens que formam uma variedade, dando-lhe características “sui generis”, como resistência a doenças, potencial produtivo, ciclo, tipo de planta, altura de planta, cor da vagem, cor da semente, hábito de crescimento, textura do grão, entre outros. Por outro lado, o evento refere-se  a uma característica especial como tolerância a um determinado herbicida, resistência a um determinado grupo de insetos, resistência a uma determinada doença ou a capacidade de formar um determinado composto que é bom para a saúde, por exemplo. O evento, normalmente, não faz parte do genoma espécie. Assim, ele é introduzido de outro, por isso chamamos as variedades que possuem um evento da espécie que recebe o organismo  geneticamente modificado. 

    Tenho observado que várias empresas de semente possuem em sua estrutura a produção de sementes matriz. Seria possível um comentário a respeito?

    No Brasil, há duas classes de sementes: a certificada, com quatro categorias (genética, básica, certificada I e certificada II) e a não certificada, com duas categorias (S1 e S2), e em nenhuma delas existe a semente matriz. As empresas utilizam esta denominação considerando em conjunto as categorias genética, básica e certificada I da classe certificada. Este procedimento facilita a divisão de responsabilidade na empresa, onde a quantidade de sementes matriz, apesar de ser em menor quantidade, requer atenção especial em relação à pureza varietal.

    Referente à matéria central da última edição da revista, sobre os desafios da semeadura, gostaria que comentassem a importância da velocidade da semeadora no processo.

    A semeadura talvez seja a operação mais importante no estabelecimento ou condução de um cultivo, requerendo atenção especial. O processo envolve dois aspectos: a qualidade da semente, que deve ser a mais alta possível, e a semeadora com seus ajustes. Entre os ajustes está a velocidade da semeadora, que deve estar ao redor de 6km/hora para uma adequada distribuição. Abaixo desta velocidade vamos perder eficiência, e acima acontecerá uma má distribuição das sementes, que afetará a produtividade da cultura. 

    No processo de semeadura o fertilizante deve ser colocado ao lado e abaixo da semente, conforme recomendação. Isto é difícil de conseguir, qual o inconveniente de colocar tudo junto?

    Atualmente, há semeadoras que fazem esta operação normalmente; entretanto, para semeaduras manuais, isto é um problema (neste caso recomenda-se adubar a planta posteriormente). A justificativa está em que os fertilizantes competem pela água com a semente, sendo alguns deles, inclusive, tóxicos para a semente.