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Edição XIX | 01 - Jan . 2015
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br

    Esta seção é coordenada pela equipe de professores da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos leitores. Mande sua dúvida para redacao@seednews.inf.br 


    A matéria central da última edição da revista SEEDnews abordou a temperatura e a umidade em função de vários aspectos tecnológicos envolvidos na produção, avaliação e manutenção da qualidade das sementes. Poderiam descrever um pouco mais a influência da temperatura no processo de germinação das sementes?

    Para germinarem, as sementes necessitam de um substrato, umidade, temperatura, oxigênio, e sementes de algumas espécies necessitam também de luz. Em relação à temperatura, todas as sementes possuem uma temperatura ótima para germinarem, uma mínima e uma máxima. A temperatura ótima é estabelecida nas regras de análise de sementes, enquanto a mínima e a máxima aparecem em trabalhos de pesquisa e podem variar, inclusive, entre cultivares de uma mesma espécie.


    Tenho observado nos últimos tempos que em algumas cultivares de soja aparecem sementes com o tegumento rasgado. Seria possível um comentário relacionando o tegumento rasgado com tegumento danificado de forma mecânica?

    Realmente, algumas variedades de soja apresentam uma pequena percentagem de sementes com tegumento rasgado, ou seja, uma abertura no tegumento causado durante o processo de enchimento da semente. Esta se diferencia das sementes com danificação mecânica por ser superficial, não atingindo o eixo hipocótilo radícula e nem os cotilédones.



    As sementes, em geral, são produzidas num local e utilizadas em outro, muitas vezes a centenas de quilômetros de distância. Isto envolve transporte e exige tempo. Neste sentido, gostaria de saber como isto afeta a qualidade das sementes.

    No transporte das sementes, o maior problema relaciona-se à temperatura; entretanto, como as sementes vão protegidas para a chuva, o ar não passa por elas – assim apenas alguns centímetros de sementes serão afetados por altas temperaturas. E como é por pouco tempo, o efeito é muito pequeno. Colocar toda a culpa no transporte por lotes de sementes de baixa qualidade, é temerário.


    Sabemos que a umidade das sementes possui uma estreita relação com seu potencial de armazenamento. Assim, qual é a razão para se recomendar, para soja, umidade de 12% e não um valor bem mais baixo ou mais alto?

As sementes são higroscópicas e como tal entram em equilíbrio com a umidade do ar. Assim, com 12% de umidade, elas entram em equilíbrio com a umidade relativa do ar, de 50-60% (a mais comum), e podem ser armazenadas por até oito meses, com facilidade. Enfatiza-se que em um lote de sementes com 12% de umidade há sementes com mais umidade, assim como há sementes com menos umidade. Em resumo, o percentual de 12% é uma média. Caso a umidade média for superior a 12%, haverá problemas acentuados com a respiração das sementes e dos microorganismos a ela associados. 


    As sementes de milho atingem o ponto de maturidade fisiológica (PMF) com 35% de umidade, entretanto se recomenda colher com umidade entre 30-33%. Qual é a razão para isso, considerando que as sementes são colhidas em espiga?

    As sementes apresentam maturação desuniforme; assim, quando a umidade é de 35%, significa que há muita semente que ainda não alcançou o PMF. Desta maneira, recomenda-se que a umidade seja abaixo deste ponto e que algumas poucas sementes ainda estejam imaturas. O milho em espiga no campo seca ao redor de 0,5 ponto percentual por dia e perde matéria seca por esta alta umidade, razão pela qual é recomendável que a umidade de colheita não seja muito inferior ao  PMF.

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