Consultas

Edição XVI | 05 - Set . 2012
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br

    Esta seção é coordenada pela equipe de professores da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos leitores. Mande sua dúvida para redacao@seednews.inf.br 


    Entrei no negócio de sementes de soja há pouco tempo, e para esta safra, que começa em outubro, estarei atuando no sentido de atender as reclamações dos agricultores sobre a qualidade de sementes. Sabendo que a tarefa é difícil, gostaria de receber algumas orientações de como proceder.

    No Brasil, são cultivados 25 milhões de hectares com soja, e destes, ao redor de 16,7 milhões são cultivados com sementes que o agricultor compra. Como se sabe, nem todas as sementes irão originar uma nova planta e, em alguns casos, haverá necessidade de o campo ser resemeado; e, quando isto ocorre, o agricultor irá reclamar da qualidade das sementes para depois verificar as outras causas. Neste momento, entra a experiência e o conhecimento de quem vendeu a semente. A melhor sugestão é conhecer bem a qualidade da semente que se está comercializando e ter os registros em mãos, para poder argumentar adequadamente com o agricultor.   



    Tenho escutado e lido que a produção de sementes de arroz híbrido é difícil, sendo que os campos de produção, quando bem manejados, apresentam menos de 40% da produção das sementes híbridas. Poderiam comentar a respeito?

    Para produção de sementes híbridas de arroz, utilizam-se dois pais – um que servirá como fêmea e o outro como macho. A planta fêmea é macho-estéril e, para a formação da semente, receberá o grão de pólen do macho, sendo este processo bastante crítico, pois dependerá do sincronismo de maturação do grão de pólen do macho com o estigma da mãe. Além deste fator, há outros como a velocidade do ar para transporte do grão de pólen, abertura da palea e lema da planta-mãe, altura de planta, entre outros. Assim, a produtividade de campos de produção de sementes de arroz híbrido é normalmente considerada baixa.  




    Tenho participado de reuniões onde se fala bastante sobre proteção de cultivares e patente. Neste sentido, peço que me esclareçam se um fitomelhorista pode utilizar em seu programa de melhoramento um material patenteado.

    Há várias formas de se proteger um material, sendo mais comum a utilização dos mecanismos previstos na lei de proteção de cultivares e a lei de patentes. Na lei de proteção de cultivares está contemplado que o fitomelhorista pode utilizar em seu programa de melhoramento qualquer material comercial protegido por esta lei e utilizá-lo para pesquisa e possível comercialização. Por outro lado, na lei de patente, o fitomelhorista não tem a liberdade de usar um material patenteado em seu programa de melhoramento (apenas para pesquisa em alguns países como o Brasil). Isto significa que somente após a patente se extinguir, é que um material patenteado estará disponível para comercialização em sua forma genérica.



    Compro semente por muitos anos e uma das primeiras coisas que faço, assim que a semente chega, é olhar o atestado de garantia, para ver o percentual de germinação do lote. Tenho observado que lotes com mesma geminação apresentam desempenho diferente no campo, o que, de acordo com especialistas, pode ser atribuído ao vigor das sementes. Assim, pergunto se é possível fazer também um teste de vigor no lote de sementes para uma melhor avaliação de sua qualidade fisiológica.

    Há vários testes de vigor que podem ser utilizados, como o teste de envelhecimento acelerado, o teste de frio, entre outros. Entretanto, utilizar o teste de vigor como padrão comercial é difícil, devido, principalmente, ao seu tempo de validade, pois as sementes tendem a decrescer o seu vigor de forma linear conforme aumenta o tempo de armazenamento. Há, no momento, fortes discussões acadêmicas e comerciais para um melhor uso das informações do vigor das sementes.  


    Achei muito interessante a matéria central da última SEEDnews, abordando a secagem de sementes com ar desumidificado pelo frio. Neste sentido, pergunto se este tipo de secagem pode ser utilizado para feijão, pois nos modelos tradicionais há o risco da fumaça ou de os gases alterarem as qualidades culinárias do grão.

A secagem com ar desumidificado pelo frio pode ser utilizada para qualquer espécie, não alterando a qualidade fisiológica das sementes e nem as qualidades culinárias ou industriais do grão. É uma inovação tecnológica que facilita o processo de secagem com controle mais preciso da temperatura, modificando apenas as propriedades físicas do ar.



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