Consultas

Edição XV | 02 - Mar . 2011
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br

    Esta seção é coordenada pela equipe de professores da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos leitores. Mande sua dúvida para redacao@seednews.inf.br 


    Há tempos, escuto notícias sobre os testes de vigor, e, segundo o artigo publicado na última SEED News, parece que estamos perto de utilizá-los no comércio de sementes.  Como estamos nesse processo?

    O teste de germinação, utilizado globalmente para o comércio de sementes, mostrou-se eficiente. Entretanto, por ser realizado em condições ótimas para a semente e ser difícil predizer o potencial de armazenamento das sementes, nestes contextos, os testes de vigor podem ser bastante úteis. A sua utilização para o comércio de algumas espécies depende da cadeia de sementes, ou seja, os produtores de sementes, os comerciantes de sementes, os agricultores e o governo. A pressão dos agricultores para adoção de testes de vigor para o comércio está aumentando em vários países.     


    A semente de soja é sabidamente de difícil produção, o que leva um produtor de sementes a oferecer como garantia lotes de sementes de soja com germinação superior a 95%. O padrão normal é de 80% e há regiões onde inclusive se aceita com 70% de germinação. Gostaria que comentassem a respeito.

    As inovações tecnológicas avançaram bastante nos últimos anos, principalmente nos processos de colheita, secagem e tratamento industrial das sementes. Bons sistemas de controle de qualidade dos processos de produção e beneficiamento propiciam confiança ao produtor de sementes para oferecer ao mercado um produto de alta qualidade. Há vários produtores de sementes realizando ajustes para oferecer aos agricultores sementes de soja com alta germinação.


    Estou planejando comprar um secador para aumentar a minha capacidade de secagem. Visitei algumas unidades de beneficiamento que utilizam secadores em que o ar passa apenas por uma parte das sementes e em outra parte, inclusive maior, a semente não recebe o ar de secagem. Poderiam explicar como isso funciona?

    O secador que você viu foi o de tipo intermitente, muito utilizado para semente. O período em que as sementes passam pela parte do secador sem ar é o momento em que a umidade do interior da semente migra para a periferia da semente. Assim, pode-se utilizar maiores temperaturas do ar de secagem sem afetar as sementes.




    Estive presente a uma entrevista de um alto executivo de uma empresa de sementes, ocasião em que o escutei mencionar que o Brasil é um bom país para se investir em sementes devido ao que chamou de “arcabouço legal”. Poderiam detalhar o comentário?

    Realmente, o Brasil possui leis que permitem investimentos que podem trazer retornos, como a lei de sementes, garantindo a qualidade e os processos; a lei de proteção de cultivares, que protege a criação de novas e melhores cultivares e a lei de biossegurança, para os materiais geneticamente modificados. O sistema está funcionando bem, com grandes investimentos das empresas de sementes.


    Cultivo soja e milho e para mim é normal ocorrerem falhas e duplos no processo de semeadura, pois sempre escutei que as plantas se compensam – inclusive alguns vendedores de sementes chegam a oferecer compensação no peso dos lotes que não possuem alta germinação. Assim, qual é importância das falhas e duplos numa lavoura?

    Em milho, o decréscimo em produtividade, devido a falhas, é maior do que em soja, pois esta tende a compensar a falha. Entretanto, existe um estande adequado para cada cultivar e espécie, e toda falha acarretará num decréscimo de produtividade, uma vez que a compensação não é total. O mesmo é válido para duplos, pois duas plantas juntas tendem a produzir menos do que duas plantas separadas por um espaço. 


    No Peru existem duas regiões agroclimáticas distintas onde se cultiva arroz: a costa norte, onde a temperatura é 22°C e a UR de 71%,  e  a selva, em que a temperatura é de 28°C e a UR de 80%. Há um ano, se produzem sementes na selva para uso na costa. A pergunta é: estamos correndo algum perigo com transmissão de doenças pela semente? 

    O risco sempre existe, pois os patógenos tentam sobreviver, mesmo em ambientes adversos. Veja que existem seis graus de diferença entre a selva e a costa. Caso haja microorganismos (provavelmente fungos) transmissíveis pela semente, talvez não se tenha problemas nos primeiros anos de cultivo das sementes geradas na selva e cultivadas na costa. Após algum tempo, porém, os problemas podem surgir, como consequência da adaptação das espécies. A alternativa para minimizar estes riscos é o tratamento de sementes. Temos, ao longo da história, vários exemplos de epidemias ocasionadas pela migração de patógenos de um ambiente para outro. 

Compartilhar