Consultas

Edição XIII | 01 - Jan . 2009
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br

    Esta seção é coordenada pela equipe de professores da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos leitores. Mande sua dúvida para redacao@seednews.inf.br 

    O esfriamento artificial das sementes, num país tropical como o Brasil, é sabidamente muito importante por minimizar o processo de deterioração. Pergunto, qual foi o avanço que se alcançou para que um grande número de produtores de sementes começassem a utilizar este sistema, nos últimos cinco anos?

    Realmente, a temperatura é um dos fatores que afeta o potencial de armazenamento das sementes, e, no Brasil, o esfriamento artificial de grandes quantidades de sementes, incrementou de forma acentuada nos últimos cinco anos. A principal razão, desconsiderando aspectos mercadológicos, é que o sistema de esfriar as sementes mudou de sacos para o sistema a granel, permitindo que o processo de esfriar as sementes se desse de forma uniforme e com isso aproveitando os benefícios da baixa temperatura para minimizar o processo de deterioração das sementes.


    Tenho escutado com freqüência que há várias categorias de sementes, entretanto apenas uma delas oferecida comercialmente ao agricultor. Gostaria de saber a razão deste procedimento.

    Há um consenso, em termos globais, que para um programa harmônico de sementes é recomendável adotar-se diferentes categorias para que o agricultor tenha disponível grande quantidades de sementes de alta qualidade. Em geral, são quatro as categorias de sementes: genética, básica, certificada I e certificada II. A categoria genética vem diretamente do programa de melhoramento, sendo de poucos quilogramas e de alta pureza genética; a semente básica é oriunda da genética; a certificada I é oriunda da básica; e a certificada II descende da certificada I. Assim, considerando uma taxa de multiplicação de semente – sementes de 1:30, vamos ter de 100kg de sementes genética 3.000 kg de semente básica, 90.000 de certificada I e 2.700.000 kg de certificada II. Desta maneira, disponibiliza-se para o agricultor grandes quantidades de sementes da categoria certificada II, a um preço adequado. 


    A avaliação rápida da qualidade da semente é uma ferramenta bastante importante no processo de produção. Entre os testes para determinação rápida da viabilidade da semente de soja tem-se o teste do pH do exsudato, que em 30 minutos permite estimar se uma semente está viva ou morta. Neste sentido, gostaria de saber se este teste também pode ser utilizado para estimar o vigor das sementes de soja?

    De fato, o teste do pH do exsudato é uma excelente ferramenta de gestão numa empresa de sementes. O teste baseia-se no grau de integridade das membranas das sementes. Assim, aquelas não viáveis, quando colocadas para embebição em água líquida, lixiviam vários materiais que alteram bastante o pH, enquanto uma semente viável irá lixiviar pouco. Para estimar o vigor de um lote de sementes recomenda-se aumentar o tempo de embebição para 45 minutos, em vez de 30, que é o tempo utilizado para estimar a viabilidade das sementes de soja. 


    O incentivo aos programas de fitomelhoramento através de royalties ou taxas tecnológicas pagas ao obtentor é um grande avanço para que o agricultor e a sociedade em geral possam usufruir das inovações tecnológicas. Seria possível que comentassem qual é a principal diferença entre patentear e proteger uma cultivar?

    Muitos países não permitem patentear cultivares e sim processos que levam uma cultivar a ser diferente. A proteção de cultivares, de acordo com a convenção da UPOV de 1991, destaca que a proteção vai até o produto industrial  e que todo fitomelhorista pode se utilizar de uma variedade protegida em seu programa de melhoramento, processo esse conhecido como exceção ao melhorista. Por outro lado, no caso de uma patente, esta também vai até o produto industrial; entretanto, o melhorista não tem a liberdade de usar o processo patenteado em seu programa de pesquisa. 


    A temperatura é um dos fatores essenciais no processo de germinação das sementes e todas possuem uma temperatura ideal para germinar. Neste sentido, gostaria de saber o que ocorre quando a temperatura não é ótima.

    As regras para análise de sementes prescrevem temperaturas ótimas para o processo de germinação das sementes. Entretanto, quando mais baixa a temperatura em relação à ótima, por uma razão qualquer, mais lenta será a germinação e haverá uma temperatura tal que não ocorrerá germinação. Por outro lado, em temperaturas superiores à ótima, as sementes germinam mais rapidamente, porém podem apresentar anormalidades  e haverá um momento em que todas morrerão devido aos efeitos da alta temperatura. 


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