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Edição VIII | 06 - Nov . 2004
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br

    Esta seção da revista SEEDnews está sendo coordenada pela equipe da área de  sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos seus leitores.

 

    A análise de organismos geneticamente modificados (OGM) é uma realidade dentro do negócio sementes. Gostaria de saber a relação dos distintos laboratórios que fazem este tipo de avaliação.

   Atualmente, as sementes para serem comercializadas necessitam ser avaliadas quanto à sua qualidade física e fisiológica e apresentarem um mínimo de qualidade, que, em geral, é 98% de pureza e 80% de germinação. Os laboratórios que fazem estas análises estão padronizados de tal maneira que um teste feito num país terá o mesmo resultado se realizado em um outro. Para que isto ocorra, os laboratórios necessitam estar acreditados por uma entidade, que em nível internacional é a International Seed Testing Association (Ista), e dentro do país, normalmente, é o MA. Especificamente quanto à sua pergunta, a tendência é que os mesmos laboratórios que hoje fazem a análise física e fisiológica também façam a análise de OGM, pois podem preparar-se facilmente para isso e possuem um mecanismo de controle externo de qualidade.

 

    A matéria sobre comércio internacional de sementes, publicada na última edição da SEEDnews, foi bastante elucidativa, mas gostaria de saber quais são os principais entraves neste comércio.

    Há organismos e acordos internacionais que disciplinam o comércio internacional de sementes. Entretanto, os países necessitam internalizar esses acordos, o que muitas vezes não acontece na rapidez desejada e só se lembram quando aparece uma oportunidade para exportar sementes. Os maiores entraves, atualmente, são as pragas quarentenárias, cuja listagem é bem maior do que a realidade, a falta de certificação de sementes pelo sistema OECD e laboratório acreditado pela Ista com possibilidade de emitir o boletim laranja. 

 

    Revisando uma matéria sobre a cultura do arroz irrigado, observei que a produtividade das lavouras variava de três a 10t/ha e que o autor recomendava que o produtor de sementes não perdesse tempo em oferecer suas sementes para o agricultor que estava produzindo 3t/ha. Poderiam comentar a respeito, pois me parece que este agricultor seria o que mais poderia ganhar com o uso de sementes de alta qualidade. 

    As sementes, para responderem adequadamente, necessitam que as outras práticas agronômicas sejam também as recomendadas. Assim, para um agricultor que não controla as invasoras, semeia fora de época, tem problema com água, e não corrige o solo, cultivado por vários anos sem receber adubo, as sementes de alta qualidade não surtirão efeito, podendo inclusive ser motivo para má percepção de valor.

 

    Tenho escutado com frequência que o comércio de sementes piratas está aumentando bastante e colocando em risco a criação e desenvolvimento de novas variedades. Poderiam comentar sobre isso, pois tenho dificuldades em entender?

    As sementes piratas são aquelas comercializadas de forma ilegal, ou seja, sem a autorização de quem criou a variedade (obtentor). Quando isso ocorre, o obtentor não recebe os seus royalties e com isso não terá recursos para criar e desenvolver novos e melhores materiais, estando fadado a sair do negócio. Quem perde com isso é o consumidor (sociedade), pois deixará de receber materiais melhores, que atualmente também se traduzem em qualidades nutricionais, como vitaminas, óleos especiais, fármacos, entre outros.


    Sabe-se que os híbridos devidamente testados produzem mais que as variedades e que sua colheita deve ser destinada para grãos, pois o rendimento baixa muito na segunda geração. Há algum processo em que se possa utilizar as sementes híbridas por várias vezes seguidas sem perder seu potencial de rendimento?

    Realmente, os híbridos produzem mais e perdem seu potencial na segunda geração. No entanto, em gramíneas como Brachiaria, se desenvolveu um híbrido normalmente e a multiplicação das sementes se dá por apomixia, em que o embrião não é formado por fecundação, mantendo assim as características da planta-mãe. Esse processo chama-se apomixia, comum em gramíneas. É bom registrar que a produção de sementes desses materiais requer tecnologia e conhecimentos de manejo, sendo recomendado buscar as sementes em produtor especializado na área.

 

    Gostaria de saber se é possível secar as sementes em condições ambientais até 11% de umidade?

    A secagem natural ao sol propicia que as sementes possam ser secadas para graus de umidade inclusive inferiores a 11%. Este mecanismo é utilizado por pequenos agricultores que guardam suas próprias sementes de feijão em garrafas de plástico. Sementes com 10-11% de umidade armazenam bem em embalagens impermeáveis por um período de até quatro meses.

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