Mercados & Negócios

Edição VI | 03 - Mai . 2002
Clovis Terra Wetzel-diretoria@seednews.inf.br

    O agronegócio brasileiro falando sério

    Em contrapartida à globalização e internacionalização dos mercados, os países estão formulando medidas não tarifárias para livrarem-se de incômodas importações. É o caso do estabele-cimento de medidas fitossanitárias, hoje em voga, em relação a entrada de produtos agrícolas.  Com um certo atraso, o mesmo faz o Brasil, com a fixação de novas exigência para a entrada de 27 produtos (abacaxi, alfafa, algodão, alho, arroz, azevém, batata, cacau, café, cebola, centeio, cevada, colza, feijão, fumo, girassol, melão, milho, morango, pimentão, trevo, triticale, soja, sorgo, tomate e videira).  As atuais imposições brasileiras, antes de serem vistas como barreiras fitossanitárias, devem ser enten-didas como necessárias à expansão interna do agronegócio.  Assim, o Brasil fala sério, adotando, de forma profissional, dentro das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), os mesmos óbices aos quais são submetidas as exportações agrícolas do Brasil.


    Planejamento estratégico com o "Balanced Scorecard" (BSC)

    A Symnetics que comercializa o sistema BSC no Brasil, revela que, em média, apenas 17% dos funcionários conhecem a estratégia das empresas em que trabalham.  O BSC é uma metodologia desenvolvida na Universidade de Harvard/EUA, para implementar uma determinada estratégia empresarial e medir seu desempenho, através de indicadores. Segundo o jornalista Vicente Vilardaga, as empresas brasileiras estão tentando tirar do papel seus planos estratégicos, através do que está sendo chamado de “administração da estratégia empresarial” ou aplicação  de modelos apropriados do BSC, para transformar metas de longo prazo, em realidade, e medir adequadamente o seu desempenho.


    Cooperativas agropecuárias em fase de industrialização

    Considerando o período 19962001, em três biênios, o faturamento das cooperativas do Paraná teve acréscimos de 4 e 54%, no faturamento, do segundo biênio (1998-1999) e terceiro (2000-2001), em relação ao primeiro (1996-1997), respectivamente, e realizaram investimentos de 23 e 147%.  A radiografia do setor mostra ainda que as cooperativas reduziram-se numericamente em 14% no período, com absorções e associações havidas, e o número de empregados também diminuiu, em 9%, como conseqüência da meca-nização de tarefas e do uso intensivo de automação. Exemplo: com um faturamento de R$ 1,6 bilhão, em 2001, a Cooperativa Agropecuária Morãoense/PR (Coamo) – maior cooperativa da América Latina – investiu na fabricação de óleos vegetais, farinha de trigo, café e margarina, e incluirá maioneses na sua linha industrial. No total, em 60 cooperativas paranaenses que faturaram R$ 7,8 bilhões (2001), R$ 1,17 bilhão foi para as gôndolas dos supermercados, o que representa uma industrialização média de 15%.


    Bionegócio
    As universidades estão cada vez mais se envolvendo em projetos de incubação de empresas de base tecnológica, de captura de carbono e de cursos de MBA para profissionais em diversas áreas, desta forma criando novas áreas de trabalho.  É o caso da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com a assinatura de um contrato com a Gazeta Ambiental&Social (Gas) – Gestora de Negócios Sócioambientais.


    Parceria Embrapa/Abrasem em forrageiras
    O plano de trabalho para 2002, decorrente do contrato referenciado, objetiva a criação e testes de cultivares de forrageiras dos gêneros Brachiaria, Pennisetum, Panicum, Paspalum, Stylosantes, Arachis, Medicago, Leucena, Cajanus e Cratylia. O trabalho cooperativo de experimentação dos novos materiais será realizado, na sua parte prática, pelos produtores de sementes de forrageiras, integrantes do Grupo de Pesquisa e Melhoramento de Forrageiras (Unipasto).


    “Os caminhos da agricultura “Os caminhos da agricultura brasileira”
    Este é o livro de autoria de Benedito Rosa do Espirito Santo, titular da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. 
    Entre os dados de interesse constantes nesse livro, está uma comparação dos itens de custo da produção de milho cultivado com alta tecnologia (6.000 Kg/ha) e pela forma tradicional (2.700 Kg/ha). 
    A favor da cultura de alta tecnologia, o custo com fertilizantes e defensivos é, em média, menor em 59%, do que o sistema utilizado na cultura tradicional; sementes, menos 50%; e despesas diversas, menos 44%.  Somente perde, por 8% para o sistema convencional, no serviço de máquinas e implementos.   Em resumo, a produção de um quilograma de milho, pelo sistema convencional sai 25% mais caro, face ao nível de tecnologia empregada, frente a produtividade das lavouras de alta tecnologia.

    Mamona vem a tona 
    Concentrado o seu cultivo na Bahia, com cerca de 139.000 hectares (média 00/01 e 01/02), a expansão da cultura da mamona surge como uma possibilidade, na parceria entre a Embrapa, Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) e a empresa francesa Atofina, para a criação de novas variedades ou cultivares, objetivando alargar a base genética dos materiais cultivados no Brasil e obter resistência a doença fúngica “podridão de carvão” que alterna com uma fusariose, como problema nas lavouras.
    Produzir óleo de melhor qualidade também é muito importante.
    Os primeiros híbridos de mamona provenientes do Centro de Pesquisa da Atofina, localizado na Costa Rica, foram plantados em janeiro último, em Irecê/BA, para testes. 
    Como insumo, a mamona está sendo utilizada, além da extração de óleo, para a fabricação de tubos resistentes a altas pressões (prospeção de petróleo), tintas, isolantes, desinfetantes, colas e próteses ósseas.

    Financiamento à agroindústria pelo BNDES
    Na soma dos recursos liberados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, no triênio 1999-2001, de R$ 4,771 bilhões, 65% foram para a indústria de carnes, 12% para o setor sucroalcooleiro e 8% para o processamento de grãos; os restantes 10% destinaram-se à laticínios, ao café e cacau.  Em 2001, dos R$ 4,8 bilhões liberados pelo BNDES, 55% foram parar na agroindústria, o que mede, de certa forma, a prioridade dada ao setor.

    Por serem desvendados os mistérios genéticos do café
    É o que prometem os cientistas brasileiros que iniciaram um grande trabalho, naquele sentido, sob a égide do Projeto Genoma EST – Café. Decifrar o código genético do café, ou estabelecer sua constituição genética total, significa poder avaliar a relação entre as plantas, as doenças e as pragas, bem como os efeitos da seca, do frio, da geada e outros fatores  sobre os cafezais.
    E daí introduzir novas fontes de resistência a estas e outras adversidades, comuns no Brasil. O resultado mais esperado desse trabalho, entre outros, é o de reduzir o custo da produção com agroquímicos entre 50 a 100%, através da criação de novas cultivares de café, dentro dos próximos 15 anos (o método convencional leva 25/30 anos).

    Como cresceu o lucro da DuPont 
    Depois de ter demitido 5.500 empregados (ano passado) e aumentado as vendas de sementes e da melhoria havida na comercialização de agroquímicos, a empresa teve um lucro inesperado, no primeiro trimestre deste ano. Suas ações valorizaram 8,5%.
    Segundo analistas do mercado, esta performance foi grandemente ajudada pela sua subsidiária, a Pioneer Hi-Bred International – a maior empresa mundial da área de sementes.
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