Edição genética desenvolve variedade de tomate que demanda muito menos espaço para seu cultivo
Este avanço biotecnológico permite maior produção em menos espaço, abrindo novas oportunidades para a agricultura urbana sustentável. De fato, os resultados superaram as expectativas: a nova variedade reduziu o espaço necessário em 85%, encurtou o ciclo de colheita em 16% e aumentou o rendimento da produção em 180%, tudo isso com menor consumo de energia e eficiência significativamente maior por metro quadrado de terra cultivada.
Um grupo de cientistas chineses desenvolveu uma variedade de tomate geneticamente editada capaz de reduzir em 85% o espaço necessário para cultivo em sistemas agrícolas verticais. Isso representa um avanço fundamental para a segurança alimentar em ambientes urbanos e para o uso mais eficiente dos recursos naturais.
A inovação, publicada no Journal of Integrative Plant Biology em maio deste ano, foi liderada por pesquisadores do Instituto de Genética e Biologia do Desenvolvimento (IGDB) da Academia Chinesa de Ciências, em conjunto com o Laboratório Nacional de Yazhouwan. Este desenvolvimento demonstra como a edição genética possibilita a adaptação de culturas como o tomate — tradicionalmente difíceis de cultivar em espaços reduzidos — para a produção em estruturas verticais controladas.
A agricultura vertical, também conhecida como "fábricas de plantas", permite o cultivo de alimentos em estruturas fechadas, em camadas e com iluminação artificial, reduzindo drasticamente o uso de terra, água e pesticidas. Sua aplicação está se tornando cada vez mais relevante diante de desafios globais como as mudanças climáticas, a urbanização acelerada e a perda de terras aráveis.
A equipe científica editou um dos vários genes associados à biossíntese de giberelinas, um fito hormônio que controla o crescimento do caule e da raiz. Isso, combinado com outros genes do tomateiro que aceleram a floração e sincronizam o amadurecimento dos frutos, resultou em plantas compactas, de caule curto e com colheitas mais rápidas, ideais para sistemas de cultivo intensivo em pequenos espaços.
Os resultados superaram as expectativas: além de reduzir o espaço necessário em 85%, a nova variedade encurtou o ciclo de colheita em 16% e aumentou o rendimento da produção em 180%, tudo isso com menor consumo de energia e maior eficiência por metro quadrado cultivado.
“A otimização significativa do espaço necessário para o cultivo de tomates não é apenas uma conquista técnica; é um exemplo concreto do poder transformador da biotecnologia agrícola e da edição genética. Esses tipos de inovações são fundamentais para avançar em direção a sistemas alimentares mais eficientes e sustentáveis, adaptados à realidade urbana e climática do século XXI”, afirmou o Dr. Miguel Ángel Sánchez, Diretor Executivo da ChileBio.
Os pesquisadores enfatizam que as vias genéticas utilizadas nesse desenvolvimento estão presentes em muitas outras espécies de plantas, o que facilitaria a extensão desse modelo a uma ampla gama de hortaliças. Isso abre caminho para uma nova geração de culturas projetadas especificamente para ambientes urbanos sustentáveis e resilientes.