A startup israelense BetterSeeds está usando a edição de genes para controlar a arquitetura e o crescimento indeterminado do feijão-fradinho, permitindo assim sua colheita mecanizada em larga escala. A ideia é que sementes melhoradas da espécie sejam plantadas nos Estados Unidos já na primavera deste ano do hemisfério norte, de forma a testar seu potencial para o cultivo em larga escala.

   O feijão-fradinho, também chamado de robalo ou feijão-caupi, é a cultura mais antiga conhecida pelo homem. Devido ao seu alto teor de proteína, tolerância ao calor e consumo altamente eficiente de água e fertilizantes, é uma leguminosa extremamente sustentável e com enorme valor nutricional e agronômico.

   A soja, a leguminosa mais cultivada, requer grandes quantidades de água e fertilizantes e só cresce bem em climas temperados, portanto, espera-se que seus rendimentos diminuam 30% na próxima década devido ao aquecimento global. Assim, o feijão-caupi, como alimento sustentável e fonte de proteína vegetal, é uma das principais leguminosas candidatas a compensar a falta de rendimento da soja devido às mudanças climáticas.

   No entanto, o feijão-fradinho só pode ser colhido manualmente em pequena escala devido ao seu difícil manejo, impedindo o plantio em escala. Naturalmente, a planta se espalha indeterminadamente pelo solo, trazendo um crescimento gradual de vagens, sendo esta a condição que apenas permite sua colheita manual. 

   Com o redesenho proposto pela BetterSeeds, o feijão-fradinho passa a ser uma planta determinada e ereta, além de proporcionar o aparecimento simultâneo das vagens. Dessa forma, é possível que este seja colhido por colheitadeira, tal como a soja. A novidade pode permitir mais versatilidade aos agricultores, que podem variar as culturas e usar suas terras o ano todo, ao mesmo tempo em que garantem ao mercado um fornecimento sustentável de proteína vegetal. 

   A diretora-executiva da BetterSeeds, Ido Margalit, destaca que esta aposta na edição do feijão-fradinho é uma estratégia para enfrentar essa possibilidade de desequilíbrio futuro no fornecimento de soja pelas mudanças climáticas: “Se eu tivesse que escolher uma cultura para me concentrar, seria o feijão-fradinho, pois ele tem a capacidade de preencher essa lacuna. O feijão-fradinho ajudará a alimentar o mundo”.