
Trigo sem glúten pode começar a ser plantado em 2027
Instituição de pesquisa da Espanha desenvolveu uma nova cultivar de trigo incapaz de gerar as proteínas que causam a intolerância ao glúten, por meio de transgenia e edição genética. Paradoxalmente, não será o país ibérico o produtor dessa variedade do cereal, devido às regulamentações da União Europeia, que não permitem tal produção comercial: espanhóis e demais europeus dependerão que outros países cultivem e processem o trigo sem glúten para, depois, importar seus produtos.
Liderado pelo pesquisador Francisco Barro, biólogo graduado pela Universidade de Córdoba e investigador do Instituto de Agricultura Sustentável do Conselho Superior de Investigação Científica (CSIC), o estudo pode ser mudar as vidas de milhões de pessoas que sofrem da doença celíaca e outros distúrbios que levam à intolerância ao glúten.
As responsáveis, segundo os estudos mais recentes, são as gliadinas, proteínas existentes no trigo e que são fundamentais, por exemplo, para a fermentação do pão e para processos importantes nas massas durante a cozedura. São elas as inimigas a serem derrotadas na sequência genética do cereal, já que estariam diretamente ligadas à reação que leva à doença celíaca.
No entanto, a pesquisa é uma reviravolta na pesquisa de Barro. Inicialmente, sua investigação buscava o contrário: aumentar a presença da gliadina de forma a um crescimento na qualidade do pão.
Inicialmente, foi realizada uma interferência de RNA, inibindo a expressão de certos genes, o que resultou em um organismo geneticamente modificado (OGM); porém, a legislação da União Europeia na área é muito rígida. Por isso, foram pensadas alternativas usando o uso de métodos como o CRISPR, que causa um melhoramento genético sem que haja a introdução de genes de outras espécies.
As pesquisas, então, passaram a ser realizadas nos Estados Unidos, no estado de Minnesota. Diversas patentes já foram depositadas pelo CSIC, e é grande a possibilidade de que um trigo para intolerantes ao glúten possa ser cultivado nos próximos anos. Do ponto de vista técnico, seriam necessários mais três ou quatro anos para o lançamento comercial; mas o material ainda precisaria passar por aprovação legal. Em uma previsão otimista, o líder do projeto aponta o ano de 2027 como o primeiro de plantio.
No entanto, tal plantação ocorrerá na América, e não na Europa, local onde a maior parte das pesquisas foi desenvolvida. Devido à restrição legal compartilhada com a comunidade europeia, o país que forjou a tecnologia será mero importador, ficando sujeito à oferta e ao preço definido por outras nações.
Com informações de ChileBIO e Rádio Córdoba.
Subject:Biotecnologia
Author:Equipe SEEDnews
Publication date:25/10/2022 16:05:21