Durante mais uma live da Academia da Semente, iniciativa do engenheiro agrônomo Jonas Pinto, as causas e consequências do rasgo no tegumento de sementes de soja foram o tema do debate. Para isso, a dra. Sheila Bigolin, gerente de qualidade da Sementes Oilema, foi a convidada.

   O rasgo no tegumento vem acontecendo cada vez mais. Segundo Sheila, é algo que se apresentava nos primórdios da cultura, tornando a aparecer agora nas novas cultivares. Por isso, muitas dúvidas acabam surgindo nos produtores, motivo que levou Bigolin a desenvolver sua tese de doutorado nesta temática, voltando uma atenção mais especial ao fenômeno.

   “Quanto mais se estuda, mais pontos surgem na nossa cabeça. Mas conseguimos elaborar dentro de três estudos principais o porquê do rasgo acontecer, uma causa bioquímica e anatômica de como ele reage na semente, um estudo da interação genótipo/ambiente e o quanto esse rasgo efetivamente responde na qualidade da semente, o quanto que isso reduz ou não o potencial de armazenamento de sementes”, aponta Sheila.

   O tegumento de soja é composto por quatro camadas. A primeira dúvida no estudo de Sheila do rasgo era quais as camadas seriam afetadas por ele, descobrindo que as mais externas acabavam mais afetadas, com maior ruptura nas células paliçádicas, que acabam levando as células ampulheta juntas. Nessa dinâmica de formação havia se contemplado onde acontecia o rasgo, geralmente, faltando a busca da causa do fenômeno.

   Nisso, a doutora apontou que, nas sementes que eram propícias ao rasgo do tegumento era possível notar uma deficiência de cálcio, um ponto que reitera a importância do balanço de cálcio no solo. Uma ressalva que Sheila coloca é sobre o genótipo das sementes, que podem influenciar em situações de rasgo, assim como o ambiente, em que situações propícias a rasgo podem não se concretizar. Ainda sobre o ambiente, Bigolin ressalta que, no seu estudo, situações de excesso de água e calor mostraram a maior porcentagem de rasgo.

   Sobre a influência do rasgo na qualidade, a principal pergunta relacionada ao assunto, Sheila reforçou que é possível, sim, produzir uma semente que não perde em deterioração pelo efeito do rasgo. “O rasgo é uma abertura. No entanto, se houver clima adequado para produção de sementes no final da maturação, colhendo a semente no tempo certo, é possível evitar a deterioração e armazená-las de forma eficaz”, diz. “O problema maior é que, por ter essa fissura que permite realizar trocas, a oscilação quando ocorre aumento de umidade vai ser um pouco maior, principalmente na região do rasgo de tegumento, trazendo uma maior deterioração na região e possível perda de qualidade”, aponta.