Esta seção é coordenada pela equipe de professores da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos leitores. Mande sua dúvida para redacao@seednews.inf.br 

    Gostei da matéria sobre patentes, publicada na última SEEDnews, entretanto gostaria que aprofundassem um pouco mais sobre a proteção em si e como fica a situação da isenção do melhorista contemplada na convenção da UPOV.

    Patente é algo que o governo outorga a alguém para comercializar por um determinado período de tempo (em geral 20 anos). Em contrapartida, o dono da patente tem que tornar público como obteve o invento; assim, após o período da proteção, qualquer um pode copiar e também comercializar. Em relação à isenção do melhorista, esta não ocorre com patentes, os trabalhos só podem começar após o fim da patente do processo.

    Estive visitando a região agrícola dos Estados Unidos e vi muitos materiais de trigo, arroz e soja que apresentavam alto potencial de rendimento. Como possuo uma revenda de produtos agropecuários e estou pensando em entrar no negócio de sementes, gostaria de saber se posso importar algumas variedades dos Estados Unidos e produzir e vender as sementes aqui no Brasil. 

    Isto é bastante complexo; primeiro, os materiais que produzem bem nos Estados Unidos podem não produzir bem no Brasil, e para isso é obrigatório, por lei, fazer um teste de Valor de Cultivo e Uso para verificar o desempenho dos materiais. O segundo aspecto diz respeito aos direitos de quem criou e desenvolveu as variedades, o que pode ser resolvido obtendo a licença do obtentor. Outro aspecto, entre muitos, refere-se à importação em si, que envolve quarentena dos materiais e licenças especiais para evitar a entrada de pragas no país.

    Depois de atuar vários anos na área de sementes, estou trabalhando com café. Verifiquei que muitos procedimentos que usava para manter a qualidade das sementes também funcionam bem para manter a qualidade do café, como o aroma, por exemplo. Neste sentido, realizei um estudo com armazenamento a 10ºC e verifiquei que funciona muito bem. Gostaria de saber se o sistema de frio dinâmico também poderia funcionar para o café.

    O sistema de frio dinâmico da empresa Cool Seed funciona para qualquer espécie, desde que o ar consiga passar entre as sementes. Em relação à temperatura de 10ºC, é questão de ajustar o equipamento, entretanto levará um pouco mais de tempo para esfriar toda massa de sementes. 

    As sementes são comercializadas em embalagens de diversos tamanhos e todas possuem algumas informações. Poderiam comentar sobre estas informações?

    Realmente, as sementes são comercializadas em embalagens, que podem ser desde gramas até uma tonelada, como é o caso dos Big Bag. Entretanto, todas devem conter informações mínimas como peso, espécie, variedade, empresa produtora, endereço, além de outras informações sobre o produto e cuidados. Em algumas sementes, como as de milho, a embalagem também informa o número de sementes nela contida. 

    Conheço muitos exemplos em que as sementes de soja são armazenadas a granel em silos não ventilados. Neste caso, mesmo secas (abaixo de 13% de teor de água), há risco de perda de qualidade em regiões de clima frio e úmido?

    As sementes com menos de 13% de umidade respiram pouco e isto facilita o seu armazenamento, pois o calor liberado pela respiração é pequeno. Entretanto, em geral, as sementes armazenadas a granel ainda não foram beneficiadas, o que quer dizer que apresentam materiais indesejáveis como sementes partidas e danificadas que respiram muito. Assim, mesmo em regiões frias, é recomendável aerar as sementes para retirar o calor daqueles locais em que há semente danificada e partida. Quanto à umidade, esta tem importância, pois o ar não passando pelas sementes não irá agregar umidade, uma vez que este é veículo do equilíbrio higroscópico. Outro aspecto é que o ar utilizado na aeração é de baixo fluxo, tendo pouco efeito sobre as relações de umidade entre ambiente e semente.