Consultas

Edição XV | 01 - Jan . 2011
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br

    Esta seção é coordenada pela equipe de professores da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos leitores. Mande sua dúvida para redacao@seednews.inf.br 


    Gostei da matéria central da última SEEDnews sobre secadores de alta capacidade, pois esclarece que as sementes podem ser secas utilizando alta temperatura do ar, desde que a massa de sementes não ultrapasse a 40°C. Pergunto, é possível secar grandes quantidades de sementes utilizando baixa temperatura do ar, digamos menos de 35°C?

    A secagem das sementes é função da velocidade do ar que passa pelas sementes e da umidade relativa do ar. Assim, é possível secar com temperatura do ar inferior a 35°C, desde que a umidade relativa do ar esteja inferior a 40%, para que o equilíbrio higroscópico da semente seja inferior 12-13% de umidade. Em geral, para secar com ar frio e seco, há necessidade de desumidificá-lo. Já existe no mercado secador de alta capacidade e econômico, que utiliza ar frio e seco. 


    Por favor, comente a relação entre proteção de cultivares e patente, pois me parece que são a mesma coisa.

    Há necessidade de se produzir mais por área para atender a população, e, para que isto ocorra, as inovações tecnológicas através de melhores variedades são essenciais. Este processo deve ser dinâmico e quem desenvolve esta inovação deve receber um retorno como incentivo e possibilitar inovações. Neste sentido, os governos criaram um mecanismo para proteger as inovações tecnológicas através de leis de proteção de cultivares e patentes. A proteção de cultivares permite que o melhorista tenha acesso a qualquer material comercial, possa utilizá-lo em seu programa de pesquisa e a nova variedade uma vez criada e desenvolvida possa ser comercializada. Por outro lado, em um material patenteado o acesso pode ser restrito, assim como a permissão para pesquisa, entretanto a comercialização não é permitida, a não ser que haja acordo entre as partes.


    Estou necessitando de dados confiáveis sobre a taxa de utilização de sementes (TUS) comerciais pelos agricultores; onde posso conseguir esta informação?

    A TUS de uma determinada cultura indica o percentual  da área total que é estabelecida com sementes comerciais, ou seja, no caso do Brasil, em que são cultivadas 23 milhões de hectares de soja, com uma TUS de 64%, significa que 16,6 milhões de hectares são cultivados com sementes que foram compradas pelo agricultor. Agora, especificamente respondendo sua pergunta, no Brasil os dados são obtidos de duas fontes: no Ministério da Agricultura se obtém a área total cultivada e nas associações estaduais de sementes se obtém a quantidade de semente vendida. Sabendo a densidade de semeadura calcula-se a TUS. No Brasil, o anuário da ABRASEM é a melhor fonte para obter-se as TUS das principais culturas do país.


    Em relação às sementes de milho, tenho observado uma grande diferença de preço entre as empresas do setor. Essa diferença deve-se à qualidade das sementes?

    A diferença de preço ocorre não somente entre as empresas do ramo como também entre os materiais das próprias empresas. Há exemplos de mais de 15 materiais de uma só empresa em que o preço das sementes pode variar em mais de 100%. A diferença de preço deve-se à qualidade genética das sementes, pois, considerando apenas os híbridos, tem-se os duplos indicados para baixa-média tecnologia, os triplos para média-alta tecnologia e os simples para alta tecnologia. Os híbridos simples valem mais, pois potencialmente produzem mais. Atualmente, com híbridos geneticamente modificados, que tanto beneficio trazem ao agricultor, o preço das sementes sofre um acréscimo.


    Em visita a um produtor de sementes, observei que a sobra de sementes ultrapassava a 10% de sua produção total. Isso é normal?

    A sobra de sementes deve ser considerada no custo da semente, assim, quanto menos sobrar, melhor. O recomendável é não sobrar semente e para isso um processo para verificar a demanda deve ser utilizado, e mesmo assim, como a programação da produção é realizada com mais de um ano de antecedência, problemas de sobra podem ocorrer.

    Para as grandes culturas, uma sobra de até 5% pode ser considerada normal, pois essa semente pode ser utilizada até momentos antes do período de semeadura, no caso de uma necessidade de ressemeadura.    



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