Consultas

Edição XII | 04 - Jul . 2008
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br

Esta seção da revista SEEDnews está sendo coordenada pela equipe da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos leitores. Mande sua dúvida para redacao@seednews.inf.br

 

 

    “Gostei da matéria da última edição da SEEDnews abordando os aspectos positivos de se cobrir uma semente tratada com film coating. Neste sentido, gostaria que explicassem como foi determinado que o processo melhora a distribuição do tratamento na superfície da semente.”

    Consegue-se constatar que o film coating proporciona uma melhor distribuição de um inseticida e/ou fungicida na superfície da semente, através do peso da semente.  Primeiramente, se pesou individualmente 100 sementes de soja, classificadas por largura e

sem cobertura. Após, determinou-se a distribuição do peso. O mesmo foi feito para sementes cobertas somente com fungicida e com sementes cobertas com fungicida e film coating. Os resultados mostraram que sementes cobertas somente com fungicida apresentavam, muitas delas, uma sub ou super dosagem, enquanto as sementes com fungicida e film coating apresentavam distribuição uniforme do recobrimento.

 

    

    “Num lote de sementes constata-se que há sementes grandes e pequenas. Assim, como fica a situação no caso do tratamento de sementes em que todas elas deveriam ser cobertas com a mesma dosagem?”

Realmente, num lote de sementes há uma grande diferença quanto ao tamanho das sementes; em algumas espécies mais do que em outras. Em milho e soja, a diferença é bastante acentuada, fazendo com que as sementes sejam normalmente classificadas e

comercializadas por tamanho. A qualidade do processo de tratamento, em semente classificada, pode ser considerada boa. Entretanto, quando a diferença de tamanho é grande, a qualidade do processo fica comprometida, pois como os produtos para tratamento de

sementes são indicados por peso, quando se trata 100 kg de sementes, as de tamanho pequeno receberão menos produto do que as grandes, por possuírem menos superfície para recobrimento. Desta forma, a classificação das sementes para o processo de tratamento é

essencial.

 


    “Tenho escutado com freqüência que materiais híbridos produzem muito mais do que as variedades convencionais. É isto uma grande verdade, ou irá depender de muitos fatores?”

    Os híbridos, em geral, produzem muito mais do que as variedades convencionais, entretanto isso irá depender do grau de heterose do híbrido e da espécie. Para milho, por exemplo, o aumento pode ser superior a 100%, quando se compara um híbrido simples com uma variedade. Contudo, será menos de 100% na comparação de um híbrido duplo de milho com uma variedade. Por outro lado, em arroz, um híbrido pode produzir 30% a mais do que uma variedade, e isso ainda é bastante atrativo para o agricultor. Já para trigo, os ganhos de produtividade com híbridos estão na faixa de 5 a 10%, o que deixa de ser atrativo.

 


    “Gostaria que me explicassem o que deve ser feito para que uma variedade ou híbrido possam ser comercializados?”

    Para evitar que materiais de baixo desempenho sejam colocados no mercado, podendo acarretar sérios prejuízos para o agricultor, há procedimentos que devem ser adotados antes que um material seja comercializado. O material deve ser registrado e, para isso, o obtentor apresenta os resultados de pesquisa referentes aos valores de cultivo e uso (VCU), que podem variar de espécie para espécie. Para as grandes culturas é um tipo de VCU, e para as forrageiras outro. Além do registro de uma variedade, é essencial para o comércio, o obtentor também poderá proteger a variedade e, assim, evitar que as sementes de sua variedade tornem-se de domínio público.

 




    “Seria possível que me fornecessem um bom exemplo de variedade essencialmente derivada (VED), pois estou com dificuldade de entender este assunto.”

Uma VED é aquela que deriva de uma outra, como o próprio nome está dizendo. Na prática, porém, caracterizar a situação é um pouco difícil, pois, a propósito, a International Seed Federation, diretamente interessada no assunto, está discutindo detalhes há 20 anos. Agora, um exemplo pode ser dado: o caso do Brasil, onde muitas variedades de soja de alto desempenho agronômico receberam o gen que propicia a tolerância ao herbicida glifosato, e essas novas variedades são consideradas VED.

 


    “Assisto com freqüência a palestras nas quais é mencionada a taxa de utilização de sementes (TUS) para uma determinada região, afinal pensei que todos agricultores utilizem sementes para seus cultivos. Podem me explicar o que é TUS?”

    Evidentemente, o agricultor usa algum tipo de material para estabelecer seu cultivo; entretanto, se considera como semente apenas quando utiliza material oriundo de um produtor de semente. Assim, a TUS é o percentual do uso de sementes em relação ao total da área cultivada.

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