Esta seção da revista SEEDnews está sendo
coordenada pela equipe da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas,
objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos leitores. Mande sua
dúvida para redacao@seednews.inf.br
“Gostei
da matéria da última edição da SEEDnews abordando os aspectos positivos de se
cobrir uma semente tratada com film coating. Neste sentido, gostaria que explicassem
como foi determinado que o processo melhora a distribuição do tratamento na
superfície da semente.”
Consegue-se constatar que o film coating
proporciona uma melhor distribuição de um inseticida e/ou fungicida na
superfície da semente, através do peso da semente. Primeiramente, se pesou individualmente 100
sementes de soja, classificadas por largura e
sem cobertura. Após, determinou-se a
distribuição do peso. O mesmo foi feito para sementes cobertas somente com
fungicida e com sementes cobertas com fungicida e film coating. Os resultados mostraram
que sementes cobertas somente com fungicida apresentavam, muitas delas, uma sub
ou super dosagem, enquanto as sementes com fungicida e film coating
apresentavam distribuição uniforme do recobrimento.
“Num lote de sementes constata-se que
há sementes grandes e pequenas. Assim, como fica a situação no caso do tratamento
de sementes em que todas elas deveriam ser cobertas com a mesma dosagem?”
Realmente, num lote de sementes há uma
grande diferença quanto ao tamanho das sementes; em algumas espécies mais do
que em outras. Em milho e soja, a diferença é bastante acentuada, fazendo com
que as sementes sejam normalmente classificadas e
comercializadas por tamanho. A qualidade
do processo de tratamento, em semente classificada, pode ser considerada boa.
Entretanto, quando a diferença de tamanho é grande, a qualidade do processo fica
comprometida, pois como os produtos para tratamento de
sementes são indicados por peso, quando se
trata 100 kg de sementes, as de tamanho pequeno receberão menos produto do que as
grandes, por possuírem menos superfície para recobrimento. Desta forma, a
classificação das sementes para o processo de tratamento é
essencial.
“Tenho escutado com freqüência que
materiais híbridos produzem muito mais do que as variedades convencionais. É
isto uma grande verdade, ou irá depender de muitos fatores?”
Os híbridos, em geral, produzem muito mais
do que as variedades convencionais, entretanto isso irá depender do grau de
heterose do híbrido e da espécie. Para milho, por exemplo, o aumento pode ser superior
a 100%, quando se compara um híbrido simples com uma variedade. Contudo, será
menos de 100% na comparação de um híbrido duplo de milho com uma variedade. Por
outro lado, em arroz, um híbrido pode produzir 30% a mais do que uma variedade,
e isso ainda é bastante atrativo para o agricultor. Já para trigo, os ganhos de
produtividade com híbridos estão na faixa de 5 a 10%, o que deixa de ser
atrativo.
“Gostaria que me explicassem o que
deve ser feito para que uma variedade ou híbrido possam ser comercializados?”
Para evitar que
materiais de baixo desempenho sejam colocados no mercado, podendo acarretar
sérios prejuízos para o agricultor, há procedimentos que devem ser adotados
antes que um material seja comercializado. O material deve ser registrado e,
para isso, o obtentor apresenta os resultados de pesquisa referentes aos
valores de cultivo e uso (VCU), que podem variar de espécie para espécie. Para
as grandes culturas é um tipo de VCU, e para as forrageiras outro. Além do
registro de uma variedade, é essencial para o comércio, o obtentor também poderá
proteger a variedade e, assim, evitar que as sementes de sua variedade
tornem-se de domínio público.
“Seria
possível que me fornecessem um bom exemplo de variedade essencialmente derivada
(VED), pois estou com dificuldade de entender este assunto.”
Uma VED é aquela que deriva de uma outra,
como o próprio nome está dizendo. Na prática, porém, caracterizar a situação é
um pouco difícil, pois, a propósito, a International Seed Federation,
diretamente interessada no assunto, está discutindo detalhes há 20 anos. Agora,
um exemplo pode ser dado: o caso do Brasil, onde muitas variedades de soja de
alto desempenho agronômico receberam o gen que propicia a tolerância ao
herbicida glifosato, e essas novas variedades são consideradas VED.
“Assisto
com freqüência a palestras nas quais é mencionada a taxa de utilização de sementes
(TUS) para uma determinada região, afinal pensei que todos agricultores
utilizem sementes para seus cultivos. Podem me explicar o que é TUS?”
Evidentemente,
o agricultor usa algum tipo de material para estabelecer seu cultivo; entretanto,
se considera como semente apenas quando utiliza material oriundo de um produtor
de semente. Assim, a TUS é o percentual do uso de sementes em relação ao total
da área cultivada.