Esta seção da revista SEEDnews está sendo coordenada pela equipe da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos leitores. Mande sua dúvida para redacao@seednews.inf.br

 

    “Considerando que o sucesso de um programa de fito melhoramento é a variabilidade genética disponível, a lei de proteção de cultivares permite que o melhorista utilize material

    Realmente, os melhoristas podem entrar em campos de produção de terceiros e coletar uma amostra de sementes de um material superior e utilizar em seu programa de melhoramento. Isso significa que em alguns anos após haverá uma cultivar que possuirá, entre outras características, aquela proveniente do material superior coletado num campo de produção comercial. Isto beneficia a sociedade, aumentando a competitividade com a introdução de material superior com maior frequência. Em relação a evento patenteado, o melhorista não possui permissão para utilizá-lo livremente em seu programa de melhoramento, havendo lei específica para tal.

    “Em nosso portfólio, possuímos mais de 10 cultivares de soja para atender aos nossos clientes e neste ano uma das cultivares apresentou baixo percentual de germinação, fazendo com que não pudéssemos atender de forma condizente nossos clientes. É possível que esta cultivar possua característica tal que sua semente apresente normalmente baixa qualidade fisiológica?”

    A qualidade fisiológica das sementes é função de vários fatores, alguns deles estreitamente relacionados com características genéticas, fazendo com que em algumas cultivares seja fácil produzir sementes, enquanto em outras seja difícil. Em seu caso, provavelmente a cultivar apresente algum atributo, de forma que seja mais difícil produzir sementes, como a espessura e composição do tegumento, capacidade de absorção de água, entre outras características. Obter sementes de alta qualidade fisiológica de variedades com atributos desfavoráveis para a semente é tarefa que requer utilização de alta tecnologia na condução do campo, de colheita, secagem, beneficiamento e armazenamento de sementes.

 

 

    “Fui encarregado pela empresa em identificar possíveis locais de armazenamento para nossas sementes de milho, para assim estarmos mais perto de nossos clientes no momento da distribuição. Neste sentido, gostaria de ter alguns parâmetros

    É uma boa ideia ter um local de armazenamento próximo aos agricultores que irão utilizar a semente, pois as sementes de milho, em geral, são disponibilizadas aos agricultores via casas agropecuárias, que normalmente não possuem bons locais de armazenamento. Assim, a empresa deve providenciar esta facilidade. Seria importante planejar o  armazenamento por 18 meses, pois caso alguma semente sobre para o ano seguinte, manterá sua alta qualidade. Sugere-se que a umidade das sementes esteja entre 12-13% em um armazém com controle de temperatura ao redor de 20°C e umidade relativa de 50-60%. Essa recomendação é para sementes de milho, presumindo-se que possuam alta qualidade fisiológica inicial.

    “Somos produtores de sementes de soja há vários anos e temos regularmente problemas de distribuição de sementes aos nossos clientes, pois nossas sementes são produzidas de julho a outubro e a semeadura de nossos clientes começa em novembro, sendo o tempo de preparo e distribuição das sementes muito pequeno. Assim, gostaria de saber quanto a semente de soja perde na qualidade fisiológica quando armazenada de abril-maio a outubro-novembro?”

    De fato, sua empresa trabalha com uma margem muito pequena para preparo, avaliação e distribuição das sementes, sendo aconselhável identificar outras alternativas de produção, como essa de utilizar as sementes produzidas durante o verão com colheita entre abril-maio. Neste sentido, em condições normais e subtropicais de Brasil, a germinação das sementes diminui entre dois a três pontos percentuais em lotes de sementes que apresentam germinação inicial superior a 85%. Sementes de alta qualidade armazenam bem em condições

ambientais normais por períodos de oito meses.

 

    “Estive lendo a matéria sobre algodão Bt, em que se recomenda a utilização de um refúgio, ou seja, uma área que deve ser cultivada com algodão convencional. Como nessa área vai-se produzir provavelmente menos e com maior custo,

    O algodão Bt é para controle de inseto (algumas espécies) e como estes possuem uma grande variabilidade genética, mesmo dentro de uma só espécie, provavelmente alguns serão resistentes à toxina do algodão Bt. Para não aumentar essa população, se utiliza o refúgio, no qual os insetos resistentes se cruzarão com os suscetíveis, resultando em filhos suscetíveis à toxina, não aumentando, assim, a população de insetos resistentes e proporcionando um uso permanente desta tecnologia que tanto benefício traz para a cotonicultura.