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Edição XI | 02 - Mar . 2007
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br
    Esta seção da revista SEEDnews está sendo coordenada pela equipe da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos leitores. Mande sua dúvida para redacao@seednews.inf.br
 
    “Apreciei a matéria central da última edição da SEEDnews sobre a arte de se obter grandes acordos na área de sementes. O autor foi feliz ao abordar o assunto e comentar a participação de cada segmento que atua na cadeia do negócio sementes para se alcançar um equilíbrio que satisfaça a todos. A propósito, gostaria que comentassem sobre as diferenças de interesse e posições.”
    Realmente, vários são os atores envolvidos na cadeia do negócio sementes em qualquer parte do mundo e todos querem ter sucesso em suas atividades. Assim, é fácil entender que pode haver conflito de posições, mesmo que o interesse seja igual. Para ilustrar, há consenso de que o interesse de todos é que haja maior taxa de utilização comercial de sementes e para isso deva-se pagar royalties para os obtentores das novas cultivares, entretanto a posição de cada um sobre esse assunto muitas vezes não é a mesma, principalmente quanto à grandeza ou forma de pagamento do royalty.
 


    “A qualidade de uma semente ou de uma cultivar é algo que sempre tive como essencial para o sucesso de um atividade quer seja de uma lavoura ou de uma empresa de sementes. Solicito uma opinião a respeito, pois tenho escutado que nem sempre é assim.”
    Em termos de qualidade, a empresa que não tiver sementes de alta qualidade está com baixo potencial de vida. Entretanto, isto não quer dizer que para manter-se no mercado não possa também oferecer lotes de sementes com qualidade inferior a um preço mais baixo, como é o caso de sementes de forrageiras com baixa percentagem de pureza. Por outro lado, há situações em que o agricultor usa tão baixa tecnologia de cultivo, que materiais de ponta não são indicados, como é o caso de um agricultor que planta 2-3 sementes de milho por cova, não aduba e colhe tarde, para o qual o milho híbrido simples não é indicado. Todavia, é bom ressaltar que isso constitui exceção e não a regra.


 
    “Bancos de germoplasma são importantes para manter em condições seguras as sementes que poderão solucionar problemas no futuro. Tenho entendido que a maioria dos países em que a agricultura é importante possui bancos de germoplasma. Gostaria de saber como estas sementes são mantidas e qual a frequência da avaliação da qualidade?”
    De fato, os bancos de germoplasma são uma ótima fonte de reserva para melhorarmos as nossas cultivares, e praticamente todo país com um agronegócio importante possui um banco de germoplasma. Nestes bancos as sementes são armazenadas em embalagens (impermeáveis) com, em geral, 2000 sementes em condições de -5oC temperatura e com umidade inferior a 7%. Nestas condições, as sementes mantêm sua viabilidade por 20 anos; entretanto, isso pode variar entre as espécies, pois algumas são de vida curta (cebola), enquanto outras são de vida longa (arroz).

 


    “A possibilidade de ter-se duas safras de milho por ano aumenta a renda do agricultor, mas isso pode conflitar com o cultivo da soja e com o sistema de rotação de culturas. Como o agricultor pode superar estes inconvenientes?”
    Sabe-se que o plantio de milho, em solo recentemente cultivado com esta mesma cultura, pode apresentar problemas sérios de doenças. Assim, é recomendável fazer rotação com o cultivo da soja, que já incorpora nitrogênio ao solo e evita o problema da doença. Para isso, como as cultivares de soja são divididas em variedades de ciclo precoce, médio e tardio, o agricultor que desejar fazer o cultivo do milho após a soja deverá utilizar-se de cultivares de ciclo precoce. Essa é uma das razões da grande procura de sementes de soja de cultivares de ciclo precoce.
 


    “No agronegócio, o governo possui importantes funções, quer no sistema creditício, infra-estrutura, legislativo, entre outros. Poderiam explicar como o governo pode ajudar para que o uso de materiais GM seja facilitado e a população possa se beneficiar com o seu produto?”
    O governo possui importantíssima função no agronegócio, como em outras áreas também. No caso específico dos materiais GM, o aspecto legislativo se sobrepõe, pois numa sociedade os atores podem ter posições conflitantes, mesmo que os interesses sejam  similares. No Brasil, o uso de materiais GM ainda caminha a passos lentos, de tal forma que, muitas vezes, os agricultores, na ânsia de utilizar algo melhor, fazem importações de materiais globalizados, que ainda não possuem permissão de uso no país.
 


    “No processo de limpeza e qualificação de sementes, muitos materiais indesejáveis são removidos do meio do lote de sementes, fazendo com que uma quantidade de material original não possa ser vendida como semente. Gostaria que comentassem qual é a grandeza desta perda.”
    As sementes de alta qualidade possuem pouco material indesejável, com pureza, em geral, acima de 99%. Para isso, passam por diversas máquinas, em que cada uma remove um tipo de material indesejável. É difícil quantificar a perda da limpeza e classificação de  sementes, entretanto, pode-se assumir que para cada 1% de material indesejável perde-se de 2 a 4% de material desejável. Grandes perdas não pressupõem, necessariamente, um lote de sementes de alta qualidade.


 


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