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Edição X | 05 - Set . 2006
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br
    Esta seção da revista SEEDnews está sendo coordenada pela equipe da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras dúvidas enviadas pelos leitores.
 

    Li seu artigo “Embalagem para sementes”, publicado na revista SEEDnews mar/abr 2003. Gostaria de saber se existem normas sobre o que especificamente deve conter em uma embalagem de sementes no que diz respeito a informações sobre o produto?
    As sementes são praticamente todas comercializadas em embalagens, que podem ser de diferentes tipos e tamanhos. As informações que constam nas embalagens variam de país para país ou de estado para estado. Entretanto, algumas podem ser consideradas essenciais, como o nome e endereço de quem produziu a semente, o peso da embalagem, a espécie e cultivar, a categoria da semente e a qualidade, como germinação e pureza. Em geral, a qualidade da semente é informada através de uma etiqueta que pode ser colada ou costurada na embalagem.


 


   Os incrementos na produtividade e na qualidade dos cultivos podem ser facilmente constatados nos últimos anos, e isso relacionado com a possibilidade de proteção no desenvolvimento e criação de novos cultivares. Neste sentido, apreciaria se comentassem que tipo de proteção pode ser obtida por um novo cultivar.
    Pode-se obter a proteção legal de um cultivar ou híbrido de praticamente três maneiras: através das convenções da UPOV (União Internacional para Proteção de Obtenções Vegetais) de 1978 ou 1991 e através de patentes. A proteção através da convenção da UPOV de 1978 é considerada fraca por proteger o material somente até a semente e permitir que o agricultor guarde seu próprio material para semeadura sem pagar nada ao melhorista. Por outro lado, a proteção através da convenção da UPOV de 1991 já é melhor, por proteger o material até o produto comercial; enquanto a patente é a proteção mais robusta, por não permitir o uso da semente salva e a proteção ir até o produto comercial, entre outras características.  Gostaríamos de enfatizar que até os híbridos, que possuem uma proteção natural, são agora também protegidos, devido à possível pirataria das linhas parentais e a possibilidade da produção de sementes sintéticas.

 


    A produtividade dos híbridos de milho é realmente incontestável, porém tenho escutado que a produção de sementes destes materiais é baixa. Poderiam comentar a respeito?
    Tomando como exemplo a produção de sementes de um híbrido simples de milho, que envolve duas linhas puras, a produção de sementes raramente alcança 2t/ha, enquanto estas, quando semeadas, produzem facilmente mais de 10t/ha. Assim, as empresas quando desenvolvem seus materiais testam, entre outros atributos, a capacidade de produção de sementes de seus materiais - isso para que as sementes tenham um menor custo possível. Nestes tempos, em que a concorrência é grande, o preço da semente pode ser o diferencial.

 


    Na última edição da SEEDnews foi apresentada uma tabela com o número de acessos para feijão, milho, trigo, arroz e outras espécies, que surpreende pelo número em cada uma, fazendo com que a gente se tranquilize em termos de variabilidade genética
dentro de cada espécie. Seria possível saber o que está sendo feito para não se perder tão valioso material?
    Os acessos, que representam ao redor de 2.500 sementes, são guardados em bancos de germoplasma que os países possuem; no entanto, a maior parte está em bancos de germoplasma mantidos por Centros Internacionais de Agricultura, que podem ser considerados públicos. Algo que merece registro é a preocupação mundial com a possibilidade de os bancos de germoplasma serem danificados por movimentos terroristas  ou dificuldade de manutenção devido à necessidade do uso de baixíssimas temperaturas. Neste sentido, está sendo disponibilizado o armazenamento de germoplasma nas ilhas Swalbard, no Pólo Norte, local de difícil acesso e onde a temperatura é próxima a -10°C o ano inteiro. Esse local é conhecido como Permafrost.

 


    Acompanhando os grandes avanços em ciência e tecnologia nos últimos anos, gostaria de saber como estão indo os progressos da  biotecnologia para incorporação de atributos benéficos à qualidade das novas variedades de sementes?
    Vários são os centros de pesquisa que estão trabalhando neste sentido, principalmente com soja, em que o problema de qualidade é notório. Estima-se que a médio prazo muitos materiais terão um aumento natural (fisiológico) da qualidade de suas sementes. Em soja, há
trabalhos bastante adiantados visando a incorporação do caráter de dureza às sementes, minimizando, assim, o processo de deterioração de campo.

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