Consultas

Edição X | 02 - Mar . 2006
Equipe SEEDnews-seednews@seednews.inf.br
    Esta seção da revista SEEDnews está sendo coordenada pela equipe da área de sementes da Universidade Federal de Pelotas, objetivando esclarecer as inúmeras  dúvidas enviadas pelos leitores.
 
    Estou com dificuldades para implementar a recomendação de realizar o tratamento das sementes apenas momentos antes da semeadura. No momento, realizo o processo logo após o beneficiamento. Neste sentido, pergunto: qual é o inconveniente de se tratar as sementes com fungicida seis meses antes da semeadura?
    O tratamento das sementes com fungicida, com certeza, será benéfico para as sementes durante o armazenamento. Entretanto, caso não sejam destinadas para semeadura, deverão ser descartadas, de tal forma que não sejam utilizadas para alimentação ou fins industriais. Assim, o tratamento logo após o beneficiamento das sementes possui o risco comercial em caso de não se vender as sementes.

 


    Observei que a SEEDnews, além das excelentes matérias, ainda possui essa ferramenta maravilhosa que é o “tiradúvidas”. Assim, gostaria de saber quais os microorganismos que mais infectam a germinação de sementes, tanto no campo como no laboratório e, em especial, os fungos.
    Como é de seu conhecimento, a microflora associada à semente é muito variável. Esta variação pode ser devida a uma série de fatores. Entre eles, destacam-se a espécie e  variedade. Assim sendo, os fungos que podem ser encontrados em sementes de soja são de

espécies diferentes daqueles detectados em sementes de milho, por exemplo. Assim sendo, vamos lhe dar os nomes dos principais fungos que ocorrem associados às sementes de algumas espécies cultivadas e que causam redução da capacidade germinativa das sementes. Em soja, temos Phomopsis sojae, Colletotrichum dematium, diferentes espécies de Fusarium, Sclerotinia sclerotiorum e Rizoctonia solani. Em feijão, ocorrem os fungos Colletotrichum lindemuthianum, Macrophomina phaseolina e diferentes espécies de Fusarium. Em millho, além de diferentes espécies de Fusarium, temos as Diplodias (maydis e macrospora); em trigo, há a Giberella (Fusarium) e Biploaris, Dreschlera; e, em arroz, os mais comuns são diferentes espécies de Fusarium e de Helminthosporium (Dreschlera), Gerlachia oryzae e Triccoconiella padwikii.

 


    Poderiam comentar qual o inconveniente em se ter lotes de sementes de soja ou mesmo arroz e trigo de 20 t, pois para a minha situação, quanto maior o lote de sementes, melhor. Assim, terei menos análises de qualidade para fazer e, no momento da distribuição, posso fazer um melhor controle.
    Um lote de sementes se caracteriza por ser homogêneo dentro de certos limites toleráveis. Caso não seja assim, a amostragem que se realiza para determinar a qualidade do lote, não será representativa. No teste de germinação se utilizam 400 sementes, que irão representar as sementes do lote inteiro (milhões de sementes). Desta maneira, não é aconselhável que o lote seja muito grande, pois quanto maior o tamanho, menor a homogeneidade.
 


    Tenho escutado bastante sobre sementes transgênicas, e algumas das conversas foram sobre sua capacidade de germinarem. Fiquei com a percepção de que sementes transgênicas, uma vez colhidas, não germinam, ou seja, são estéreis. O que poderiam dizer a respeito?
    Como qualquer coisa nova, as sementes transgênicas também receberam atenção do mundo inteiro. Algumas pessoas menos preparadas emitiram as mais diversas opiniões sobre o desempenho delas. Para se ter uma ideia do absurdo desta afirmação, é só perguntar aos agricultores, pois no Brasil se cultivam mais de 10 milhões de hectares com soja transgênica e boa parte é com semente salva, ou seja, colhe-se a semente e guarda-se para a safra seguinte.

 

    Gostei do artigo sobre o teste de tetrazólio para sementes de braquiária,bastante ilustrativo e rápido para ser utilizado. Entretanto, observei que os valores do teste de tetrazólio são um pouco mais altos do que o teste de germinação. Poderiam comentar a respeito?
    O teste de tetrazólio já tem mais de 50 anos, tempo suficiente para comprovar a sua estreita relação com a qualidade fisiológica das sementes. Como os testes são realizados em diferentes sementes, os resultados não são iguais e tendem a ser um pouco superiores no de tetrazólio, devido ao fato de os efeitos da dormência e da sanidade das sementes não se manifestarem no teste. É um teste indicado para avaliação rápida da qualidade fisiológica das sementes.
 


    Sei que o azevém possui uma grande função na alimentação de bovinos e ovinos em várias partes do mundo. Tenho entendido que ele é de polinização cruzada, mas há variedades e híbridos disponíveis no mercado. Poderiam falar sobre a pureza varietal dos materiais?
    Realmente, há híbridos de azevém que possuem um alto desempenho, porém, no Brasil, este material ainda não está disponível. Em relação à pureza varietal de uma variedade, pode-se afirmar que o material disponível no mercado possui um alto grau de heterose, entretanto, bem inferior ao de um híbrido. A pureza varietal somente será alta em locais em que há um programa de sementes com manutenção de cultivares.
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